Melhores de 2015 – Filme

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Não há filme que tenha revolucionado mais do que Mad Max: Estrada da Fúria em 2015. O que o diretor George Miller cria vai além de uma grande aula para o gênero ação. Mad Max chega a ser, na realidade, uma reflexão sobre como o cinema pode e deve acompanhar novos tempos e ideias, quebrando barreiras sexistas e subvertendo o que é esperado de mocinhos e vilões. Grandioso em seu realismo técnico e preenchido por uma adrenalina nunca excessivamente frenética, o longa estrelado por Charlize Theron (Tom Hardy que me desculpe, mas o filme se revela indiscutivelmente dela) é mais do que um espetáculo de efeitos visuais e sonoros como a temporada de premiações apontou. A grande verdade é que Mad Max, além de ser por si só uma verdadeira sinfonia de instrumentos muitíssimo bem afinados, chega para marcar época – e não é nem necessário, tamanha a força do filme, esperar o tempo passar para chegarmos a essa constatação. Confira abaixo os outros filmes do nosso top 10 de 2015 com trechos das críticas publicadas aqui no blog.

EM ANOS ANTERIORES: 2014 – Relatos Selvagens | 2013 – Gravidade | 2012 – Precisamos Falar Sobre o Kevin | 2011 – Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 2010 – Direito de Amar | 2009 – Dúvida | 2008 – WALL-E | 2007 – O Ultimato Bourne

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2. BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), de Alejandro González Iñárritu: “O mexicano sempre foi ótimo diretor de atores (aqui não é diferente), mas nunca entregou uma obra tão completa em temática e técnica como essa. É o auge de sua carreira. Dos meros bastidores de um teatro às calçadas da Times Square, sua câmera, aliada a uma ótima fotografia de Emmanuel Lubezki e a uma trilha difícil mas inovadora de Antonio Sanchez, está sempre surpreendendo, do primeiro a ao último plano (o final com Emma Stone na janela é excepcional)”.

3. QUE HORAS ELA VOLTA?, de Anna Muylaert: “Escapa à memória a última vez que um filme tão simples e pequeno se engrandeceu tanto em seus detalhes. O Brasil e seu povo das mais variadas classes estão retratados nesta história executada sem qualquer artifício. Na verdade, nossa realidade está representada com a maior delicadeza, inteligência, contemporaneidade e verossimilhança possíveis. Aqui, Que Horas Ela Volta? funciona como entretenimento de grande reflexão. Lá fora, como veículo de importantes informações sobre um país que, para os estrangeiros, ainda está resumido aos retratos feitos em Cidade de DeusTropa de Elite“.

4. DIVERTIDA MENTE, de Pete Docter e Ronaldo Del Carmen: “Tão genial quanto parece ou quanto qualquer análise pode apontar, Divertida Mente recupera uma força criativa que parecia perdida na Pixar – e o faz transbordando criatividade e emoção em um roteiro atento a todos os detalhes, onde nenhum detalhe é esquecido. Porém, assim como em quase todos os filmes do estúdio, o que fica de mais válido é a série de ensinamentos deixados pela história em questão”.

5. 45 ANOS, de Andrew Haigh: “Passando do inesperado romance jovem de Weekend para o relato maduro de um casamento de mais de quatro décadas que entra em uma intensa reflexão, Andrew Haigh não tropeça na significativa transição temática e entrega, em 45 Anos, uma sólida história onde o presente é reinterpretado a partir do passado rumo a um futuro agora incerto. Sabendo o mínimo possível sobre os detalhes da trama, a experiência de mergulhar nesta repentina reavaliação matrimonial se torna ainda mais envolvente”.

6. DOIS DIAS, UMA NOITE, de Jean-Pierre e Luc Dardenne: “Não espere ver aqui Marion Cotillard ajoelhada frente aos personagens implorando por emprego ou incansáveis choros desesperados dela. Na verdade, as cenas mais belas de Dois Dias, Uma Noite são aquelas que fazem justamente o contrário – e uma das mais bonitas é aquela em que Sandra, frente ao espelho e prestes a cair em lágrimas, se recompõe e repete para si mesma: “você não tem que chorar”.

7. FOXCATCHER – UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO, de Bennett Miller: “Esta dinâmica [a dos protagonistas] tão suscetível a tons mais elevados é conduzida com plena sobriedade por Miller que, mesmo nos mínimos detalhes, age discretamente para envolver o espectador, como no espetacular uso da trilha sonora de Rob Simonsen. Isto não anula, entretanto, a tensão que existe no ar: sempre algo parece prestes a explodir – o que é mérito justamente do diretor de nunca pesar a mão nas cenas”.

8. WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, de Damien Chazelle: “O diretor, também autor do roteiro, é certeiro ao desenvolver quase todo o filme em cenas com as duras aulas do personagem de J.K. Simmons e ao transmitir toda a força destes momentos não só para o texto mas também para a técnica: percebam como a todo o momento a câmera está extremamente próxima aos rostos do personagens, além de capturar, com planos bastante fechados, toda a intimidação que o mestre passa quando fala incessantemente ao pé do ouvido do aprendiz Andrew (Miles Teller) na hora de um ensaio”.

8. ACIMA DAS NUVENS, de Olivier Assayas: É de tirar o chapeu como o francês Assayas fala praticamente o tempo inteiro sobre interpretação, escolha de papeis e preparação de elenco sem nunca entregar o seu filme à teatralidade. As longas cenas de ensaios e bastidores entre as personagem de Binoche e Kristen Stewart são bastante envolventes porque, além de filmadas com bastante fluidez, discorrem dinamicamente sobre outros temas pertinentes às figuras em cena e também ao mundo artístico no geral, como o conflito de gerações, os limites de envolvimento de um ator com um papel e os caminhos cada vez mais distorcidos da relação entre obra e público.

9. CÁSSIA ELLER, de Paulo Henrique Fontenelle: “o documentário de Fontenelle, além de completo e delicado ao passear pela vida da cantora, acerta na sua lição de casa ao explorar a contribuição musical da carioca que até os dias de hoje é considerada referência. Respeitoso, Cássia Eller nos leva ao íntimo de sua personagem com depoimentos de amigos e admiradores e também com um vasto material pessoal (as fotos, muito íntimas, são de uma beleza única, assim como as cartas lidas por Malu Mader)”.

10. MAPAS PARA AS ESTRELAS, de David Cronenberg: “Mapas Para as Estrelas não é para qualquer um. Além do final que transborda pessimismo, este é um longa de personagens difíceis inseridos em situações e vidas sufocantes. Assombrados por expectativas e alucinações, tentam colocar suas vidas nos trilhos. Mas tudo isso não impede que o resultado seja uma viagem gratificante, reflexiva e subversiva. Mais do que isso, uma investida bastante completa, como há tempos Cronenberg não fazia”.

2 comentários em “Melhores de 2015 – Filme

  1. “Mad Max: A Estrada da Fúria” merece todos os elogios e, com certeza, o topo de sua lista de melhores filmes. Uma grande obra dirigida por George Miller, de forma extremamente original e com uma personagem feminina forte e bem defendida por Charlize Theron.

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