Sou muito fã da Stella Daudt, a autora do By Star Filmes. Admiro essa sensibilidade dela ao assistir a filmes e ao escrever sobre eles. Tenho para mim que a Stella é uma cinéfila que mede a grandeza de um filme por seus significados e pela forma como ele toca o espectador, muito antes de sua técnica ou do nome do diretor, por exemplo. Penso e assisto a filmes da mesma maneira, e talvez venha daí o meu apreço cinematográfico por ela. Conversando com a Stella, descobri que escolher três interpretações para esta seção não foi uma tarefa nada fácil para essa convidada. E o resultado foge de qualquer escolha óbvia ou previsível, trazendo escolhas que, sem dúvida, podem servir de guia para que cinéfilos descubram outras pequenas grandes interpretações que não foram necessariamente tão celebradas. Mais do que tudo, é uma lista que é a cara da Stella. Confiram:
Maggie Smith (Assassinato em Gosford Park)
A irônica Constance Trentham é uma precursora de Lady Violet Crawley, a condessa viúva em “Downton Abbey”. Ambas destilam ironia e comentários sarcásticos em abundância, não respeitando criatura alguma. No papel de Violet, embora evite criancinhas, Maggie ainda mostra empatia e humanidade por seus semelhantes. Já como Constance Trentham, ela não perde a chance de fazer uma piada maldosa e só se importa com ela mesma. Que diferença de Charlotte Bartlett, a aborrecida prima pobre que Maggie interpretou em “Uma Janela para o Amor”! Maggie Smith é uma das mais brilhantes e completas atrizes inglesas vivas, uma versão feminina do talentoso Sir John Gielgud. Deus lhe dê saúde e memória para seguir atuando até o fim de seus dias!
Leila Diniz (Todas as Mulheres do Mundo)
No filme de Domingos de Oliveira, a Maria Alice criada pela Leila consegue ser modesta, responsável, uma companheira afetuosa e, ao mesmo tempo, sensual e divertida. Em alguns momentos ilumina a tela com um sorriso contagiante, para depois nos entristecer com um semblante reflexivo ou melancólico. Seu desempenho torna fácil perceber o que o mulherengo Paulo sente: para estar só com ela, valeria a pena deixar todas as outras. Maria Alice era “todas as mulheres do mundo”. A história é uma belíssima declaração de amor de Domingos de Oliveira a Leila Diniz. Para quem ainda não viu o filme, vale a pena assistir e conhecer o desempenho primoroso de uma atriz natural, sensível e inteligente.
Jacques Tati (Mon Oncle)
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1958. A criação de Tati como Monsieur Hulot, o tio distraído do menino Gérard Arpel, e um senhor socialmente desajeitado e totalmente adorável – toca o coração e fica na memoria. Os Arpel, os pais de Gérard, são gente moderna, muito ocupada e um tanto impessoal; tudo o que Hulot não é. Sua simplicidade conquista o sobrinho e a nós. Graças à terna interpretação de Jacques Tati, Hulot foi um dos personagens que permaneceu comigo desde a infância.
Kamila, concordo! :)
Adorei as escolhas da Stella. Bem pessoais!