Adeus, 2018! (e as melhores cenas do ano)

Para quem ama Cinema, talvez os filmes tenham sido uma espécie de salvação em um ano extremamente complicado para o Brasil. Para mim, ao menos, eles realmente foram. Além disso, na medida do possível, entre os malabarismos exigidos pela vida adulta, vi a maioria dos títulos que eu desejava — e, apesar do baixo número de filmes conferidos em comparação a tantos outros anos, fiquei muito satisfeito com a média das minhas experiências, algo que é consequência direta do exercício cada vez mais consciente que faço de escapar daqueles filmes que, de longe, já desconfio que não podem ter resultado em coisa boa. Uma imensa parte dessas experiências está registrada aqui no blog (algumas outras ainda estou em dívida e prometo tirar o atraso o quanto antes). Aliás, mesmo com uma frequência inegavelmente menor de postagens, sempre tive o compromisso de deixar o Cinema e Argumento vivo. Ele faz parte de mim e eu não teria como mudar isso, inclusive por causa de vocês, caros leitores, que são sempre tão presentes para mim, especialmente na página do blog no Facebook. Em 2019, seguimos em frente, e logo teremos a lista de melhores do ano. Por ora, dou adeus a 2018 com a tradicional seleção das minhas cenas favoritas do ano. Nos vemos em seguida, combinado?

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#10 – “Eu sou a sua mãe!” (Hereditário)

Toni Collette como há muito tempo não víamos. Rancor e dor em uma discussão familiar que explora o que existe de melhor em Hereditário: a utilização do luto como riquíssima matéria-prima para complexidades dramáticas e para a construção do terror psicológico.

#9 – Assumindo a direção no OASIS (Jogador Nº1)

Adrenalina pura e referências de sobra tornam a primeira corrida no jogo OASIS uma experiência de tirar o fôlego. É o primeiro grande impacto desse blockbuster que está à altura do que Steven Spielberg criou em seus melhores entretenimentos para o grande público.

#8 – Abraço na praia (Roma)

Em um abraço, todo o universo de uma mulher invisível e de uma família desmantelada pelo abandono paterno. É a mais simples demonstração do afeto tornando menos solitário esse mundo que, para muitos é um desafio diário.

#7 – A dança de Pedro (Tinta Bruta)

Como encontrar cores e conexões em uma cidade que tanto insiste em julgar e afastar? Como encontrar sua própria voz quando ninguém parece ouvir? Com a dança de Pedro (Shico Menegat), no entanto, um universo de possibilidades se abre em Tinta Bruta.

#6 – Ally e Jackson cantam “Shallow” (Nasce Uma Estrela)

Duas pessoas perdidas na vida encontram na música e na existência do outro uma razão para seguir em frente. Nos palcos ou fora deles, todos nós merecemos ser protagonistas de vez em quando. É tudo o que Nasce Uma Estrela deveria ter sido como um todo.

#5 – De mãos dadas (As Boas Maneiras)

Um dos grandes momentos do cinema brasileiro em 2018, a sequência final de As Boas Maneiras é um comovente e esperançoso registro de resistência em um país afogado em intolerância e preconceito. Ninguém solta a mão de ninguém. Inclusive no cinema.

#4 – Show do Queen no Live Aid (Bohemian Rhapsody)

A arriscada (mas acertada) decisão de reproduzir uma longa apresentação musical praticamente na íntegra. Um momento que leva qualquer espectador para o centro de um momento histórico do rock mundial.

#3 – Miguel canta para a avó (Viva: A Vida é Uma Festa)

Poucas vezes tivemos, ao menos entre as animações recentes, uma sequência tão potente do ponto de vista emocional como essa em que Miguel canta para a avó em Viva. Nela, prestamos uma homenagem pessoal a tantos familiares queridos que passaram pelas nossas vidas.

#2 – Irene, a camiseta do filho e o desfile musical (Benzinho)

Testamento máximo do imenso talento dramático de Karine Teles. Uma carta de amor para as mulheres que nos criam e que diariamente levam o Brasil para frente. Um poderoso e comovente retrato da força transformadora do afeto.

#1 – Conversa entre pai e filho (Me Chame Pelo Seu Nome)

O texto mais belo do ano. Michael Stuhlbarg em estado de graça. Quando a sabedoria é passada de uma geração para a outra. A vida como um constante aprendizado, apesar da dor e dos corações partidos.

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