I Smile Back

Nobody tells you that it’s terrifying to love something so much.

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Direção: Adam Salky

Roteiro: Amy Koppelman e Paige Dylan

Elenco: Sarah Silverman, Josh Charles, Skylar Gaertner, Shayne Coleman, Mia Barron, Thomas Sadoski, Sean Reda,  Cynthia Darlow, Terry Kinney, Clark Jackson,  Brian Koppelman, Emma Ishta,  Oona Laurence, Chris Sarandon,  Mia Katigbak

I Smile Back, EUA, 2015, Drama, 85 minutos

Sinopse: As coisas estão complicadas no subúrbio. Laney Brooks (Sarah Silverman), esposa e mãe, parou de tomar seus medicamentos, substituindo por drogas ilícitas e homens errados. Com a iminente destruição da família dela, Laney faz uma última e desesperada tentativa de redenção. (Adoro Cinema)

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É uma injustiça das mais tristes de se testemunhar: qualquer atriz à espera de um Oscar que entregasse exatamente o que Sarah Silverman entrega em I Smile Back varreria uma temporada de premiações e seria aplaudida mundo afora. O papel por si só já seria o sonho para qualquer intérprete aberta a desafios dramáticos: o da mulher suburbana que, casada com o marido perfeito e mãe de dois filhos, simplesmente não nasceu para cumprir tais papeis, constantemente se sabotando ao ser infiel e ao se drogar em qualquer banheiro. Imagine, então, o grande momento que I Smile Back representaria para a carreira de uma Laura Linney da vida, por exemplo, que certamente não seria nem sabotada pelo perfil altamente independente do filme de Adam Salky. Só que a protagonista Laney Brooks foi parar nas mãos da comediante de TV Sarah Silverman, o que automaticamente a desqualifica para receber maiores reconhecimentos, mesmo com uma importante indicação ao Screen Actors Guild Awards 2016 de melhor atriz. Realmente, uma triste injustiça. 

Por outro lado, dramaticamente falando, é muito esperto da parte de I Smile Back escalar uma atriz como Sarah Silverman para uma história como essa, já que, com tal escolha, nunca conseguimos prever o que ela pode fazer no gênero. Mais: temos em cena uma intérprete completamente livre de vícios de interpretação no drama e que, ao longo do filme, constantemente instiga o espectador ao levá-lo por caminhos que ele não imaginava que pudessem ser trilhados por ela. É com uma força para lá de discreta que Silverman, assim como o próprio I Smile Back, aos poucos nos imerge em sua dramaticidade. Existe um quê dos desesperos suburbanos frequentemente retratados pelo escritor estadunidense Tom Perrota (com destaque para Pecados Íntimos) na personagem, que tenta, a todo custo e apesar das repetidas falhas, cumprir os papeis que a sociedade impõe às mulheres. Mesmo tentando, nossa protagonista é, por natureza, incapaz de desempenhá-los, e é aí que mora o conflito mais angustiante da obra.

Pode até ser que o roteiro escrito pela dupla Amy Koppelman e Paige Dylan não tenha tanto esmero quanto os de outros representantes do cinema independente realizado nos Estados Unidos (é quase imperdoável, por exemplo, a total unilateralidade do marido vivido por Josh Charles, cuja perfeição como homem, pai e ser humano sequer chega a ser usada como mais uma forma de sufocar a protagonista), mas novamente a sobriedade reina, o que é essencial para conflitos que, em mãos descuidadas, seriam verdadeiros dramalhões, no pior sentido da referência. Felizmente, o diretor delineia bem as fronteiras dos tons dramáticos de I Smile Back, ganhando até mesmo momentos emocionantes quando toma o caminho oposto do esperado e reprime sentimentos que, em outras abordagens, renderiam uma infinidade de lágrimas e discussões, como na cena em que a personagem faz uma visita a uma antiga pessoa de seu conturbado passado. 

É somente nos minutos finais que Salky e os roteiristas saem da linha e pesam demais a mão em uma sucessão de acontecimentos repletos de infortúnios para tornar ainda mais nebuloso o fundo do poço em que se encontra a personagem. Não era necessário chegar a tantos extremos em um filme que se torna angustiante por justamente reprimir tanta coisa. Fora isso, ao saber dosar diversos temas como infidelidade, drogas, desarranjos familiares e matrimônio com as devidas proporções em uma duração de 85 minutos que poderia trazer superficialidade à história, I Smile Back é um acerto por, assim como tantos trabalhos de sua mesma natureza de produção, apostar no diálogo direto com a vida real, sem firulas cinematográficas – e isso é lindo, mesmo que custe ao próprio longa e a sua própria protagonista, em performance reveladora, um duro esquecimento que já pode ser notado: desde janeiro de 2015 rodando festivais como Sundance e Toronto, I Smile Back não tem previsão de lançamento no Brasil e, nos Estados Unidos, entrou em cartaz apenas em circuito limitado.

2 comentários em “I Smile Back

  1. Interessante ver Sarah Silverman num papel tão dramático e, que bom que ela entrega uma performance arrebatadora!

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