Sangue Negro
Direção: Paul Thomas Anderson
Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Dillon Freasier, Kevin J. O’Connor
There Will Be Blood, EUA, 2007, Drama, 159 minutos, 16 anos.
Sinopse: Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia, ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando no solo. Daniel decide partir para o local com o seu filho, H.W. (Dillon Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. arriscam e logo encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza, mas também uma série de conflitos.
Sangue Negro causa uma estranha sensação de que “já vimos esse filme antes” por se tratar de uma saga literalmente longa (aproximadamente 160 minutos) sobre a ascenção de um homem trabalhador no mundo dos negócios. No meio de tudo isso, velhas intrigas profissionais, cobiça financeira, decadência e loucura. Uma história dessas pode até já ter sido contada diversas vezes, mas é impossível negar que o diretor Paul Thomas Anderson dá um tom diferente a esse tipo de enredo.
Munido de um poderoso ator como protagonista e um ótimo coadjuvante, Sangue Negro desponta como um dos favoritos ao Oscar 2008. Méritos para isso tem de sobra. Pena que o filme não faça meu estilo, o que acabou dificulcando a minha aceitação da produção como uma obra-prima contemporânea. Incrivelmente bem produzido, é muito difícil acreditar que o orçamento do filme ficou apenas nos 25 milhões de dólares, uma vez que a direção de arte é impecável em sua reconstrução de época. A trilha sonora de Johnny Greenwood é outro fator interessantíssimo, com composições inesquecíveis e outras completamente coerentes com a história que está sendo trabalhada.
Mas esses detalhes técnicos ficam pequenos perto dos verdadeiros destaques do filme. Se existe uma unânimidade presente em Sangue Negro, ela se chama Daniel Day-Lewis. Sumido de longas de destaque desde Gangues de Nova York, apesar de ter realizado um filme menor e bom chamado O Mundo de Jack e Rose, Day-Lewis apresenta uma das melhores atuações da década, (se não a melhor) fazendo aquele tipo de papel que entra para a história do cinema. Merecidamente é aclamado por todos os lugares onde passa. Pena que um outro ator do elenco foi ofuscado pela interpretação de Day-Lewis, o ótimo Paul Dano. Por mais que seu papel seja um pouco forçado e exagerado, Dano consegue extrair do pastor Eli uma empatia absurda – sentimos ódio ou pena daquele fanático religioso?
Entendo perfeitamente quem considera Sangue Negro uma obra-prima, mas eu não consegui o ver como tal em nenhum momento. Talvez a minha relutância com longas durações tenha atrapalhado (foi o maior defeito que consegui achar no longa, o roteiro demasiado comprido), mas não posso deixar de jeito nenhum de reconhecer o grande trabalho de Paul Thomas Anderson. Ficam vários diálogos e momentos memoráveis no espectador ao fim da sessão. Decidi colocar aqui o que achei mais marcante e contundente: “Eu não quero que ninguém mais tenha sucesso. Eu odeio a maioria das pessoas. Existem momentos que eu olho para as pessoas e não vejo nada além de maldade. Eu vejo o pior nelas.”
FILME: 8.0
NA PREMIAÇÃO DO CINEMA E ARGUMENTO: