Os vencedores do Globo de Ouro 2021

Chloé Zhao (Nomadland) é somente a segunda mulher a vencer o prêmio de melhor direção em quase 80 anos de trajetória do Globo de Ouro.

Haverá uma imensa resistência por parte da crítica em admitir, mas é fato que o Globo de Ouro, consciente ou não, contornou a avalanche de críticas que vinha recebendo desde a revelação de sua lista de indicados com vencedores coerentes e, por vezes, positivamente surpreendentes. Aliás, o Globo de Ouro nos assinalou a possibilidade de termos uma temporada altamente divisiva e até mesmo imprevisível, o que é muito bom se considerarmos que, em anos anteriores, somente o Oscar foi capaz de fazer escolhas mais autênticas, como a própria vitória de Parasita em melhor filme.

A cerimônia em si foi arrastada e sem vida, onde nem mesmo as apresentadoras Amy Poehler e Tina Fey conseguiram tirar leite de pedra ou se aproximar do belo dinamismo que vimos na última edição do Emmy, por exemplo, onde os indicados também estavam conectados de forma remota. No entanto, a abertura dos envelopes compensou a anemia da transmissão. Do primeiro prêmio entregue a Daniel Kaluuya como ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro até revelações inesperadas como a da categoria de melhor atriz para Andra Day por The United States vs. Billie Holiday, o Globo de Ouro não passou vexame em 2021, assinalando para a possibilidade de termos uma temporada sem grandes favoritos em várias categorias. 

Ao que tudo indica, o suspense deve mesmo ir longe: além de Andra Day, a própria Jodie Foster, que levou o prêmio de atriz coadjuvante por The Mauritanian, não concorre ao Screen Actors Guild Awards. Em termos de entretenimento, essa imprevisibilidade é ótima, inclusive porque o SAG tem deixado de se tornar o mais fiel dos termômetros para o Oscar (um exemplo recente é a grande Regina King ter faturado o Oscar por Se a Rua Beale Falasse sem sequer ter sido lembrada por esse prestigiado sindicato). E é importante perceber também alguns sinais dados pelo Globo de Ouro, como a derrocada prematura de Mank (líder de indicações deste ano) e de Bela Vingança, cujo buzz estava acentuado nas últimas semanas. Ambos saíram da cerimônia de mãos abanando.

Outro ponto bastante positivo do Globo de Ouro foi a escolha dos vencedores de melhor filme. Ainda não conferi Nomadland, mas é gratificante ver um filme desta natureza e comandado por uma mulher oriental (vencedora do prêmio de melhor direção!) freando a consagração de Os 7 de Chicago ou Mank, dois longas tradicionalíssimos. Entre as comédias, houve acerto em um ano sofrível, já que Borat: Fita de Cinema Seguinte era, junto com Palm Springs, o melhor de uma seleção que tinha Hamilton (um espetáculo de teatro filmado que o SAG considerou televisão) e o tenebroso A Festa de Formatura.

Por fim, chegando aos seriados, vitória absoluta e merecida de The Crown. Com sua quarta e melhor temporada, a atração da Netflix foi vitoriosa em todas as categorias que concorria: melhor série dramática, melhor atriz para Emma Corrin, melhor ator para Josh O’Connor e melhor atriz coadjuvante para Gillian Anderson. E seria impossível não mencionar a bela homenagem para a sempre elegante Jane Fonda, que entregou um discurso engajado, sem qualquer vaidade e digno de uma atriz de sua grandeza. Foram momentos como esse que compensaram uma cerimônia protocolar e sem nenhum senso de entretenimento, o que já está traduzido na queda de aproximadamente 60% na audiência do Globo de Ouro em comparação ao ano passado.

Confira abaixo a lista completa de vencedores:

CINEMA

MELHOR FILME – DRAMA: Nomadland
MELHOR FILME COMÉDIA/MUSICAL: Borat: Fita de Cinema Seguinte
MELHOR DIREÇÃO: Chloé Zhao (Nomadland)
MELHOR ATRIZ – DRAMA: Andra Day (The United States vs. Billie Holliday)
MELHOR ATOR – DRAMA: Chadwick Boseman (A Voz Suprema do Blues)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA/MUSICAL: Rosamund Pike (Eu Me Importo)
MELHOR ATOR – COMÉDIA/MUSICAL: Sacha Baron Cohen (Borat: Fita de Cinema Seguinte)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Jodie Foster (The Mauritanian)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Daniel Kaluuya (Judas e o Messias Negro)
MELHOR ROTEIRO: Aaron Sorkin (Os 7 de Chicago)
MELHOR ANIMAÇÃOSoul
MELHOR FILME ESTRANGEIROMinari (Estados Unidos)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: “Io Sí” (Rosa e Momo)
MELHOR TRILHA SONORA: Trenz Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste (Soul)

SÉRIES, MINISSÉRIES E TELEFILMES

MELHOR SÉRIE – DRAMAThe Crown
MELHOR SÉRIE – COMÉDIASchitt’s Creek
MELHOR MINISSÉRIE/TELEFILME: O Gambito da Rainha

MELHOR ATRIZ – DRAMA: Emma Corrin (The Crown)
MELHOR ATOR – DRAMA: Josh O’Connor (The Crown)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA: Catherine O’Hara (Schitt’s Creek)
MELHOR ATOR – COMÉDIA: Jason Sudeikis (Ted Lasso)
MELHOR ATRIZ – MINISSÉRIE/TELEFILME: Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha)
MELHOR ATOR – MINISSÉRIE/TELEFILME: Mark Ruffalo (I Know This Much is True)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – SÉRIE/MINISSÉRIE/TELEFILME: Gillian Anderson (The Crown)
MELHOR ATOR COADJUVANTE – SÉRIE/MINISSÉRIE/TELEFILME: John Boyega (Small Axe)

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