
Exibido no Festival de Berlim, Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, integra a competição de longas brasileiros do 48º Festival de Cinema de Gramado, que será realizado de forma híbrida.
Mais uma vez em clima de reinvenção, o Festival de Cinema de Gramado, a exemplo de outros eventos brasileiros do gênero durante a pandemia do Coronavírus, realizará a sua 48ª edição em formato híbrido. A novidade, além de coerente e bem-vinda, é pioneira: toda a programação será transmitida pelo Canal Brasil (TV e streaming), incluindo os filmes em competição. E as expectativas são várias: dos novos longas de Ruy Guerra, Felipe Bragança e Camilo Cavalcante, até documentários sobre grandes figuras da música brasileira como Alcione e Sidney Magal, passando pelo aguardado Todos os Mortos e três títulos dirigidos por mulheres, Gramado preserva o seu status de festival de cinema mais importante do Brasil, agora sob a curadoria do trio Marcos Santuario, Soledad Villamil e Pedro Bial. Todos os títulos brasileiros, assim como os estrangeiros (oriundos de nada menos do que sete países diferentes), são inéditos em território nacional. Outros 33 curtas em competição ainda serão exibidos no Canal Brasil, em uma iniciativa que levará o cinema do evento serrano para plateias antes nunca alcançadas em território nacional. É uma solução criativa e democrática para um festival que, em 48 anos de trajetória, nunca deixou de realizar uma edição sequer. Cinema é o que não vai faltar para ficar em casa!
Também atendendo o formato online, as homenagens serão entregues a um quarteto de respeito. Marco Nanini receberá o Troféu Oscarito, dedicado a grandes atores do cinema brasileiro. Vale lembrar que Nanini recentemente protagonizou Greta, um dos papeis mais marcantes e desafiadores de toda a sua carreira, reforçando o belo momento dessa homenagem. Já a diretora Laís Bodanzky, diretora de ótimos filmes como Bicho de Sete Cabeças, Chega de Saudade e Como Nossos Pais, receberá o Troféu Eduardo Abelin, destinado a profissionais que trabalham atrás das câmeras. Não só a distinção é justa como também vem embrulhada por um ótimo timing: hoje Bodanzky faz uma excelente gestão como presidente da Spcine, empresa municipal de fomento ao audiovisual da cidade de São Paulo. Considerando o cinema latino-americano, o ator uruguaio César Troncoso fica com o Kikito de Cristal, que já foi entregue a nomes como Cecilia Roth, musa de Pedro Almodóvar.
Por fim, a maravilhosa Denise Fraga fica com o troféu Cidade de Gramado. Nesse caso, no entanto, faço uma observação: criado em 2012, o troféu segue sem um conceito muito definido (já chegou tanto a homenagear o aniversário de Sargento Getúlio como a carreira do cartunista Mauricio de Sousa!), seguidamente celebrando nomes dignos de Oscarito, a distinção mais antiga e emblemática do evento. Foi assim com Wagner Moura, Rodrigo Santoro e, agora, Denise Fraga. Atriz ativa e prolífera, Denise já atuou em mais de 25 filmes, indo do comercial ao autoral. Ela ainda passou por clássicos como O Auto da Compadecida e chegou a conquistar um Kikito de melhor atriz pelo longa Por Trás do Pano, dirigido por Luiz Villaça, seu companheiro de vida e carreira. Toda homenagem entregue a Denise é merecida, mas sou da opinião de que, assim como outros colegas celebrados com o Cidade de Gramado, a estatura de seu talento como intérprete merecia ser reservada à tradição e ao emblema do Troféu Oscarito.
O 48º Festival de Cinema de Gramado acontecerá entre os dias 18 e 26 de setembro. Mais informações podem ser conferidas no site oficial do evento. Confira abaixo a lista completa de filmes concorrentes:
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Um Animal Amarelo, de Felipe Bragança (RJ)
Aos Pedaços, de Ruy Guerra (RJ)
King Kong em Asunción, de Camilo Cavalcante (PE)
Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani (SP)
Por Que Você Não Chora?, de Cibele Amaral (DF)
O Samba é Primo do Jazz, de Angela Zoé (RJ)
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra (SP)
LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
Dias de Inverno, de Jaiziel Hernández (México)
La Frontera, de David David (Colômbia)
Los Fuertes, de Omar Zúñiga (Chile)
El Gran Viaje al País Pequeño, de Mariana Viñoles (Uruguai)
Matar a un Muerto, de Hugo Giménez (Paraguai)
El Silencio del Cazador, de Martin Desalvo (Argentina)
Tu Me Manques, de Rodrigo Bellott (Bolívia)
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
4 Bilhões de Infinitos, Marco Antonio Pereira (MG)
Atordoado, Eu Permaneço Atento, de Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos (RJ)
O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader (AM)
Blackout, de Rossandra Leone (RJ)
Dominique, de Tatiana Issa e Guto Barra (RJ)
Extratos, de Sinai Sganzerla (SP)
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (PE)
Joãosinho da Goméa: O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (RJ)
Receita de Caranguejo, de Issis Valenzuela (SP)
Remoinho, de Tiago A. Nevers (PB)
Subsolo, de Erica Maradona e Otto Guerra (RS)
Trincheira, de Paulo Silver (AL)
Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite (SP)
Wander Vi, de Augusto Borges e Nathalya Brum (DF)
CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS (PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA)
Bochincho – O Filme, de Guilherme Suman (Porto Alegre)
O Céu da Pandemia, de Marina Kerber (Porto Alegre)
Construção, de Leonardo da Rosa (Pelotas)
Corpo Mudo, de Marcela Schild (Santa Cruz do Sul)
Desencanto, de Richard Tavares (Porto Alegre)
Deserto Estrangeiro, de Davi Pretto (Porto Alegre)
Dois Homens ao Mar, de Gabriel Motta (Porto Alegre)
Fragmentos ao Vento, de Ulisses da Motta (Porto Alegre)
Lacrimosa, de Matheus Heinz (Porto Alegre)
Letícia Monte Bonito, de Julia Regis (Pelotas)
O Luto Impossível, de Bruno Carboni (Porto Alegre)
Magnética, de Marco Arruda (Porto Alegre)
Um Pedal, de Alexandre Derlam (Canoas)
Pra Ficar Perto, de Lucas dos Reis (Sapucaia do Sul)
Quando Te Avisto, de Denise Copetti e Neli Mombelli (Santa Maria)
O Que Pode Um Corpo?, de Victor Di Marco e Márcio Picoli (Bagé)
Sopa Noir, de Beatrice Petry Fontana (São Leopoldo)
Teste de Elenco, de Marcos Kligman e Mariany Espíndola (Porto Alegre)
Ver a Vista, de Daniel de Bem (Porto Alegre)