Have courage and be kind.
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Chris Weitz
Elenco: Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Helena Bonham Carter, Stellan Skarsgård, Holliday Grainger, Sophie McShera, Stellan Skarsgård, Derek Jacobi, Ben Chaplin, Hayley Atwell, Rob Brydon, Tom Edden, Alex Macqueen
Cinderella, EUA, 2015, Drama/Fantasia, 105 minutos
Sinopse: Após a trágica e inesperada morte do seu pai, Ella (Lily James) fica à mercê da sua terrível madrasta, Lady Tremaine (Cate Blanchett), e suas filhas Anastasia e Drisella. A jovem ganha o apelido de Cinderela e é obrigada a trabalhar como empregada na sua própria casa, mas continua otimista com a vida. Passeando na floresta, ela se encanta por um corajoso estranho (Richard Madden), sem desconfiar que ele é o príncipe do castelo. Cinderela recebe um convite para o grande baile e acredita que pode voltar a encontrar sua alma gêmea, mas seus planos vão por água abaixo quando a madrasta má rasga seu vestido. Agora, será preciso uma fada madrinha (Helena Bonham Carter) para mudar o seu destino. (Adoro Cinema)
Não adianta tentar ignorar as releituras de clássicos infantis. Assim como a onda de adaptações envolvendo best sellers de aventuras infanto-juvenis, as histórias que encantaram as gerações de milhares de crianças agora ganham nova vida no cinema a todo momento. Cinderela, entretanto, deve ser a primeira adaptação plenamente fiel ao material original, sem qualquer subversão ou mudança de abordagem. Por um lado, existe a preservação da inocência e da magia, o que vem para conquistar novas gerações em tempos que a infância parece cada vez mais… adulta! Por outro, avaliando o novo filme de Kenneth Branagh como um cinéfilo já distante da fase infantil, existem detalhes importantes a serem considerados, sendo o principal aquele que envolve os prós e contras de transpor exatamente a mesma narrativa de uma animação para um filme live action.
Se Cinderela se propõe a não ser nada além de uma versão carne e osso de uma história já conhecida há várias décadas, não dá para deixar de levar em consideração que, desta forma, o fator novidade está ausente aqui, pois sabemos todos os caminhos da trama e qual o desfecho da protagonista. Mas talvez o maior incômodo seja o fato de que, para um filme live action, Cinderela preserve muitas das abordagens que só conseguimos relevar em animações, como a unidimensionalidade das vilãs e a bondade inabalável das heroínas. Malévola agora se mostra influente porque aqui faz falta ver a Madrasta (Cate Blanchett) com um outro lado além do cruel – e, nesse sentido, Blanchett, elegantíssima, tem pouco material para tornar a sua vilã memorável. E o que dizer das enteadas de Cinderela (Lily James), irritantes de tão caricatas e que nada acrescentam ao resultado? Não que o roteiro de Chris Weitz precisasse fazer um grande estudo psicológico dessas figuras, mas uma inteligente costura de suas personalidades merecia aparecer aqui.
A protagonista Cinderela só não se torna uma figura difícil de torcer porque Lily James surpreende ao sustentar bem um papel que, nessa versão em carne e osso, é quase implausível se assistirmos ao filme com outro olhar a não ser o infantil. Como a jovem, ciente de suas origens e influências, se deixa ser pisoteada e humilhada pelas novas integrantes da família sem razões consistentes? “Seja gentil”, disse a mãe de Cinderela antes de falecer. Só que, ao que tudo indica, ela entendeu algo como “seja sem personalidade”, já que não reage a praticamente nenhum dos absurdos a que é submetida. Ok, estamos falando de uma história mágica, encantadora e direcionada ao público infantil, mas aí voltamos à questão levantada anteriormente: transpor uma narrativa infantil sem qualquer mudança de tom para o live action pode ter seus contras. Esse é um deles. Como espectador adulto, percebo um filme dramaticamente frágil, cujo encantamento não é o suficiente para relevar determinados detalhes. Já os pequenos não devem ligar para isso, uma vez que Cinderela, no sentido de preservar classicamente os encantadores valores da história original, consegue cumprir sua missão.
Tecnicamente, não há o que se reclamar do longa de Branagh. Nos figurinos da veterana Sandy Powell, a exuberância reina como poucas vezes vimos em filmes recentes desse gênero, mesmo que muitas vezes o guarda-roupa escancare demais certas leituras (para mostrar que as enteadas da protagonista são desprezíveis, Powell não é nada discreta ao vesti-las quase como palhaças). Enquanto isso, na direção de arte, o mestre Dante Ferreti consegue novamente fazer um belo balanço entre grandiosidade e detalhismo em cada uma de suas escolhas. Por fim, a trilha de Patrick Doyle – um compositor que particularmente não desperta minha admiração – faz o básico funcional para dar o tom ao resultado. Ou seja, Cinderela apenas repete uma história clássica com uma parte técnica bastante impressiva e com o tom adequado para as crianças. Quanto aos adultos, eles podem até se sentir em uma viagem no tempo, mas também correm o risco de perceber que, bem lá no fundo, Cinderela é apenas uma bonita viagem visual sem qualquer diferencial além da nostalgia envolvendo o material original.
Achei “Cinderela” um filme maravilhoso e, como você bem disse, bem fiel à sua história original. O que me chama a atenção na personagem é o fato de ela ser uma princesa diferente, com uma história de vida bem sofrida. O que me chama a atenção também em “Cinderela” é o fato do filme reforçar valores como a gentileza, a coragem e a força/resiliência para enfrentar as adversidades. Kenneth Branagh fez um ótimo trabalho aqui! O filme é LINDO!
Kamila, não consegui me encantar pelo filme, infelizmente… Mas reconheço que o filme é uma boa homenagem ao clássico estilo de se contar histórias de princesa!