Direção: Mauro Lima
Roteiro: Antônia Pellegrino
Elenco: Babu Santana, Robson Nunes, Cauã Reymond, Alinne Moraes, Laila Zaid, Valdinéia Soriano, Paulo Carvalho, Bryan Ruffo, Luis Lobianco, George Sauma, Tito Naville, Renata Guida
Brasil, 2014, Drama, 140 minutos
Sinopse: “Mais grave, mais agudo, mais eco, mais retorno, mais tudo!” O grito de guerra de Tim Maia ainda ecoa nas festas de todas as gerações, idades e classes sociais, onde sua música é sinônimo de alegria e romance. Transgressor, amoroso e debochado, Tim se consagrou como um dos artistas mais queridos e respeitados da música brasileira. Desde a adolescência, quando desembarcou em Nova York sem falar uma palavra em inglês, Tim Maia sempre fez o que queria, com quem e quando queria, e pagou um preço alto por sua liberdade. Mas, depois de sua passagem, a música brasileira nunca mais foi a mesma.
Tim Maia é um filme que dá conta de seu personagem. O furacão nascido Sebastião Rodrigues Maia está bem retratado nesta nova cinebiografia dirigida por Mauro Lima (que, anos atrás, comandou Selton Mello como o traficante carioca João Guilherme Estrella em Meu Nome Não é Johnny), especialmente porque a dupla Babu Santana e Robson Nunes interpreta o cantor com exemplar fidelidade ao longo das décadas. Mas Tim Maia é um filme para quem consegue se contentar com as formalidades tradicionais de uma biografia, com direito a narrações explicativas, vida contada desde os tempos de criança, ascensão e queda de um astro em uma narrativa linear, e por aí vai. Faz parte deste grupo? Então é satisfação garantida. Já se você acha que um filme deste estilo precisa ir além do óbvio, é bom não elevar as expectativas.
Contemplando a história do cantor durante nada menos que 50 anos, Tim Maia opta por narrar por completo toda a trajetória de seu personagem-título (sempre gosto de dizer que recortes específicos podem dizer muito mais do que a narração de uma vida inteira), mas felizmente o filme de Mauro Lima consegue transmitir toda a difícil e tempestuosa personalidade de Tim, um sujeito que pode até ter alcançado o sucesso em função de sua perseverança em fazer o que bem entendia, mas que também perdeu muitas pessoas ao longo do caminho por causa de sua intransigência. Nós compreendemos quem era o protagonista e isso por si só já é uma grande conquista para o longa. Mauro Lima não é mau diretor e isso faz toda a diferença para que a história deste ícone não se torne uma verdadeira bagunça como foi Garrincha – Estrela Solitária, por exemplo.
Como em toda biografia que se preze, Tim Maia tem a seu favor dois ótimos atores incorporando o autor de clássicos da música brasileira como Gostava Tanto de Você, Não Quero Dinheiro e Descobridor dos Sete Mares. Enquanto Robson Nunes capta perfeitamente o timing cômico e genioso do personagem, Babu Santana obviamente se destaca por trazer ao espectador as maiores semelhanças físicas com o cantor. É especialmente no final, quando Tim Maia já enfrentava a solidão, o problema com as drogas e uma obesidade cada vez mais acentuada, que Santana tem os seus melhores momentos, seja representando o cantor no palco ou fora deles. Além da semelhança física, o que existe de especial no trabalho do ator é como ele dá sequência ao que Nunes realizou na primeira fase do personagem, fazendo com que o espectador nunca desvincule uma figura da outra.
Fora as convencionalidades, o que joga contra Tim Maia é o roteiro nada econômico de Antônia Pellegrino, responsável por estender o filme além do necessário. Já não bastasse a duração excessiva para um trabalho da Globo Filmes (em especial este, biográfico e com apelo comercial), o resultado faz sentir a metragem: são diversas as passagens que, se não pudessem ser excluídas, pelo menos fossem reduzidas pela falta de acréscimo dramático ao enredo, como a viagem de Tim aos Estados Unidos na adolescência. Que este espaço fosse usado para explorar mais a parte musical (vale registrar: o repertório do cantor é irresistível), que, quando aparece, tem momentos empolgantes. Isto porque Tim Maia se sai bem ao falar sobre os bastidores pessoais de seu personagem-título, mas quase não esmiúça a genialidade musical e a criação de tantos clássicos dele que até hoje colocam todos para dançar nas pistas.
Kamila, é um ótimo personagem! E o filme o aproveitou bem!
Kahlil, exato =/
É um bom filme, mas que acaba caindo nos velhos cliches que toda cinebiografia de cantor cai.
http://filme-do-dia.blogspot.com.br/
Tim Maia é um bom personagem para um filme: intenso, cheio de idiossincrasias. Estou curiosa em relação a esse longa justamente para ver como foi o retrato feito de um cara que tinha muita personalidade! Confesso que seu texto mostra que a obra resultou naquilo que eu esperava dela, afinal, infelizmente, em se tratando de cinebiografias, não dá para fugir do formato convencional.