I’m gonna be good.
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Melonie Diaz, Octavia Spencer, Kevin Durand, Chad Michael Murray, Ahna O’Reilly, Marjorie Crump-Shears, Ariana Neal, Keenan Coogler, Trestin George, Joey Oglesby, Michael James, Destiny Ekwueme
Fruitvale Station, EUA, 2013, Drama, 85 minutos
Sinopse: Estados Unidos, 2007. Oscar Grant (Michael B. Jordan) tem 22 anos e acaba de ser demitido do emprego por chegar constantemente atrasado. Ele esconde esta notícia de Sophina (Melonie Diaz), a mãe de sua filha, por achar que pode recuperar o emprego após conversar com seu chefe. Bastante ligado à mãe (Octavia Spencer), Oscar enfrenta problemas quando resolve ir com Sophina ver as festividades de ano novo em San Francisco. (Adoro Cinema)
Sophina (Melonie Diaz) estava assistindo a um programa de Oprah Winfrey e descobriu que, para algo se tornar um hábito, a disciplina deve ser mantida durante 30 dias. A personagem está entrando em uma dieta e decidiu que evitaria carboidratos em sua alimentação. 30 dias, define Sophina, e assim ela estaria livre dessa necessidade excessiva de consumir carboidratos. Mas quem precisa mudar alguma coisa em Fruitvale Station – A Última Parada está longe de ser ela. O sujeito que batalha para se adaptar a novos hábitos é Oscar (Michael B. Jordan), que, devido a irresponsabilidades anteriores, já foi preso por tráfico de drogas, traiu a esposa, perdeu o emprego e agora tenta finalmente se ajustar em uma vida nos eixos para retomar sua credibilidade com a família e poder ser um pai presente para a pequena filha. É muito mais essa jornada do que a tragédia que terminou com a vida de Oscar – e não estou entregando qualquer spoiler aqui, já que esta é uma produção baseada em fatos reais – que importa para Fruitvale Station – A Última Parada. Na verdade, ele é um filme sobre pessoas como todos nós, suscetíveis a erros e recomeços – e, por isso mesmo, tão eficiente.
O dia é 31 de dezembro e não é apenas o réveillon que será comemorado por Oscar e sua família, mas também o aniversário da matriarca Wanda (Octavia Spencer). Ao longo deste dia, o filme dirigido e roteirizado por Ryan Coogler (em seu trabalho de estreia em longas-metragens) percorre os mais diversos núcleos e trabalha aquele velho e sempre interessante formato de mostrar, em pequenas situações, a vida inteira de um personagem em apenas um único dia. Fruitvale Station acerta nessa escolha e, melhor ainda, consegue falar sobre temas muito batidos sem cair no lugar comum: o vício de Oscar é apenas verbalizado, as traições do passado são apresentadas discretamente em uma única cena (e nem precisamos saber detalhes delas) e suas irresponsabilidades como pai e profissional de um supermercado não chegam a extremos. Outros diretores não hesitariam em reunir todas essas histórias em um grande melodrama ineficiente e formulaico (alô, Lee Daniels!), mas Ryan Coogler faz o oposto, preocupando-se mais em focar em quem Oscar está tentando ser do que em quem um dia ele já foi.
Em breves 85 minutos, a produção consegue falar disso tudo de forma muito concisa, alcançando o feito de nunca deixar a história carente de respostas. É perceptível essa qualidade de Coogler em dar uma roupagem muito realista à história, que em momento algum chega a ser apelativa. Essa conquista está bem representada, por exemplo, na coadjuvante de Octavia Spencer. Sua Wanda não é a mãe chorona, frágil e indefesa frente os erros do filho. Pelo contrário: ela é forte e racional, o que nos faz entender por completo o porquê de todos a respeitarem tanto. A construção que Spencer faz junto ao roteiro é coerente com toda a proposta de Fruitvale Station, mas falar só dela (que merecia mais tempo em cena, pois também prova ter talento além das caricaturas que inexplicavelmente a consagraram com um Oscar por Histórias Cruzadas) é ser injusto com a dupla Michael B. Jordan e Melonie Diaz. Ele, especialmente, aproveita todas as chances que o filme lhe dá, e nos entrega um personagem discreto e que conquista nossa torcida. É também por causa dele que as injustiças sofridas pelo personagem nos momentos finais se tornam ainda mais pungentes.
Os momentos derradeiros de Fruitvale Station são, por sinal, bem encaixados na trama. Essa simetria impede que a desgraça final soe gratuita ou avulsa, como uma espécie de golpe final para conquistar o espectador pelo coração. É impactante na medida certa e leva o tempo que precisa levar para também não se tornar um grande finale choroso. Eis aí a palavra-chave do longa de Coogler: discrição. Menos é mais, até mesmo naquele que é o ponto alto da história. Por isso, fuja do trailer, que é um tanto exagerado (o que o filme está longe de ser) e que entrega mais do que precisa ser dito sobre a vida de Oscar. Simples e contido, Fruitvale Station termina ainda com uma decisão pra lá de acertada. O corte seco e abrupto dá o tom certo para a conclusão da trama, mostrando que, mais uma vez, vários personagens terão que se adaptar a uma nova vida, a novos hábitos. Só que, dessa vez, 30 dias simplesmente não chegarão nem perto de ser suficientes para mudar esse cenário.
FILME: 8.5
Hugo, é ótimo! :)
Kamila, merecia ter melhores chances mesmo…
Clóvis, a Octavia está bem, pena que aparece tão pouco…
Altamente interessado nesse filme, só tenho lido críticas positivas a respeito dele. Também curioso acerca da bastante elogiada atuação de Octavia Spencer, que chegou a ganhar o NBR de Atriz Coadjuvante por ele.
Estou muito curiosa para assistir a este filme e acho uma pena que “Fruitvale Station” não tenha tido uma melhor sorte na atual temporada de premiações.
Estou com o filme em casa para conferir.
Todas as críticas que li foram positivas.
Abraço