“Turma da Mônica: Lições” confirma êxito da franquia com sequência madura em conflitos e ideias

Não é preciso ser diferente pra ser único.

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Direção: Daniel Rezende

Roteiro: Thiago Dottori e Mariana Zatz, baseado na obra de Mauricio de Sousa e inspirado na graphic novel “Lições”, de Lu Cafaggi e Vitor Cafaggi

Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Isabelle Drummond, Malu Mader, Vinícius Higo, Gustavo Merighi, Camila Brandão, Lucas Infante, Emily Nayara, Ana Carolina Godoy, Beto Schultz, Angélica Paula, Adriano Paixão, Gabriel Blotto, Pedro Souza

Sinopse: Mônica (Giulia Benitte), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) fogem da escola. Agora, terão que encarar as suas consequências, e elas não serão poucas. Nesta nova jornada, a turma descobrirá o real valor e sentido da palavra amizade.

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Até onde se tem notícia, a versão cinematográfica da Turma da Mônica será composta por uma trilogia inteiramente comandada pelo cineasta Daniel Rezende. Há fôlego de sobra para que a franquia se desdobre em mais capítulos, mas, se for mantida a ideia de somente três filmes, é bem provável que seja entregue uma trinca invejável. Isso porque o segundo capítulo intitulado Lições chega aos cinemas brasileiros preservando e ampliando o que deu certo em Laços ao mesmo tempo em que compreende sua missão como um filme de transição, preparando o terreno para um terceiro capítulo onde, possivelmente, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali se confrontarão até mesmo com dilemas de gente grande.

Para falar a verdade, Lições já coloca os pequenos em situações muito próximas da vida adulta. Ao afastarem Mônica do resto da turma, os roteiristas Thiago Dottori e Mariana Zatz, mais uma vez tomando como base a graphic novel de Lu Cafaggi e Vitor Cafaggi, conduzem os personagens a reflexões sobre crescer e as coisas que perdemos ou devemos lutar para reconquistar pelo caminho. E vão além: é no mínimo surpreendente como Dottori e Zatz introduzem temas bastante contemporâneos através de características marcantes das figuras criadas por Mauricio de Sousa. Ver Lições interpretando a fome infinita de Magali como uma questão de ansiedade passível de ser tratada mostra que a franquia veio mesmo para dizer coisas novas e importantes.

A visão amadurecida dos personagens é bem-vinda a Lições porque filmes intermediários de trilogias costumam patinar para encontrar alguma identidade e não simplesmente replicar os acertos de um primeiro capítulo. Pois o longa de Daniel Rezende tem excelente noção do tempo e o quanto ele, na infância, parece se arrastar na mesma medida em que voa sem percebermos. O quarteto de protagonistas pode ter certa resistência, mas a convocação para o crescimento já está aí, e o desafio é conseguir manter o espírito de criança mesmo com a vida adulta acenando no horizonte. Tal norte tomado por Lições cria bases muito sólidas para um filme de transição ainda melhor que seu antecessor e com bastante a contribuir para a franquia.

Outro aspecto que gosto muito no longa de Rezende é como ele não cai em duas armadilhas plantadas desde os primeiros minutos de projeção. A primeira é em relação à narrativa episódica. Por ter um foco muito maior na vida escolar dos protagonistas, Lições parecia fadado a ser um conjunto de esquetes e aventuras, como um entretenimento caça-níqueis. Longe disso: com habilidade, Lições apenas se utiliza do contexto escolar para tratar de questões mais íntimas de seus personagens. A segunda se refere à introdução de outros personagens dos quadrinhos, como Franjinha, Tina e Do Contra. Ainda que haja certo excesso na quantidade de aparição deles, todos trazem alguma contribuição para o desenrolar da trama.

Para quem, assim como eu, já era fã de carteirinha do filme anterior, só há boas notícias em Lições, com a consolidação de tudo o que funcionava em Laços, do design de produção super caprichado ao tom nostálgico em homenagem à infância eternizada nos quadrinhos de Mauricio de Sousa. E são indispensáveis novos elogios para Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo e Gabriel Moreira, que fazem um trabalho maravilhoso como Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, respectivamente. Em tempo de tela, o destaque para os dois primeiros continua evidente, o que, no entanto, é de certa maneira equilibrado pelo fato de todos terem conflitos que desafiam suas personalidades isoladas e tão únicas. No próximo filme, eles estarão bem acompanhados de outro querido personagem que ainda não deu as caras, e vale acompanhar os créditos finais para descobrir quem está prestes a se juntar ao time. 

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