Jogo do Dinheiro

Without risk, there is no reward.

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Direção: Jodie Foster

Roteiro: Alan DiFiore, Jamie Linden e Jim Kouf, baseado em história de Alan DiFiore e Jim Kouf

Elenco: George Clooney, Julia Roberts, Jack O’Connell,  Dominic West, Giancarlo Esposito, Caitriona Balfe,  Christopher Denham, Lenny Venito, Chris Bauer, Condola Rashad, Aaron Yoo

Money Monster, EUA, 2016, Drama/Suspense, 98 minutos

Sinopse: Lee Gates (George Clooney) é o apresentador do programa de TV “Money Monster”, onde dá dicas sobre o mercado financeiro mesclando com performances típicas de um popstar. Um dia, um desconhecido (Jack O’Connell) invade o programa exatamente quando ele está sendo gravado e, com um revólver, obriga Lee a vestir um colete repleto de explosivos. Patty Fenn (Julia Roberts), a produtora do programa, imediatamente ordena que o mesmo saia do ar, mas o invasor exige que ele permaneça ao vivo, caso contrário matará Lee. Assim acontece e, a partir de então, tem início uma investigação incessante para descobrir quem é o sequestrador e algum meio de salvar todos os que permanecem no estúdio. Paralelamente, a audiência do programa sobe sem parar e todos passam a acompanhar o que acontecerá com o apresentador. (Adoro Cinema)

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Ao receber, em 2013, o troféu Cecil B. DeMille, a grande homenagem do Globo de Ouro para a contribuição de um artista ao cinema, Jodie Foster entregou o melhor discurso visto em anos durante qualquer cerimônia de premiação. O pronunciamento da atriz, entre outros tópicos, apontava discretamente para uma mudança em sua carreira: para bom entendedor, foi fácil perceber que Jodie, vencedora de dois Oscars, já estava desacelerando sua carreira de atriz nos últimos tempos e que, a partir dali, abandonaria maiores holofotes para se dedicar a outros projetos, muito possivelmente atrás das câmeras. Nosso instinto estava certo, pois desde Elysium, sua última investida como intérprete, ela procurou se esmerar como diretora ao comandar episódios de séries como Orange is the New BlackHouse of Cards. No cinema, àquela altura, já eram três os títulos que levavam sua assinatura, e o quarto chega agora com Jogo do Dinheiro, reforçando o desejo de Jodie Foster de agora ser exclusivamente uma contadora de histórias.

Levando em consideração mais o seu novo trabalho do que o anterior (o curioso Um Novo Despertar, protagonizado por Mel Gibson em 2011), não é muito difícil chegar a conclusão de que, caso Jodie Foster queira mesmo se tornar persona mais marcante no cinema como diretora do que atriz, precisa encontrar roteiros melhor lapidados daqui para frente. A experiência adquirida ao atuar em filmes cercados de tensão, sejam elas dramáticas ou policialescas, como AcusadosO Plano Perfeito, tem claro reflexo no que ela entrega aqui. Com bom domínio do ritmo de seu filme e especialmente do tom de suspense e até mesmo de bom humor que atribui a ele, a atriz-agora-diretora se mostra segura atrás das câmeras, o que faz um notável contraponto ao frágil roteiro escrito pelo trio Alan DiFiore, Jamie Linden e Jim Kouf. Se Foster consegue criar a tensão arquitetada em basicamente dois ambientes, o texto falha ao trazer abordagens mais consistentes ao cenário como um todo. Além das revelações dramáticas do sequestrador apenas seguirem a cartilha básica de humanização de personagens do tipo, decepciona como Jogo do Dinheiro prefere canalizar todas as suas críticas e resoluções a um personagem unidimensional que só aparece de fato no terço final da obra.

Contrabalançando a falta de discussões mais aprofundadas acerca do circo midiático e popular que se forma a partir de um programa que transmite um sequestro em tempo real, a reunião de dois atros do calibre de George Clooney e Julia Roberts reforça o prestígio de Jodie Foster como diretora e consequentemente do próprio filme. São os dois atores, em especial Clooney, que também conferem ao filme boa parte de seu envolvimento. Ele, por sinal, está impagável e dramático na medida certa como um apresentador que, ao se ver em uma situação complicadíssima de sequestro em rede nacional, acerta ao enrolar o sequestrador com todo o carisma que lhe tornou uma estrela e, em contramão, comete erros ao deixar visíveis as suas falhas como um sujeito rico, soberbo e excessivamente consciente do seu estrelato.

Clooney comanda o show porque, óbvio, está ótimo, mas porque Roberts fica apenas sentada atrás das câmeras tentando salvá-lo (e dizem as fofocas de bastidores que ela teria atuado boa parte do filme sem estar de fato no mesmo estúdio do ator em função de sua agenda complicadíssima) e porque Jack O’Connell (aquele ator que sofreu horrores no aborrecido Invencível), mesmo se esforçando, não tem, por natureza, uma presença intensa ou marcante. No balaio, coloque ainda um Dominic West que apenas repete – culpa do roteiro novamente! – o tipo difícil e cafajeste que vem desenvolvendo com grande competência no seriado The Affair. Ademais, bastante nervoso e divertido para os padrões de filmes dessa esfera sem maiores genialidades, Jogo do Dinheiro funciona, mas talvez marque mais caso seja encarado como uma breve diversão para um longo domingo chuvoso. 

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