I don’t think losing my father broke my mother’s heart but rather losing love itself.
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman, baseado no romance “Labor Day”, de Joyce Maynard
Elenco: Kate Winslet, Josh Brolin, Gattlin Griffith, Tom Lipinski, James Van Der Beek, J.K. Simmons, Maika Monroe, Tobey Maguire, Brooke Smith, Brighid Fleming, Alexie Gilmore, Lucas Hedges, Micah Fowler, Chandra Thomas
Labor Day, EUA, 2013, Drama, 111 minutos
Sinopse: É o final do verão, às vésperas do Dia do Trabalho na cidade de Holton Mills, New Hampshire. Henry (Gattlin Griffith), um garoto de 13 anos, tem poucos amigos, e passa o dia lendo, vendo televisão ou sonhando acordado com os belos corpos de suas colegas de escola. A única companhia de Henry é sua mãe, Adele (Kate Winslet), uma ex-dançarina divorciada há muito tempo. O garoto tenta integrar a nova família de sua mãe e agradar o padrasto, mas Adele tem um grave segredo que não lhe permite ser feliz. Mas tudo muda no Dia do Trabalho, quando Frank (Josh Brolin), um homem misterioso e ferido, aproxima-se de Henry e pede sua ajuda. (Adoro Cinema)
Desde que teve seu momento mais célebre com o ótimo Amor Sem Escalas, o diretor Jason Reitman tem visto sua carreira perder o grande prestígio conquistado com esta obra que sucedeu o também celebrado Juno. Recentemente, Jovens Adultos conseguiu a muito custo alguma repercussão devido ao desempenho de Charlize Theron, e agora esse Refém da Paixão passou praticamente despercebido pelas salas de cinema. As razões são bem claras: enquanto o filme estrelado por Theron tinha uma protagonista extremamente difícil, Refém da Paixão é cercado de estranhezas. Em sua mais nova investida, Jason Reitman faz uma mistura de gêneros que pode facilmente confundir o gosto do espectador. Entrando na lista de filmes que, por maiores os méritos, são quase impossíveis de ser recomendados por não ter um público definido, Refém da Paixão não é, mais do que nunca, uma experiência “certa” ou “errada”, mas sim um filme que varia imensamente de percepção de acordo com a plateia.
“Ela não perdeu um marido, ela perdeu o amor”, fala Henry (Gattlin Griffith) sobre sua mão logo nos primeiros minutos de projeção. Ele resume a condição de Adele (Kate Winslet), sua mãe, que vive isolada e quase sem sair de casa após uma dolorosa separação que posteriormente é melhor aprofundada com outros dramas. Ou seja, a princípio, Refém da Paixão parece um drama bem conduzido sobre como um filho assume as responsabilidades operacionais e emocionais da casa para cuidar de uma mãe completamente fragilizada. Mas logo o roteiro, escrito pelo próprio Reitman, baseado no romance Labor Day, de Joyce Maynard, introduz um suspense envolvendo um sequestrador. A tensão da situação se mistura com as fraquezas emocionais da protagonista apresentadas minutos antes e, aos poucos, o filme também começa a ganhar toques quase românticos quando passa a colocar Adele nas teias do irresistível charme e bom mocismo de Frank (Josh Brolin), que se revela um sujeito longe de ser necessariamente perigoso.
Misturando drama, suspense e romance, Refém da Paixão tem um foco que basicamente se estrutura a partir do ponto de vista do jovem Henry, que, assim como nós, tenta, de longe, compreender o que está sendo cultivado entre sua mãe e o bondoso sequestrador. E, assim como ele, ficamos confusos em diversos momentos. Primeiro, como aceitar a paixão de uma mulher sequestrada por seu sequestrador? Segundo, como torcer pelo casal, já que o homem, apesar de aparente bom pai e marido, foi preso por homicídio e fugiu da cadeia? Mas, bem como o garoto, aos poucos percebemos que é possível digerir toda a situação. E talvez seja justamente essa mistura de propostas e abordagens que tenha me fisgado, já que o filme de Reitman está longe de trilhar caminhos com respostas fáceis. Você pode dizer que Refém da Paixão é qualquer coisa, menos convencional em sua proposta.
