Filme que ficará para a posteridade independente da avaliação rasteira por boa parte do público e da crítica, Mãe! brilha por sua provocação e por sua falta de padrões, qualidades que, ao contrário do que se percebe na banalização do exercício da crítica de cinema, não deveriam ser tratadas como deméritos e sim como grandes qualidades. Darren Aronofsky, que fez o filme que bem entendeu, pouco se preocupando com o que qualquer pessoa (estúdio, público, crítica) acharia ou não de seu trabalho, restaura nossa fé não na realização de um cinema pretensioso, mas sim livre, autêntico e convicto. Rico em análises, o longa pode ser visto como uma releitura de questões bíblicas, como a via crucis do que é ser uma mulher sem voz em um mundo dominado por homens ou como o retrato do lado mais obscuro do amor, onde nos doamos e nos anulamos tanto que, ao fim, o que resta é simplesmente arrancar nossos corações para seguir em frente. E por que não colocar drama, suspense, guerra, metáforas, hipérboles e literalmente todo o universo dentro de uma casa para discutir tudo isso? Cinema que divide plateias, Mãe! terá o tempo ao seu lado, sendo lembrada infinitamente mais do que obras unanimemente premiadas mundo afora. Ainda disputavam a categoria: La La Land: Cantando Estações, Logan, Manchester à Beira-Mar e Personal Shopper.
EM ANOS ANTERIORES: 2016 – Carol | 2015 – Mad Max: Estrada da Fúria | 2014 – Relatos Selvagens | 2013 – Gravidade | 2012 – Precisamos Falar Sobre o Kevin | 2011 – Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 | 2010 – Direito de Amar | 2009 – Dúvida | 2008 – WALL-E | 2007 – O Ultimato Bourne
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