Um bom ano para os atores protagonistas, com representantes das mais variadas gerações e estilos de interpretação. Por isso, é um tanto frustrante que a disputa esteja tão definida para Matthew McCounaghey, o ator do momento que agora ainda vive uma era de sucesso na TV com True Detective, da HBO. Sua celebração, no entanto, não é nenhuma novidade, já que transformação física é ingrediente certo para prêmios. É praticamente impossível que ele perca o Oscar, mas, caso dê uma louca na Academia, tudo indica que seria finalmente o momento de Leonardo DiCaprio, uma ideia que me agrada bastante já que Chiwetel Ejiofor corre completamente por fora.
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BRUCE DERN (Nebraska): A sensibilidade com que Bruce Dern conduz o seu personagem é um dos pontos alto de Nebraska. Impressiona a forma como o ator interpreta um velhinho distante, quase surdo e frequentemente rabugento mas nunca cai em estereótipos – seguindo o exemplo de tudo o que Alexander Payne realiza na direção desse subestimado longa. É certo que celebrá-lo sem mencionar Will Forte (esse sim o protagonista de Nebraska) é um tanto errado, mas não quero contestar uma merecida lembrança para esse filme que passará em branco no Oscar.
CHIWETEL EJIOFOR (12 Anos de Escravidão): Para vocês verem como um nome complicado e uma carreira alternativa pesam na vida de um ator. Se fosse qualquer outra estrela no lugar de Ejiofor (um Denzel Washington da vida, por exemplo) entregando exatamente o mesmo desempenho, o favoritismo da categoria não seria tão evidente para McCounaghey. Em 12 Anos de Escravidão, o britânico Ejiofor dá um verdadeiro show como o sofrido Solomon. Da sobriedade ao choro, ele convence e emociona, dominando momentos de tirar o chapéu (a cena final particularmente me desmontou). Merecia ser o favorito.
CHRISTIAN BALE (Trapaça): Um dos atores mais versáteis de sua geração, Christian Bale volta a distribuir esse seu talento em Trapaça. Talvez seja a atuação mais criativa do decepcionante filme de David O. Rusell – o que, sinceramente, não diz muita coisa. De todos os indicados de 2014, esse seria o mais descartável da seleção. Assim como todo o elenco do longa, Bale alcança uma boa média e se comunica muito bem com os outros atores, mas nada tão digno de uma celebração como essa.
LEONARDO DICAPRIO (O Lobo de Wall Street): O destino está sendo cruel com Leonardo DiCaprio no Oscar. Astro e galã que se reinventou nos últimos anos, ele chega a sua quarta indicação sem metade do favoritismo de Matthew McCounaghey – que, ironicamente, também ex-galã que deu uma virada em sua carreira, conseguiu praticamente todos os prêmios da temporada logo na primeira grande investida. Sou muito mais DiCaprio que, de rosto limpo e desprovido de alegorias, impressionou com talento puro, sem ter que emagrecer ou apostar em outras artimanhas para impressionar.
MATTHEW MCCOUNAGHEY (Clube de Compras Dallas): A tática é infalível: McCounaghey veio de uma carreira nada admirável e surpreendeu com um desempenho repleto de transformações físicas. Entretanto, reduzir o desempenho dele somente a isso é maldade. O ator tem sim seus momentos na construção emocional do personagem e se sai muito bem neles. Além de fazer uma ótima dupla com Jared Leto, ele segura com dignidade as pontas quando está sozinho. De novo: fórmula infalível e, nesse sentido, de êxito incontestável. Só que a minha preferência aponta para outra direção…
O ESQUECIDO
Estatisticamente, Tom Hanks seria o grande injustiçado por Capitão Phillips. Só que, ao meu ver, a injustiça é ainda maior com Joaquin Phoenix, que não foi indicado a prêmio algum por Ela. Melancólico e introspectivo, ele dá mais uma prova de grande versatilidade no filme de Spike Jonze – especialmente depois de seu momento forte e visceral em O Mestre. Mas, infelizmente, é o tipo de desempenho que as premiações não costumam reconhecer.
Joaquin Phoenix no lugar de Bale teria sido o ideal, mas dizer que ele não foi indicado a nada foi um exagero. Ele foi indicado ao Globo de Ouro e esteve tbm em vários prêmios de associação de críticos.
Kamila, meu favorito é o Chiwetel, mas ficaria feliz com uma vitória do DiCaprio!
Gabrielle, somos dois, então: eu trocaria facilmente o Christian Bale pelo Joaquin Phoenix.
Brenno, eu premiaria o Chiwetel Ejiofor…
Daniel, concordo quanto ao Ejiofor: é um desempenho sem alegorias, de cara limpa, de talento mesmo. Não que eu desmereça os outros, mas costumo valorizar mais atuações assim…
uma humilde opinião minha..
Matthew McCounaghey está incrível, e tem a questão de “se metamorfosear pela interpretação”..
Mas se formos por essa questão; Christian Bale teve que engordar (ele é fabuloso nisso) e Bruce Dern apresentar em qse 2 hras de filme uma imagem horrorosa de um velho chato, que mal consegue andar..
Acho, então, que Chiwetel Ejiofor deveria levar.. A interpretação dele é minuciosa, no detalhes, no olhar.;msma técnica assim da companheira de cena Lupita Nyong..
Eu dividiria o Oscar entre McCounaghey, DiCaprio e Dern.
Cada texto melhor que o anterior. Muito boa análise de cada um, mesmo que não tão profunda.
PS.: Gosto muito da versatilidade de Christian Bale, mas trocaria fácil sua indicação pela de Joaquim Phoenix.
Dos indicados, só assisti a Leonardo DiCaprio e a Christian Bale. Gosto muito das duas atuações e se o Leo vencer, confesso, ficarei feliz. O trabalho dele em “O Lobo de Wall Street” é sensacional!!!