Uma interpretação delicada e econômica. Outra biográfica e de rara esperteza dramática para o gênero. E, por fim, aquela de viés clássico para ninguém colocar defeito. É diversa e muito bem pensada a trinca de interpretações selecionada pelo amigo blogueiro Brenno Bezerra. Fã incondicional de Nicole Kidman e colega cinéfilo que, assim como eu, também acompanha há anos a temporada de premiações, Brenno, vale lembrar, me deu o privilégio, anos atrás, de participar das pesquisas para o seu livro Resenhistas na Web: O Novo Crítico de Cinema, lançado em 2015. É sempre estimulante trocar ideias com cinéfilos de gosto democrático e que reconhecem que a qualidade do cinema está nos olhos de quem vê. E, durante esses anos acompanhando o Brenno, tenho a certeza de que ele se encaixa nessa definição. Para conhecer um pouco mais o trabalho desse colega blogueiro, basta acessar o blog Rede Cinéfila.
Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade)
Quem conhece bem minha relação com o cinema sabe que minha atriz preferida é Nicole Kidman, que, por sinal, despertou em mim esse grande fanatismo justamente nos primeiros anos pós-divórcio de Tom Cruise, quando lançou Moulin Rouge! – Amor em Vermelho, Os Outros e As Horas, e acabou ganhando o Oscar por este último. Mesmo que posteriormente tenha feito boas atuações, era notável que ela já não estava mais em seu alto nível, e a qualidade dos filmes era decepcionante. Aí veio 2010 e o cinema foi brindado com o emocionante Reencontrando a Felicidade, onde os fãs puderam ver a Nicole que eles tanto veneram de volta, na mais forte carga dramática que ela tem total capacidade de executar em suas performances. Melhor atuação de sua carreira? Não, de forma alguma. Mas foi a atuação do recomeço, para mostrar que a estrela não estava apagada. Oito anos depois, posso constatar que ela ainda vive um belo auge e é uma rainha que não perde a majestade.
Sean Penn (Milk – A Voz da Igualdade)
Se alguém me perguntar se há uma atuação do século XXI que pode ser incluída entre as melhores de todos os tempos, eu diria, sem pensar duas vezes: Sean Penn, em Milk – A Voz da Igualdade. Não só por toda a sua postura pessoal e de seus personagens ao lado de sua carreira (muitos metidos a machões), ele ousa e impressiona ao não abrir e se deixar consumir por cada virtude, característica e/ou trejeito do Harvey Milk, se entregando de maneira voraz a cada cena e deixando o espectador de boca aberta minuto após minuto, fazendo de sua performance um autêntico show à parte num excelente filme, com outros excelentes atores. Uma atuação memorável e que recebeu seus merecidos reconhecimentos.
Elizabeth Taylor (Quem Tem Medo de Virginal Woolf?)
Ela é tida como a maior atriz de todos os tempos, diva dos olhos azuis e um forte exemplo de uma época em que a atriz mais bem paga era necessariamente a mais talentosa. A obra-prima de Mike Nichols, Quem Tem Medo de Virginal Woolf?, foi concebida para dar, em seu suspense, um grande destaque aos quatro personagens centrais, e de fato tal objetivo fora alcançado, mas ninguém pode negar que o chamou mesmo a atenção, cena após cena, foi aquela mulher embriagada, sem pudor, tão repugnantemente desprezível quanto admiravelmente forte e destemida, levando Elizabeth Taylor a encarnar alguém mais feia e velha do que ela. O surpreendente é que estas características sugaram o ápice do talento de Elizabeth Taylor, que já era consagrado, mas ali fez dela uma unanimidade inquestionável. A maneira como Liz interpretou a Martha, nenhuma atriz faria igual.
Brenno fez excelente escolhas! :)
Também acho, Kamila!