
Com a vitória por Hacks, Jean Smart é a única atriz, ao lado de Betty White, a já faturar os prêmios de melhor protagonista, coadjuvante e convidada em série de comédia na história do Emmy.
Quando apresentou sua lista de indicados, o Emmy 2021 nos fez celebrar a marca do maior número de pessoas negras já selecionadas para concorrer ao prêmio. Já ontem, ao revelar seus vencedores, o gosto deixado foi amargo: nenhum deles venceu entre interpretações de drama, comédia e minissérie. E não foi por falta de oportunidade. Pelo contrário. Na pior cerimônia dos seus anos recentes, o Emmy demonstrou que só assistiu a uma meia dúzia de seriados, premiando-os até mesmo em que categorias sem qualquer justificativa, como na de melhor ator coadjuvante, onde Tobias Menzies levou a estatueta por The Crown sem sequer ter material na temporada para fazer algo significativo. A derrota do agora saudoso Michael K. Williams por Lovecraft Country certamente foi um dos maiores choques da noite.
Por falar nisso, o cômodo lugar assumido pelo Emmy ao premiar The Crown em todas as categorias possíveis é de um descompasso gigantesco. Sinais já haviam sido dados na semana passada, quando Claire Foy faturou a estatueta de melhor atriz convidada em drama por sua participação em um flashback que, caso retirado da série, não faria falta alguma. E o comportamento dos votantes realmente se confirmou: The Crown ganhou todas as categorias principais em que concorria, incluindo roteiro e direção, além de cada uma de interpretação, feito que nem séries icônicas e historicamente celebradas como Six Feet Under, The Sopranos e Mad Men jamais conseguiram. Uma pena que esse marco tenha sido alcançado por puro acaso e mediante equívocos. Contudo, não me interpretem mal: a quarta temporada deste programa que finalmente deu o prêmio de melhor série para a Netflix é a melhor até agora, o que, ainda assim, não justifica os prêmios entregues de forma desenfreada e irrestrita.
Nos segmentos de comédia e minisséries, a lógica foi basicamente a mesma, com um leque um tantinho maior de opções. Ted Lasso ganhou melhor série de comédia, enquanto Hacks levou os prêmios de melhor direção, roteiro e atriz, algo que, ao meu ver, não faz muito sentido: como é possível um seriado ter a melhor direção e o melhor roteiro, dois aspectos centrais de qualquer obra audiovisual, e simplesmente não ser a melhor série? No mais, todas as palmas do mundo para a consagração de Jean Smart, uma atriz que, aos 70 anos, vive o grande momento da sua carreira com papeis coadjuvantes de séries importantes dos últimos anos (Fargo, Watchmen) e agora com um protagonismo à altura do seu grande talento. Por fim, a vitória de The Queen’s Gambit como melhor minissérie foi um banho de água fria após a consagração de Michaela Coel em melhor roteiro com I May Destroy You e a de Mare of Easttown em atriz, atriz coadjuvante e ator coadjuvante. A seleção de minisséries com certeza merecia um desfecho melhor na premiação.
Confira abaixo a lista de vencedores:
MELHOR SÉRIE DE DRAMA: The Crown
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE DRAMA: Olivia Colman (The Crown)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE DRAMA: Josh O’Connor (The Crown)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA: Gillian Anderson (The Crown)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA: Tobias Menzies (The Crown)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE DE DRAMA: Jessica Hobbs (The Crown), pelo episódio “War”
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE DE DRAMA: Peter Morgan (The Crown), pelo episódio “War”
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA: Ted Lasso
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA: Jean Smart (Hacks)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA: Jason Sudeikis (Ted Lasso)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA: Hannah Waddingham (Ted Lasso)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA: Brett Goldstein (Ted Lasso)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE DE COMÉDIA: Lucia Aniello (Hacks), pelo episódio “There is No Line”
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE DE COMÉDIA: Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky (Hacks), pelo episódio “There is No Line”
MELHOR MINISSÉRIE: The Queen’s Gambit
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE/TELEFILME: Kate Winslet (Mare of Easttown)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE/TELEFILME: Ewan McGregor (Halston)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM MINISSÉRIE/TELEFILME: Julianne Nicholson (Mare of Easttown)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE/TELEFILME: Evan Peters (Mare of Easttown)
MELHOR DIREÇÃO EM MINISSÉRIE: Scott Frank (The Queen’s Gambit)
MELHOR ROTEIRO EM MINISSÉRIE: Michaela Coel (I May Destroy You)
Pingback: Os indicados ao Emmy 2022 | Cinema e Argumento