Marçal é um amigo cinéfilo que a internet me trouxe ainda nos tempos do saudoso Orkut. E o que mais curto ao trocar ideias sobre cinema com ele é que não existe preconceito com qualquer tipo de filme. Marçal, assim como eu, vai do cinema cult ao cinema feito para o povão, e por isso toda conversa com ele é sempre livre e prazerosa. De Woody Allen ao cinema independente, ele agora participa da nossa coluna destacando três desempenhos femininos de estilos completamente distintos, mas igualmente marcantes para as respectivas carreiras das atrizes selecionadas. É um trio de performances fortes e de personagens que, sem dúvida, trazem à tona as viagens internas mais lindas e perturbadoras de seres humanos singulares. Boa leitura!
Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino)
Quando se fala em “atuação poderosa”, o meu cérebro imediatamente me leva para Marion Cotillard em Piaf – Um Hino ao Amor e Charlize Theron em Monster – Desejo Assassino. Vi Monster em 2003. Eu tinha 12 anos e me lembro exatamente que essa foi a primeira atuação que realmente me impactou. O personagem é pesado, o filme é denso e a atriz principal passou por uma verdadeira transformação física e psicológica para interpretá-lo. O making of do filme mostra Charlize tendo fortes crises de choro após a realização de algumas cenas. É de doer o coração. E também motivo para muito orgulho! Adoro ver a entrega absoluta de um ator. Hoje Charlize é um ícone pop. Além do hit Mad Max – Estrada da Fúria, ela foi muito bem paga para ser a vilã sexy do megalomaníaco Velozes e Furiosos 8. Também vale ressaltar que eu A.M.O. Jovens Adultos. Eu realmente acredito que Charlize Theron tenha se encontrado nesse cinema mais blockbuster e comercial, mas nenhum papel seu será tão desafiador e instigante quanto o de Monster.
Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Preciso admitir que não sou grande fã de Penélope Cruz. Não acho que ela esteja bem na maioria dos papéis que interpreta nem que possua uma carreira brilhante. Sahara, Bandidas, Zoolander 2 e até mesmo Nine são alguns dos filmes que me tiram o encanto por essa atriz espanhola. No entanto, eu preciso admitir que, quando bem dirigida, Penélope é um estouro. E ela NASCEU para interpretar determinados papéis. Eu poderia facilmente mencionar aqui a sua maravilhosa atuação em Volver, mas preferi lembrar de sua memorável personagem em Vicky Cristina Barcelona: a desequilibrada e instável Maria Elena. É incrível como Penélope surge apenas na metade do filme e rouba todas as atenções para si. É um notável caso em que a atriz coadjuvante rouba o protagonismo e revigora o filme por completo. Penélope Cruz tem um merecido Oscar em sua prateleira. Honre ele com carinho.
Felicity Huffman (Transamérica)
Transamérica é o filme perfeito para me conquistar. É simples, possui bons personagens, um excelente roteiro, ótimos atores e o principal de tudo: ele mescla drama e comédia de uma maneira extraordinária. E eu realmente acredito que a vida seja isso: uma eterna mescla de comédia e drama. Felicity Huffman é engraçada e dramática ao mesmo tempo. Ela consegue a dosagem perfeita do riso e do drama. E acreditem: isso é muito difícil de atingir! A sua transexual poderia cair em um mar de clichês e caricaturas, mas Huffman nos brinda com uma atuação comovente e animadora. Eu AMO esse filme! Me lembro como se fosse exatamente hoje: eu saindo do cinema – o Cine Arte UFF em Niterói – risonho, feliz, pleno e leve. E eu amo o cinema por me proporcionar momentos como esse.
3 grandes atrizes, 3 grandes performances! Ótimas escolhas!
Concordo, Kamila!