O último convidado do Três atores, três filmes de 2014 tem minha total identificação quando o assunto é listar filmes e interpretações que marcam preferências cinematográficas. Sempre acreditei que os filmes mais presentes em nossas lembranças são aqueles que dialogam de forma muito íntima e profunda com o que sentimos ou vivenciamos e não necessariamente em função da perfeição técnica ou da assinatura de um diretor. Tenho a total impressão de que, assim como é comigo, a situação é exatamente a mesma com o José, cuja lista que vocês podem conferir abaixo reflete, como ele mesmo aponta, uma série de identificações pessoais com os personagens escolhidos ou até mesmo com as histórias vividas por eles. E as justificativas certamente estão entre as mais interessantes que já passaram por aqui. Uma curiosidade sobre as escolhas: esta é a segunda vez que o desempenho de Kate Winslet em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é selecionado (e a terceira do filme, que também já foi lembrado pelo desempenho de Jim Carrey). Fiquem abaixo com as escolhas do nosso último convidado do ano, que encerra o ano da seção em alto estilo!
Angelina Jolie (Garota, Interrompida)
Garota, Interrompida é um filme baseado em eventos reais, onde encontramos uma Angelina Jolie jovem e destemida atuando com uma força selvagem, viva e decadentemente deslumbrante. Apesar de não ocupar o posto principal da história, a personagem de Jolie – Lisa Rowe – rouba a cena de todo e qualquer desavisado. Uma atuação digna do Oscar prematuro com o qual ela foi agraciada. Uma atuação corajosa de uma atriz que viria a ser uma das maiores celebridades do mundo. Particularmente, a personagem, em um primeiro momento, me desconcertou, me quebrou e me partiu em mil pedaços com diálogos provocadores e uma postura visceral. O espectador acaba seduzido pela fratura exposta que é Lisa. O filme em si é um aviso, um retrato do cotidiano assintomático da família do comercial de margarina, e traz uma reviravolta quando as personagens – assim como na vida real – passam a questionar suas existências. Talvez Angelina tenha atingido a perfeição em sua atuação devido às semelhanças que a personagem apresentava com uma Jolie adolescente, no inicio da carreira. Na minha opinião, é seu papel mais corajoso em um filme que eu sempre recomendo.
Kate Winslet (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças)
Kate Winslet obteve notoriedade mundial após sua excelente atuação em Titanic, porém, do meu ponto de vista, essa fase foi apenas uma passagem para o que a grande Kate poderia realizar ao longo de sua carreira. Assim como Natalie Portman, Kate, além de ter suas personagens habitando minha lista de atuações preferidas, também tem seus diversos filmes perambulando pela minha coleção de favoritos. Obviamente, uma personagem em especifico me marcou, profundamente. Clementine Kruczynski tinge seus cabelos de acordo com as fases de sua vida e apaga suas memórias como quem clama pelo novo. Winslet, em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, além de contar com um roteiro único é presenteada com uma fotografia e direção de arte incríveis, o que torna o pacote uma obra-prima cinematográfica. Brilho Eterno, em sua essência, trata de um cotidiano improvável entre dois desconhecidos que se conhecem muito bem, e Kate é feliz em transpor os sentimentos que presenciamos diariamente em nossas vidas com uma verdade comovente. A beleza das cenas é cotidiana: cabelos bagunçados, não penteados, corpos pouco esculturais… Assim como na vida real, o brilho está na única sedução a qual nos é inerente: a vida. A atuação é linda, pois passa ao espectador um aspecto genuína e sem enfeites sobre como, muitas vezes, agimos em nossas relações. Clementine diz “I feel like I’m disappearing” – pois é assim que nos sentimos ao tentar apagar o que não pode ser apagado.
Natalie Portman (Closer – Perto Demais)
Natalie Portman, em suas diversas interpretações, habita minha coleção de filmes preferidos e também um lugar entre minhas atrizes favoritas, posição que foi conquistada anos atrás ainda na minha adolescência. Closer é um filme de 2004 que, 10 anos depois, continua encantando espectadores com sua beleza e ousadia. N ano do seu lançamento, eu tinha apenas 13 anos, então, algum tempo depois, com alguma maturidade adquirida e na faixa etária para assistir o filme, o fiz. Closer, para uma geração criada assistindo aos filmes da Disney, em um primeiro momento não faz sentido algum, afinal, se trata de um retrato maduro, lúcido e cru sobre uma realidade amorosa do século XXI. Porém, aos poucos, o balé das idas e vindas, os segredos e a imensidão oculta que o ser humano possui em seu interior… Tudo ganha sentido. Talvez uma visão pessimista dos relacionamentos na vida adulta que, mais cedo ou mais tarde, visitamos por aí. A personagem de Portman, Jane Jones, Alice Ayres – ou como preferir chamar – tem um espírito livre, ousado e direto. As falas são dotadas de franqueza e eloquência e muitas delas nunca deixaram minha cabeça, uma atuação impecável, uma personagem que nasce, se desenvolve e morre – “I don’t love you anymore, goodbye” – em frente ao espectador.
Kamila, aprendi a gostar de “Brilho Eterno…” com o tempo (na primeira vez, não gostei nem um pouco do filme) e a atuação da Kate Winslet também foi crescendo comigo. Hoje, entendo todo o carinho e a adoração que as pessoas têm com o filme e a Kate nele.
Sou daquelas que acha “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” um filme bem superestimado, mas eu concordo que a atuação de Kate Winslet nesse filme é excelente. No mais, gostei das escolhas do José Luís.