Ainda em tempo, é errado definir a história exclusivamente como drama, suspense ou romance. Até porque, se fosse realmente dedicado a um desses gêneros, aí sim o resultado cairia no lugar comum. Particularmente, vejo essa multiplicidade de focos como um ganho para o filme, que traz uma sutil e eficiente tensão sexual no suspense, uma sensibilidade ao tratar o estado catatônico da protagonista que ainda sofre pela separação e vários acertos ao tratar da complicada relação de dependência entre mãe e filho – sendo este segundo obrigado a crescer mais rápido do que outros garotos de sua idade para tentar amenizar a infelicidade da mãe. Os flashbacks – outro artifício que mistura ainda mais a trama -, não são lá tão eficientes, em especial os que constroem o passado de Frank. No entanto, um deles se destaca de forma contundente e até emocionante: aquele que mostra o doloroso passado de Adele e a verdadeira razão que fez ela dar as costas para a vida.
Se a trilha de Rolfe Kent cria o ambiente certo e o elenco é mais do que acertado, com Kate Winslet voltando a fazer algo de relevante desde Mildred Pierce, Josh Brolin surpreendendo com um dos momentos mais completos de sua carreira (ele está sensual, perigoso e sensível ao mesmo tempo) e o jovem Gattlin Griffith despontando como um nome para se ficar de olho, o filme também não está isento de algumas bobeiras fáceis de serem percebidas. Dois casos saltam aos olhos: a menina que sabe praticamente tudo da vida amorosa e sexual dos adultos (uma personagem que verbaliza e explica mais do que deveria) e a óbvia investida do roteiro de complicar a vida dos personagens em momentos-chaves (óbvio que a polícia aparece na situação mais inconveniente e que o gerente do banco desconfia de uma determinada situação na hora mais inesperada, por exemplo). Entretanto, como um todo, o longa me pareceu muito bem resolvido em suas estranhezas e múltiplas abordagens. É provável que a história vá mais além do que deveria em seus momentos derradeiros, mas o saldo geral é positivo – ainda que seu fracasso com público, crítica e premiações seja perfeitamente compreensível.
Achei maravilhoso o filme, sensível, mostra a dificuldade do homem em entender a perda de um ou vários bebês! É uma dor e tristeza sem fim! O menino tentando ajudar a mãe, ou seja se sente responsável p ela. é o Frank, fez lá as suas asneiras, mas, não se fala no filme, enfim. . eu estava quase chorando p infelicidade dela qdo , finalmente o Frank voltou! Parabéns , belo filme!
Achei maravilhoso o filme, sensível, mostra a dificuldade do homem em entender a perda de um ou vários bebês! É uma dor e tristeza sem fim! O menino tentando ajudar a mãe, ou seja se sente responsável p ela é o Frank, fez lá as suas asneiras, mas, não se fala no filme, enfim. . eu estava quase chorando p infelicidade dela qdo , finalmente o Frank voltou! Parabéns , belo filme!
Queria entender a cena de Adele jovem caída no chão depois de um tapa e o pai correndo pro andar de cima na banheira…
Republicou isso em Blog do Rogerinho.
Bruno, muito legal ler um comentário como o teu. Digo isso porque o meu objetivo é justamente elucidar as razões que me fizeram gostar ou não de um filme!
Vejo filmes com olhar de apreciador da sétima arte, deixando -me envolver pela trama sem me preocupar tanto com as razões pelas quais gosto ou não do filme. Contudo, após ler esta resenha, revi o longa do Jason Reitman e compreendi bem melhor o que gostei e o que não gostei em Refém da Paixão. E isso é elogiável, já que a maioria das críticas ao filme foram, ao meu ver, amadoras e previsíveis.
De fato, os flashbacks não funcionam. O filme existiria muito bem sem eles e o passado do personagem do Brolin poderia ser elucidado com um simples diálogo. Por outro lado, o que revela as razões de ser da personagem da winslet é um dos pontos altos do filme. É uma cena linda e explica a razão pela qual o diretor adiou o projeto em 1 ano para poder contar com a atriz no elenco. Mas é na mistura de abordagens que mora muito da qualidade – dos defeitos também -e do estranhamento de Refém da Paixão. Na primeira vez que vi o longa não havia compreendido isso, embora soubesse que não me agradava em nada o tom adotado para desenvolver o relacionamento amoroso dos personagens.Enfim, uma ótima crítica!
Kamila, e não foi só por aqui, né? O filme não repercutiu muito lá fora… O que é compreensível, como eu aponto no texto…
“Refém da Paixão” passou completamente despercebido e teve uma trajetória rápida pelas salas de cinema aqui no Brasil. Uma pena! Queria muito assistir a este filme!