A estrutura de Ponto Zero é fascinante porque pega o drama aparentemente comum (mas incrivelmente denso) de um garoto de 14 anos preso em um doentio furacão familiar para, lá na metade, jogá-lo em uma noite surrealista, acompanhada quase em tempo real pelo filme, que irá transformá-lo para sempre. Ao entrar nesse universo noturno e chuvoso, o requinte técnico do filme de José Pedro Goulart se acentua, explorando ainda mais o poder narrativo de setores como o de som, aqui assinado pela dupla Chrístian Vaisz e Kiko Ferraz. Entre os barulhos que ilustram eventuais momentos de horror do protagonista Ênio (Sandro Aliprandini), como o acidente na rua e o mistério em relação ao que pode estar ou não embaixo de um carro, o som também captura o minimalismo dos silêncios embalados pelo melancólico barulho de uma chuva incessante. Ponto Zero sabe, assim como em tantas outras de suas virtudes, que o trabalho de Vaisz e Ferraz é tão fundamental para a ambientação da história quanto a direção, o roteiro e o elenco dela. Ainda disputavam a categoria: A Chegada, O Contador, O Regresso e O Silêncio do Céu.
EM ANOS ANTERIORES: 2015 – Mad Max: Estrada da Fúria | 2014 – Até o Fim | 2013 – Gravidade | 2012 – 007 – Operação Skyfall | 2011 – Harry Potter e as Relíquias da Morte | 2010 – Tron: O Legado | 2009 – Avatar | 2008 – WALL-E | 2007 – O Ultimato Bourne
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