
Os vencedores do 45º Festival de Cinema de Gramado. Seleção de longas brasileiros foi a melhor do evento serrano em anos. Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto
Com o desafio de sintetizar os melhores longas brasileiros de uma seleção de alto nível, a lista de vencedores do 45º Festival de Cinema de Gramado consagrou o drama Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky, em seis categorias, número expressivo que não era repetido desde 2002, quando Anna Muylaert levou cinco Kikitos por Durval Discos. A vitória já era de certa forma prevista – vindo de Berlim para sua primeira exibição nacional, Como Nossos Pais foi o primeiro longa de Bodanzky concorrente em Gramado -, e é impossível dizer que a vitória foi injusta, mas um pouco de modéstia na distribuição dos prêmios não cairia mal: pelo menos dois dos troféus concedidos ao filme poderiam ter saído dessa conta. O Kikito de melhor atriz para Maria Ribeiro, por exemplo, era claramente de Magali Biff (Pela Janela) ou de Camila Morgado (Vergel), assim como o de melhor ator para Paulo Vilhena – uma classificação questionável, diga-se de passagem, já que seu papel é basicamente de coadjuvante – era, por merecimento, de Cacá Amaral (Pela Janela). No mais, mesmo que minha preferência fosse pelo drama As Duas Irenes, de Fabio Meira, que levou roteiro, ator coadjuvante (Marco Ricca), júri da crítica e direção de arte, é difícil questionar o prêmio principal para Como Nossos Pais, um filme muito humano, delicado e contemporâneo.
Já entre os longas estrangeiros, surpresa total ao ver o amplamente criticado Sinfonia Para Ana, da Argentina, levar a categoria principal, o que pode ser a clássica situação onde um terceiro filme surge como alternativa para a falta de consenso de um júri com outras duas obras (Pinamar e La Ultima Tarde, que dividiram as demais vitórias). Por outro lado, justiça foi feita no segmento de curtas-metragens brasileiros, onde o poderoso e emocionante A Gis, documentário sobre o assassinato da transexual brasileira Gisberta Salce, levou não só o prêmio de melhor filme como também o de júri popular, o que, para um filme dessa temática, é uma vitória altamente significativa. Além da emocionante vitória de Nando Cunha, por Telentrega, o júri foi certeiro em reconhecer a representatividade com um prêmio especial para Cabelo Bom e o Kikito de melhor direção para o diretor transgênero Calí dos Anjos. Confira abaixo a lista completa dos vencedores:
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky
Melhor Direção: Laís Bodanzky, por Como Nossos Pais
Melhor Atriz: Maria Ribeiro, por Como Nossos Pais
Melhor Ator: Paulo Vilhena, por Como Nossos Pais
Melhor Atriz Coadjuvante: Clarisse Abujamra, por Como Nossos Pais
Melhor Ator Coadjuvante: Marco Ricca, por As Duas Irenes
Melhor Roteiro: Fábio Meira, por As Duas Irenes
Melhor Fotografia: Fabrício Tadeu, por O Matador
Melhor Montagem: Rodrigo Menecucci, por Como Nossos Pais
Melhor Trilha Musical: Ed Côrtes, por O Matador
Melhor Direção de Arte: Fernanda Carlucci, por As Duas Irenes
Melhor Desenho de Som: Augusto Stern e Fernando Efron, por Bio
Melhor Filme – Júri Popular: Bio, de Carlos Gerbase
Melhor Filme – Júri da Crítica: As Duas Irenes, de Fabio Meira
Prêmio Especial do Júri: Carlos Gerbase, pela direção dos 39 atores e atrizes em Bio
Prêmio Especial do Júri – Troféu Cidade de Gramado: Paulo Betti e Eliane Giardini, pela contribuição à arte dramática no teatro, televisão e cinema brasileiros
LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS
Melhor Filme: Sinfonia Para Ana, de Virna Molina e Ernesto Ardito
Melhor Direção: Federico Godfrid, por Pinamar
Melhor Atriz: Katerina D’Onofrio, por La Ultima Tarde
Melhor Ator: Juan Grandinetti e Agustín Pardella, por Pinamar
Melhor Roteiro: Joel Calero, por La Ultima Tarde
Melhor Fotografia: Fernando Molina, por Sinfonia Para Ana
Melhor Filme – Júri Popular: Mirando al Cielo, de Guzman García
Melhor Filme – Júri da Crítica: Pinamar, de Federico Godfrid
Prêmio Especial do Júri: Los Niños, de Maite Alberdi
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: A Gis, de Thiago Carvalhaes
Melhor Direção: Calí dos Anjos, por Tailor
Melhor Atriz: Sofia Brandão, por O Espírito do Bosque
Melhor Ator: Nando Cunha, por Telentrega
Melhor Roteiro: Carolina Markowicz, por Postergados
Melhor Fotografia: Pedro Rocha, por Telentrega
Melhor Montagem: Beatriz Pomar, por A Gis
Melhor Trilha Musical: Dênio de Paula, por O Violeiro Fantasma
Melhor Direção de Arte: Wesley Rodrigues, por O Violeiro Fantasma
Melhor Desenho de Som: Fernando Henna e Daniel Turini, por Caminho dos Gigantes
Melhor Filme – Júri Popular: A Gis, de Thiago Carvalhaes
Melhor Filme – Júri da Crítica: O Quebra-Cabeça de Sara, de Allan Ribeiro
Prêmio Canada 150 de Jovens Cineastas: Calí dos Anjos (Tailor)
Prêmio Canal Brasil de Curtas: O Quebra-Cabeça de Sara, de Allan Ribeiro
Prêmio Especial do Júri: Cabelo Bom, de Swahili Vidal e Claudia Alves
Vou conferir neste final de semana se “Como Nossos Pais” mereceu todos esses Kikitos! :) Parabéns pela cobertura do Festival de Gramado 2017, Matheus!
Kamila, depois quero saber o que você achou! :))