Quando o multipremiado diretor de fotografia Emmanuel Lubezki precisou desistir de Roma em função de conflitos de agenda, o cineasta Alfonso Cuarón imediatamente assumiu, pela primeira vez, o cargo do seu amigo e colaborador de longa data. Para essa nova empreitada, Cuarón diz ter sempre se perguntado quais seriam as escolhas que Lubezki teria feito para a fotografia de Roma, reproduzindo os tantos aprendizados de colaborações como E Sua Mãe Também, Filhos da Esperança e Gravidade. Mesmo inspirado pelo amigo, o diretor quis criar uma identidade própria, o que começa logo na decisão de filmar Roma em preto-e-branco: descartando o mero apelo estético, Cuarón cria um filme que, visualmente falando, não parece vintage ou datado, mas de certa forma moderno e contemporâneo ao registrar, com imensa beleza, memórias distantes e muito íntimas. Essa dualidade entre presente e passado é fascinante porque a câmera flutua como se estivesse em um tempo diferente e como se soubesse todos os detalhes e reverberações de um universo que os próprios personagens só (re)conhecerão com o passar dos anos. Lubezki, que assistiu ao longa, diz que a fotografia de Roma é elegante e cadenciada como um complexo número de jazz. Para um trabalho de estreia, Cuarón nem precisaria do Oscar que recebeu na respectiva categoria para se sentir realizado: somente esse elogio de um mestre como Lubezki já é o suficiente para coroar o trabalho. Ainda disputavam a categoria: A Forma da Água, Sem Fôlego, Trama Fantasma e Você Nunca Esteve Realmente Aqui.
EM ANOS ANTERIORES: 2017 – Blade Runner 2049 | 2016 – Ponto Zero | 2015 – Macbeth: Ambição e Guerra | 2014 – Ida | 2013 – Gravidade | 2012 – As Aventuras de Pi | 2011 – A Árvore da Vida | 2010 – Direito de Amar | 2009 – Quem Quer Ser Um Milionário? | 2008 – Ensaio Sobre a Cegueira
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Dos seus indicados, só assisti a “Roma” e “A Forma da Água”. Acho que minha escolha de vencedor, nesta categoria, seria a mesma que a sua.