I’m gonna get you that present. Give me all your money, baby.
Direção: Jim Jarmusch
Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: Tom Hiddleston, Tilda Swinton, Mia Wasikowska, Anton Yelchin, John Hurt, Jeffrey Wright, Slimane Dazi, Carter Logan, Aurelie Thepaut, Ali Amine, Ego Sensation, Fouad El Achaari, Hawchi Mustapha
Only Lovers Left Alive, Inglaterra/Alemanha/Grécia, 2013, Drama, 123 minutos
Sinopse: A história de amor entre dois vampiros eruditos, Eve (Tilda Swinton) e Adam (Tom Hiddleston), cansados da sociedade atual e profundamente incomodados com a evolução da humanidade. Há séculos eles vivem uma relação de cumplicidade e muito amor, que será abalada pela aproximação da irresponsável irmã caçula da vampira, Ava (Mia Wasikowska). (Adoro Cinema)
Em um diálogo inspiradíssimo de sua quarta temporada, o seriado The Big C afirma que a morte tem má reputação e que, na realidade, ela é a única coisa que faz a vida valer a pena. “Se nós não tivéssemos uma data de validade, nada seria feito”, afirma a protagonista vivida por Laura Linney. Ela tem toda a razão. Afinal, qual a finalidade de realizar planos agora se temos toda a eternidade à disposição? É exatamente por meio desse questionamento que Amantes Eternos constroi seus personagens, mudando (para melhor) a desorientada situação dos vampiros nas plataformas audiovisuais, já que True Blood terminou recentemente em pura decadência, The Vampire Diaries serve mais para causar com homens bonitos ou descamisados e a saga Crepúsculo… bom, deixa pra lá.
Portanto, se esse filme de Jim Jarmusch fosse apenas um digno retrato deles, já seria o suficiente. Mas o diretor vai além e propõe várias discussões sobre a fadiga que deve ser ter uma vida infinita pela frente. Não espere, portanto, grandes fantasias relacionadas ao universo dos vampiros. Existem, aqui ou ali, algumas divertidas referências, mas o foco do roteiro escrito pelo próprio Jarmusch é mesmo esse cotidiano sem perspectiva, prazos ou urgências, exemplificado no casal protagonista vivido por Tom Hiddleston e Tilda Swinton. Eles brincam que o “melhor” já passou (as pragas, as grandes guerras) e que hoje as pessoas se tornaram tão tolas a ponto de só perceberem os problemas quando já é tarde demais. São seres definitivamente desanimados com suas existências.
Para acompanhar esse “cansaço” dos dois e o clima de total desentusiasmo com a vida, Amantes Eternos opta propositalmente por ser lento e old school, escolha que casa perfeitamente com o resultado. Jim Jarmusch – diretor que sempre caminha na linha tênue entre o indie e o pretensioso -, acerta ao realizar um filme sutil e contido, baseado nos pequenos momentos da existência dos protagonistas. O relato ganha contornos ainda mais interessantes porque o casal é vivido com grande inspiração por Hiddleston e Swinton. Juntos, eles têm o visual gótico perfeito para os papeis (ela, principalmente, sempre hipnótica com sua aparência exótica) e formam um dos casais mais cool do ano.
Pequenas participações como a de Mia Wasikowska, Anton Yelchin e John Hurt ajudam a dar o tom a este longa que não deixa de ser um romance, mas um romance diferente, de pessoas que não precisam dizer eu te amo e cujo cotidiano já deixa perfeitamente compreensível que séculos de convivência e de idas e vindas trouxeram um entendimento que vai além de palavras. Talvez menos poético do que o título sugere mas ao mesmo tempo mais subversivo do que poderia se esperar, Amantes Eternos não é obviamente um filme para grande público ou para fãs das mitologias e curiosidades vampirescas. É para os interessados em refletir sobre como a vida como conhecemos pode ter vantagens que infinitude alguma pode comprar – e que muitos de nós sequer percebem.
Kamila, é um dos mais interessantes do Jim Jarmusch, que nunca esteve perto de ser um dos meus diretores prediletos.
Do que tenho lido, esse parece ser um filme bem diferente, que me atrai por causa do seu diretor e do elenco.