43º Festival de Cinema de Gramado #12: Sandro Aliprandini, um viajante em outras vidas

43º Festival de Cinema de Gramado - O ator Sandro Aliprandini. Foto: Igor Pires/Agência PressPhoto www.edisonvara.com.br

Aos 16 anos de idade, Sandro Aliprandini apresenta no Festival de Cinema de Gramado o denso Ponto Zero, um dos filmes mais marcantes da seleção deste ano. Foto: Igor Pires/Pressphoto

Foi uma pequena peça de teatro em um colégio de Passo Fundo que trouxe o gaúcho Sandro Aliprandini para o Palácio dos Festivais. Protagonista do longa Ponto Zero, em competição nesta 43ª edição do evento, o jovem ator nunca imaginou que o papel coadjuvante de um mordomo na peça Zastras lhe levaria para tão longe… e tão cedo! Aos 16 anos, Aliprandini concorre em Gramado como protagonista do primeiro longa-metragem do consagrado diretor gaúcho José Pedro Goulart (O Dia em Que Dourival Encarou a Guarda). O encontro se deu por puro acaso: ao ver a notícia que o jovem estudante havia recebido o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival Intercolegial de Teatro Notre Dame, no Rio de Janeiro, Goulart teve a intuição de chamá-lo para um teste. Não demorou muito para que o diretor tivesse a certeza de aquele era Ênio, o personagem protagonista de seu aguardado primeiro longa-metragem.

Ator desde os sete anos de idade, quando começou a frequentar o grupo de teatro de colégio, Aliprandini, que hoje está terminando o ensino médio e tem planos de sair de Passo Fundo para estudar teatro em Porto Alegre, passou primeiro por uma minuciosa preparação física: teve que esperar um ano para ter a idade exata do personagem (14 anos), deixou o cabelo crescer ao longo desse tempo a pedido do diretor e ainda passou por uma maratona de trabalhos vocais e preparações físicas para as longas cenas de corrida presentes em Ponto Zero. “Enquanto o cabelo crescia, comecei a absorver toda a energia do Ênio, que se esconde de tudo e de todos com esse visual. Também fui preparado pela Ligia Motta, que realizava exercícios vocais comigo até por Skype. Mas tenho pouco do Ênio, até porque minha relação com meus pais é completamente diferente. Talvez me identifique apenas com essa vontade de crescer logo e ser adulto, mas isso é o legal de ser ator: viajar em vidas completamente diferentes”.

A construção de Ponto Zero foi estratégica: todos os atores só leram as cenas minutos antes de gravá-las. Até mesmo o envolvimento com o projeto foi cercado de expectativas, conforme lembra Aliprandini: “Quando fui chamado para o projeto, eu só sabia o que estava na sinopse, que não é muito reveladora. Mas o Zé [Pedro Goulart] sempre me passou muita segurança e ajuda o fato de termos visões muito parecidas sobre cinema”. Apesar do conceito aparentemente amedrontador, o jovem ator não se intimidou com o desafio. “Confesso que ficaria mais nervoso se tivesse um roteiro para ficar me preparando, decorando textos, ensaiando muitas vezes. Não saber previamente como seria cada cena me trouxe adrenalina, e eu gostei disso”, conta.

Filmado quase inteiramente em ordem cronológica, Ponto Zero, por ambientar boa parte de sua trama em uma noite chuvosa, exigiu dos atores um cronograma completamente diferente. Ou seja, Aliprandini, além de viajar a Porto Alegre em tempos de aula, precisou também adaptar seu relógio biológico para cerca de 30 diárias noturnas de gravação. “Mas isso não foi algo sofrido, e sempre tive o apoio da minha família e do meu colégio – afinal, eu estava lá por causa de um projeto deles, o que também os deixava orgulhosos”, avalia. Fã do cinema de Stanley Kubrick e Ingmar Bergman, o gaúcho viu Ponto Zero finalizado pela primeira vez aqui no Festival de Cinema de Gramado. Ele conta que, no princípio, ainda estava muito ligado às memórias dos bastidores durante a sessão, mas que, aos poucos, foi se tornando um espectador comum, embarcando na viagem de Ênio em uma experiência que, segundo ele, não imaginava ter ficado tão “surrealista”.

Sobre a possibilidade de vencer o Kikito aos 16 anos de idade por seu primeiro trabalho no cinema, Sandro Aliprandini não esconde o nervosismo: “Não sei se mereço, mas sem dúvida será mais um importante incentivo para a minha carreira”. Ele prefere não criar expectativas para a noite de hoje e só o que deseja, por enquanto, é agradecer à equipe de Ponto Zero e ao diretor José Pedro Goulart. Assim como Ênio, Sandro Aliprandini ainda tem muito pela frente. E ele, apaixonado por seu ofício, já está pronto para navegar em outras vidas.

* matéria produzida originalmente para a assesoria de imprensa do 43ª Festival de Cinema de Gramado

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