O som das trilhas

scoregatsbyMegalomanias à parte, o diretor Baz Luhrmann, quando decide ter tino para trilhas sonoras, simplesmente arrasa. Não à toa, muito do status de clássico de Moulin Rouge! se deve ao trabalho musical de Luhrmann. Ainda não sabemos como é O Grande Gatsby, mas já podemos dizer que ele acertou mais uma vez nesse quesito. Trazendo algumas das mais belas vozes da atualidade, a trilha já tem canções para se ouvir repetidamente, como Kill and Run (da sempre impressionante Sia) e Young and Beautiful (que traz todos os elementos que fizeram de Lana del Rey um sucesso). Tem seus excessos e outras inventividades que cabe a cada um decidir até que ponto funcionam, mas, no geral, é um resultado digno de elogios.
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scorewarrior

Subestimado por seu trabalho em Crash – No Limite que, assim como o filme, divide opiniões, Mark Isham realizou em Guerreiro mais uma trilha que pontua muito bem os dramas e a contemporaneidade de uma história. Reinventando Beethoven e trazendo um ótimo ritmo musical para esse filme que por si só já é eletrizante, Isham aqui também reproduz várias de suas marcas. É um trabalho mais discreto e que não chega a ser necessariamente marcante, mas que está em sintonia com as propostas do diretor Gavin O’Connor. O uso da bela About Today, do The National, em uma versão estendida e instrumentalizada ainda foi responsável pelo ponto alto do longa.
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scoreoblivionJoseph Kosinski sabe fazer filmes de ficção. Só que ele precisa de roteiros infinitamente melhores. É o caso de Oblivion, que, mesmo quase sonolento, é outra investida sua que constrói um universo interessante do ponto de vista estético e que traz mais uma boa escolha na trilha sonora. Sai Daft Punk de Tron: O Legado para a entrada de M83. Álbum cercado de expectativas (afinal a banda é irresistível), basta uma primeira ouvida para constatar que, apesar de cheio de excelentes referências (Hans Zimmer e o próprio Daft Punk), a mistura não é tão interessante quanto os seus ingredientes. Funciona no filme, tem ritmo e é bem realizada, mas, estranhamente, nunca chega a impressionar.
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scoretronre

Ainda no universo de Joseph Kosinski, vale sempre lembrar o quanto Daft Punk acertou na trilha de Tron: O Legado. Injustamente preterido, o álbum do duo francês já pode muito bem se firmar como referência no gênero. No entanto, essa versão remixada é completamente desnecessária. Na tentativa de transformar o filme de Kosinski em uma experiência dançante e moderninha para as pistas, Tron: Legacy – Reconfigured cai em excessos, nada acrescenta à trilha original e não é mais do que um caça-níquel que, claro, não deu certo. O álbum original de Daft Punk já marcava por si só. Nada mais precisava existir, especialmente um remix quase irritante como esse.
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scorerustMesmo com o número infinito de trilhas por ano, Alexandre Desplat sempre dá um jeito de voltar a suas origens e realizar algum projeto na sua terra natal. Dessa vez, ele está novamente em território francês, repetindo a parceria com o diretor Jacques Audiard. Em Ferrugem e Osso, Desplat apresenta uma trilha muito sutil, indo totalmente de encontro com o que Audiard desenvolve na relação de Stéphanie (Marion Cotillard) e Ali (Matthias Schoenaerts). Composições como Le LacLa Plage são uma prova da ótima ambientação construída pela trilha do francês. Nada revolucionário, mas de grande competência, como grande parte do currículo do compositor.
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scoretomorrow

Escape From Tomorrow só foi exibido no Festival de Sundance até o momento e sua equipe composta praticamente por desconhecidos não deve lhe dar muita repercussão em circuito comercial. Porém, em termos de trilha, é bom ficar atento: aqui, temos mais um excelente trabalho do polonês Abel Korzeniowski. Sempre com um estilo inconfundível, o compositor apresenta uma trilha repleta de momentos inspirados, onde algumas composições beiram o épico, como The Grand Finale. É, até agora, o menor projeto do polonês, mas ainda assim um notável adendo para sua admirável carreira.

3 comentários em “O som das trilhas

  1. Ricardo, eu adoro trilhas! E quero dedicar mais do meu tempo para escrever sobre elas…

    Kamila, o Joseph Kosinski sempre acerta nas trilhas, mesmo quando elas não são tão inspiradas, como é o caso de “Oblivion”!

  2. Conheço todas as trilhas resenhadas, exceto as de “Great Gatsby” e “Escape from Tomorrow”. De todos os que você destaca, acho importante falar sobre Joseph Kosinski, um diretor que sabe aproveitar bem o que a trilha sonora pode fazer por um filme – isso pode ser visto muito bem em “Oblivion” e “Tron: O Legado”. Sou fã do Alexandre Desplat, um workaholic que, dificilmente, comete erros com suas trilhas. E adoro “Guerreiro”, meu filme favorito de 2012, incluindo a sua trilha sonora.

  3. Bela matéria, Matheus! É difícil ler artigos sobre trilha sonora de filmes hoje em dia, com bons comentários. Só na finada SET, e antes dos anos 2000. Parabéns e grande abraço!

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