
Em Vizinhos, Seth Rogen e Rose Byrne se divertem com uma excelente química, mas não sobrevivem às piadas físicas e aos extremos do roteiro
CHEF (idem, 2014, de Jon Favreau): Tinha tudo para ser um apetitoso e agradável filme sobre a vida de um chef de cozinha que, ao perder o emprego, resolve investir em um trailer de comidas e retomar a relação com o filho, mas termina mais como uma viagem egocêntrica de Jon Favreau. Fazia tempo que o cinema não entregava um filme independente com diálogos tão redundantes, repetitivos e explicativos. Se já é difícil crer que Favreau tenha sido casado com o furacão Sofia Vergara e atualmente tenha um caso romântico com Scarlett Johansson – em uma história que subutiliza por completo a segunda -, Chef ainda não sabe direito sobre o que deseja falar. É um longa completamente sem ritmo, que, ao contrário do divertido Julie & Julia, por exemplo, não usa a comida para fazer maiores reflexões sobre os prazeres da vida – e muito menos tem um protagonista tão fascinante quanto Julia Child. Para Chef, a comida em si não é o centro da felicidade de Carl Casper (Favreau): o que define sua satisfação é a possibilidade de fazer o que bem entende, quando e onde quiser. Totalmente diferente de Julia Child, que, para alcançar o sucesso, não abdicou de empregos por capricho e enfrentou todo tipo de obstáculo. O que vale mesmo é Sofia Vergara (!), que, pela primeira vez, está contida e sem o seu sotaque pesadíssimo (e proposital) que tanto lhe faz caricata. Mas é pouco para um filme que, além de tudo, se encerra com todos os clichês possíveis envolvendo redenção de vilões, acerto de contas e reencontros com o amor.
EDEN LAKE (idem, 2008, de James Watkins): Foi o primeiro filme de James Watkins, que, anos depois, teria relativa repercussão com o mediano A Mulher de Preto, estrelado por Daniel Radcliffe. Também era uma época onde Michael Fassbender não era quem é hoje. Apesar de tais curiosidades, este é um filme que, mesmo saudado como um thriller provocativo, não soa muito convincente. Particularmente, não acreditei muito na história de três ou quatro pré-adolescentes que conseguem raptar e prender à força um adulto do porte de Fassbender. O plot em si já é uma mistura de clichê com inconvincente: o casal que resolve passar um fim de semana em um local no meio da floresta (óbvio!) e que é atormentado por um grupo de jovens inconsequentes e claramente problemáticos. Eden Lake chega a extremos, o que não ajuda muito um filme que por si só já tem uma narrativa bastante frágil. Fassbender não tem muito o que fazer, já que passa boa parte do tempo amarrado ou torturado, deixando o protagonismo para a apenas regular Kelly Reilly (que foi a namorada alcoolista de Denzel Washington no recente O Voo). O final tem seu impacto e foge do convencional – o que é uma grande vitória -, mas nada que mude a sensação de decepção com o todo.
SEM ESCALAS (Non-Stop, 2014, de Jaume Collet-Serra): Impossível não lembrar do interessante Plano de Voo, de 2005, onde Jodie Foster investigava o desaparecimento de sua pequena filha dentro de um avião. A atmosfera de Sem Escalas é basicamente a mesma: o suspense envolvendo a identidade de um possível conspirador. No caso deste recente filme de Jaume Collet-Serra (responsável por bobagens como Casa de Cera e A Órfã), procuramos saber quem é o responsável por enviar mensagens a um policial (Liam Neeson) ameaçando matar tripulantes caso 100 milhões de dólares não sejam transferidos para uma determinada conta. Como um filme Supercine de sábado à noite, Sem Escalas segura bem as pontas e prende a atenção com um ritmo bastante ágil. De brinde, ainda existem participações de luxo (Julianne Moore, Michelle Dockery, Lupita Nyong’o). Porém, assim como em Plano de Voo, o desfecho não está à altura do eficiente desenrolar. A forma como Sem Escalas resolve uma tensão relativamente bem conduzida até então pode até ser convincente, só que não é necessário muito tempo para que o espectador logo a tenha esquecido após a sessão. Um filme pipoca bastante objetivo e que cumpre sua missão de divertir, mas que cai na armadilha de criar um mistério mirabolante e não ter respostas suficientemente marcantes para poder dizer que cumpriu por completo a sua missão.
VIZINHOS (Neighbors, 2014, de Nicholas Stoller): É divertido o contraste proposto por Vizinhos. De um lado, um grupo de jovens estudantes que realiza festas astronômicas e que acaba de se mudar para uma pacata vizinhança. De outro, um casal que acaba de ter uma filha e que, mesmo se amando, concorda que a rotina já caiu na monotonia. Em um primeiro momento, eles ficam temerosos com a bagunça que os novos garotos da vizinhança podem causar, mas basta a primeira festa para que ambos, secretamente, fiquem tentados a reviver épocas passadas de bebidas, música e agitação. É de se lamentar, no entanto, que esse vislumbre de esperteza do roteiro logo se perca em um descontrolado combate entre o casal e os novos vizinhos por paz e sossego. Descontrolado no sentido de que tudo seria perfeitamente resolvido com uma simples ligação para a polícia, mas desculpas esfarrapadas fazem com que tudo descambe para situações implausíveis e até socos e pontapés entre Seth Rogen e Zac Efron. Falando neles, o primeiro faz o mesmo de sempre (para o bem e para o mal). Já o segundo desaponta por nunca ter cumprido a promessa de ser o jovem galã com desenvoltura para comédia que vimos em 17 Outra Vez. No meio de tantas bobagens, quem se salva mesmo é Rose Byrne, que, desde Missão Madrinha de Casamento, tem provado que o seu ponto mais forte é fazer comédia – e não dramas, onde está sempre insossa, a exemplo de todas as temporadas do seriado Damages.
Também gosto da Rose Byrne e achei o Zac igualmente fantástico nesse filme, eu diria que até melhor do que em “17 Outra Vez”, e o Seth Rogen está mais no piloto automático do que exatamente ruim
Kamila, a Rose Byrne tem me surpreendido muito em comédias. Ela funciona muito bem! Tomara que se descubra nesse gênero!
Não assisti a nenhum dos filmes resenhados, mas quem diria que Rose Byrne iria se destacar, agora, como atriz de comédia!!! Eu concordo contigo e acho que ela tem um ótimo timing cômico. isso foi mais do que provado em “Missão Madrinha de Casamento”, em que ela foi um dos destaques do elenco.