
Antes de O Discurso do Rei, Colin Fith já havia sido consagrado no BAFTA por seu desempenho em Direito de Amar
Toda premiação tem erros e injustiças. Sem exceções, e com o BAFTA, que revelará seus vencedores no próximo dia 16, não é diferente. Revirando o baú do prêmio, é possível encontrar algumas preciosidades que só ele proporcionou. Óbvio que muitas por bairrismo, mas coincidentemente merecedoras. Foi aí que me dei conta que o BAFTA é a minha premiação favorita. Gosto, inclusive, da cerimônia, sempre muito enxuta e sóbria, sem enrolações. Abaixo, elenquei 20 indicações/vitórias que justificam essa minha admiração pelo prêmio. E depois me digam se tem como não amar o BAFTA!
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– Philip Glass foi consagrado por sua trilha sonora para As Horas (o injusto vencedor do Oscar, Frida, não foi nem indicado);
– Sean Penn teve dupla indicação em 2004 com Sobre Meninos e Lobos e 21 Gramas. Nada mais lógico, impossível lembrar dele naquele ano sem mencionar os dois trabalhos;
– Uma Thurman foi indicada a melhor atriz por Kill Bill – Volume 1;
– O BAFTA não precisou esperar até O Discurso do Rei: Colin Firth venceu seu primeiro prêmio de melhor ator já pelo belíssimo Direito de Amar;
– Daniel Rezende ganhou melhor montagem por Cidade de Deus;
– Ralph Fiennes concorreu como melhor ator por O Jardineiro Fiel e deixou ainda mais impossível escolher o melhor ator no ano em que Philip Seymour Hoffman venceu por Capote;
– O mestre Roger Deakins foi indicado 11 vezes ao Oscar de fotografia e nunca venceu. No BAFTA, já são três prêmios: O Homem Que Não Estava Lá, Onde os Fracos Não Têm Vez e Bravura Indômita;
– O compositor Thomas Newman, outro injustiçado com 12 indicações ao Oscar sem uma vitória sequer, foi consagrado duas vezes pelo BAFTA com Beleza Americana e 007 – Operação Skyfall;
– Mais um injustiçado do Oscar que já tem BAFTA é o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, vencedor do prêmio por Filhos da Esperança;
– Moulin Rouge? Não, naquele ano, Nicole Kidman concorreu como melhor atriz por Os Outros;
– Por mais que eu ame As Confissões de Schmidt, dispensaria Kathy Bates como indicada de atriz coadjuvante para colocar Toni Collette, por Um Grande Garoto. Exatamente como o BAFTA fez;
– Jim Carrey concorreu por Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Sua companheira de filme, Kate Winslet, concorria duplamente: pelo mesmo filme e por Em Busca da Terra do Nunca;
– Mas ela não teve chances. Quem merecidamente venceu foi Imelda Staunton, por O Segredo de Vera Drake, dona do desempenho mais intenso daquele ano;
– Harry Potter ganhou vários prêmios técnicos e até homenagem especial por sua contribuição ao cinema;
– Paul Dano concorreu como ator coadjuvante por Sangue Negro;
– Anne-Marie Duff e Kristin Scott Thomas, ótimas em O Garoto de Liverpool, foram indicadas a coadjuvantes;
– Central do Brasil superou A Vida é Bela e ganhou o BAFTA de melhor filme estrangeiro;
– O Show de Truman levou os prêmios de melhor direção e roteiro original;
– Minhas Mães e Meu Pai não é só de Annette Bening. No BAFTA, Julianne Moore também concorreu;
– Sandra Bullock sequer foi indicada por Um Sonho Possível, com Carey Mulligan ganhando por Educação.
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Robledo, não é? BAFTA é referência pra mim!
Rafael, sem dúvida o BAFTA é muito mais autêntico que as outras premiações.
Lucas, também preferia Riva a Lawrence…
Hugo, estranhamente bom o resultado do BAFTA desse ano, não?
Clóvis, o ano era da Carey mesmo! Mas acho que premiaram a Bullock porque volta e meia eles têm uma necessidade incontrolável de celebrar uma queridinha de Hollywood das comédias românticas.
Stella, meu amor pelos britânicos também pesa haha
Bruno, com certeza erram – e, como você disse, Meryl Streep de fora esse ano foi um desses erros.
Mayara, além de tudo tem a melhor cerimônia de premiação: direta e sem enrolações.
Por esses motivos que amo o BAFTA, não só por ser britânico, mas por ser muito conciso tanto nas indicações quanto na escolha dos vencedores, mesmo que eles tenham errado este ano indicando a Oprah pelo horrendo “The Butler”.
Perfeito! Premiação mais justa, interessante e que não comete os mesmo erro bobos das premiações americanas. Lembraria ainda de Kate Winslet, indicada duplamente( novamente!) por O Leitor e Foi Apenas um Sonho.
Mas como toda premiaçao, eles erram também.Exemplo? A não indicação de Streep este ano por seu formidável trabalho em Álbum de Família.
Também amo o BAFTA, Matheus! Bastava a premiação de Roger Deakins e Emmanuel Lubezki para colocá-lo como a seleção mais interessante do mundo do cinema. Como, além disso, sou apaixonado pelos escritores, atores e diretores ingleses, acho muito adequado que sejam muito premiados. Isso só me agrada! ;-)
Assino embaixo, Matheus! Bairrismo não obstante, só por eles terem celebrado a trilha de “As Horas” e “Central do Brasil” e indicarem o Ralph Fiennes por “O Jardineiro Fiel”, eles já mereciam meu respeito. E eu até que gosto da Sandra Bullock em “Um Sonho Possível”, mas aquela interpretação passa longe de ser merecedora de um Oscar. A verdadeira dona da estatueta naquele ano era a Carey Mulligan.
Diante do mar de previsibilidade que se tornou o Oscar, o BAFTA vai ser a premiação mais surpreendente dessa temporada. Muito disso se deve ao fato de “Clube de Compras Dallas” não estar concorrendo, então os atores principal e coadjuvante serão necessariamente diferentes das demais premiações. Acho que em ator principal vencerá Bruce Dern ou Ejiofor. Em coadjuvante Fassbender ou até mesmo o Matt Damon, que teve um desempenho tão bom quanto do Michael Douglas e não ganhou prêmio nenhum, seria uma forma legal de reconhecê-lo. Acho que até Jennifer Lawrence tem chance, tendo em vista que, sabiamente, eles não a premiaram no ano passado (J. Law já tem quase tudo, só não tem BAFTA). Ou pode acontecer o mesmo que ocorreu com “O Discurso do Rei”: uma trinca de prêmios de atuação (atriz coadjuvante e atores principal e coadjuvante), numa puxação de saco explícita para o “filme britânico do ano”.
Verdade,vitoria da Riva no bafta foi melhor da temporada
Ótima lista, sempre achei o BAFTA mais sóbrio e menos “puxa-saco” que as demais premiações. Gosto também de uma vitória recente no BAFTA mais do que merecida: Emmanuele Riva por Amour.
Ótima seleção. Só a escolha de Central do Brasil e do Daniel Rezende (olha o bairrismo aí!!!) já justificariam a preferência! Mas as anotações sobre Phillip Glass, Show de Truman, Harry Potter, Jim Carrey, Roger Deakins, Thomas Newman e Emmanuel Lubezki são mais do que necessárias!