Não é um grande ano para os atores coadjuvantes e muito menos misterioso em relação ao futuro vencedor. A lógica é bastante clara: Jared Leto será o vitorioso por Clube de Compras Dallas. Quem diria que Leto, que não atuava desde 2009 (quando fez o magnífico Sr. Ninguém), seria o grande nome de uma temporada de premiações? A resposta é simples: transformação. Se Felicity Huffman não teve chances com o estereótipo de moça-de-comédias-populares-que-aprendeu-a-atuar de Reese Witherspoon, Leto levou a melhor este ano, onde a concorrência é praticamente inexistente. Se fosse para citar um azarão, esse seria Barkhad Abdi, por Capitão Phillips. Mas é certo, coloque no bolão: Leto é a aposta certa.
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BARKHAD ABDI (Capitão Phillips): Mais uma discussão pertinente sobre o papel de um dos candidatos cabe aqui (como Julia Roberts, em Álbum de Família). Seria Barkhad Abdi protagonista ou coadjuvante em Capitão Phillips? Difícil dizer. Mas não acho sua classificação como coadjuvante um total absurdo. No seu trabalho de estreia no cinema, Abdi se saiu maravilhosamente bem como o pirata somali que lidera o sequestro do navio de Phillips (Tom Hanks). Sem nunca vilanizar por completo uma figura que poderia cair nessa armadilha, o estreante é o azarão que pode surpreender (levou o BAFTA com Jared Leto fora da disputa).
BRADLEY COOPER (Trapaça): Das quatro indicações que Trapaça recebeu para seus atores, essa é, sem dúvida, a mais questionável. Se ano passado Bradley Cooper de fato mereceu concorrer em um ano incrível para os atores, agora ele já não deveria estar nem nessa categoria relativamente mediana. Sua interpretação é a mais sem variações do filme de David O. Rusell. Enquanto os outros atores exploram talentos ou diversões de diferentes maneiras, Cooper surge acomodado e repetitivo em seu papel. Dos cinco concorrentes, o menos interessante.
JARED LETO (Clube de Compras Dallas): É válida a dúvida sobre a verdadeira razão de Jared Leto roubar todos os holofotes quando entra em cena em Clube de Compras Dallas. É uma mera transformação impressionante ou realmente um desempenho repleto de criações? De fato ele está nessa linha tênue, mas certamente venceu todos os prêmios da temporada (menos o BAFTA, onde não concorria) por essa sua capacidade de se destacar em cada minuto do filme. É fácil simpatizar e torcer para que logo venha mais um momento do travesti Rayon graças ao que Leto realiza – independente do peso da ajuda de seu maquiador e hairstylist.
JONAH HILL (O Lobo de Wall Street): É a segunda indicação ao Oscar de Jonah Hill que não é necessariamente merecedora de estar entre as finalistas. Só que nesse ano tão fraco para os coadjuvantes nem dá para reclamar muito de sua presença aqui. Por mais que ele não traga qualquer novidade em O Lobo de Wall Street, é um bom suporte para a história e alcança um resultado digno ao lado de Leonardo DiCaprio. Ainda espero, no entanto, o dia em que ele seja lembrado por algo surpreendente, e não por sobra de espaço ou situações inexplicáveis (por que concorreu por O Homem Que Mudou o Jogo mesmo?).
MICHAEL FASSBENDER (12 Anos de Escravidão): Muitos já reivindicavam uma indicação para Michael Fassbender por Shame, mas só agora ele conseguiu chegar entre os finalistas. Lembrança bastante justa a um desempenho forte e que se beneficia de um papel impressivo. Fassbender assumiu publicamente que não faria campanha e, mesmo que fizesse, seria difícil ele bater Jared Leto – em papel muito mais atraente para os votantes – na competição deste ano. De qualquer forma, é uma justa menção ao nome deste ator em ascensão que, um dia, certamente terá a estatueta em casa.
O ESQUECIDO
Daniel Brühl por Rush? Por mais que o desempenho dele seja ótimo no filme de Ron Howard, considerá-lo coadjuvante é o mesmo que dizer que Ethan Hawke também é coadjuvante em Antes da Meia-Noite. Por isso, fico mesmo com Jake Gyllenhaal, em Os Suspeitos, o melhor filme mais subestimado nessa temporada de premiações. Nesse suspense exemplar, Gyllenhaal é certeiro como um policial cheio de tiques que precisa desvendar um desaparecimento.
O esquecido tbm poderia ser Gandolfini, ótimo em À Procura do Amor. E não entendo essa admiração toda por Os Suspeitos. O diretor ja fez um filme maravilhoso (Incêndios), mas sua investida em holywood, embora tensa, bem atuada e eficiente, me pareceu um suspense normal, com alguns burracos no roteiro e personagens pouco bem delineados.
A categoria de ator coadjuvante está fraca? É até um absurdo afirmar isso. É uma das melhores dos últimos 10 anos… São atuações fortíssimas de todos candidatos. Jonah Hill em uma atuação explosiva, visceral… Tão boa quanto em Moneyball. Leto numa atuação primorosa, uma das melhores da carreira do ator. Fassbender na melhor atuação da carreira… Enfim, não concordo com seu ponto de vista.
Luiza, “Os Suspeitos” merecia VÁRIAS indicações! Pelo menos foi lembrado em fotografia…
Reinaldo, para mim, Hill nem concorreria =/
Jake Gyllenhaal é o melhor coadjuvante do ano, só não está concorrendo. Entre os que competem, Hill é o melhor na minha avaliação. Seguido de muito perto por Abdi.
abs
Nao posso concordar mais contigo Matheus. Para mim é inexplicavel a ausência de Os Suspeitos e principalmente de Jake. Quando sai do cinema ainda falei, bem convencida de mim mesma, “já tá certo um dos candidatos do oscar”. E ai me vem com Jona Hill? Bitch, please.