O Lobo de Wall Street

Let me tell you something. There’s no nobility in poverty. I’ve been a poor man, and I’ve been a rich man. And I choose rich every fucking time.

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Direção: Martin Scorsese

Roteiro: Terence Winter, baseado no livro “The Wolf of Wall Street”, de Jordan Belfort

Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Rob Reiner, Matthew McCounaghey, Jon Fraveau, Jean Dujardin, Jon Bernthal, Joanna Lumley, Cristin Milioti, Christine Ebersole, Katarina Cas

The Woolf of Wall Street, EUA, 2013, Comédia/Drama, 180 minutos

Sinopse: Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey). Quando finalmente consegue ser contratado como corretor da firma, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer. (Adoro Cinema)

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Fazia muito tempo que o diretor Martin Scorsese não realizava um legítimo… Scorsese! Sete anos, para ser mais específico, quando ele entregou Os Infiltrados, filme que finalmente lhe rendeu o Oscar de melhor direção depois de tantas derrotas e injustiças. Não que ele não tenha se esmerado em outros projetos que explorassem suas habilidades, mas, por mais que Ilha do MedoA Invenção de Hugo Cabret dessem uma diferente liberdade de criação para Scorsese, os resultados finais sempre ficavam muito longe do que o diretor alcançou nas célebres histórias de homens corrompidos por dinheiro, poder e ganância que tanto lhe estabeleceram como referência. Por isso, O Lobo de Wall Street pode até não ser um dos filmes mais excepcionais de sua carreira, mas certamente traz uma sensação bastante especial em função desse retorno do diretor às suas raízes.

É bom constatar que Scorsese não perdeu o tino para relatos como o de O Lobo de Wall Street. A trajetória verídica de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) tem seus excessos na duração de três horas, no humor e nas atuações, mas tudo perfeitamente compreensível e aceitável para o universo do diretor. Com uma premissa super contemporânea – a questão de dinheiro e poder nunca morre – o longa se desenvolve com algo muito forte a seu favor: a “comédia” presente nele (entre aspas mesmo, já que ela pode ser questionada de espectador para espectador) é muito bem resolvida e completamente ciente do que deve significar dentro de um filme de Scorsese. Assim como em vários outras produções da temporada, as risadas, na realidade, exploram a derrocada e a degradação humana. Os personagens de O Lobo de Wall Street gritam, exageram e até mesmo se arrastam depois de uma overdose de remédios, mas não com o intuito de divertir, e sim de apenas fazer uma representação extrema de vidas desorientadas.

Talvez por ter esse efeito involuntariamente “cômico” O Lobo de Wall Street tenha mais sorte com o grande público que certamente se cansaria com outros filmes do diretor como Taxi DriverOs Bons Companheiros. Existe uma maior abrangência nesse novo filme de Scorsese – o que, felizmente, não castra sua veia autoral em momento algum. Se algo é entendido de forma errada (a tal “comédia”), é reação exclusivamente do público e não do realizador, que entende plenamente os tons da história que narra em parceria com o roteiro de Terence Winter, baseado em livro homônimo do próprio Jordan Belfort. O elenco também capturou firmemente a lógica de excesso como sinônimo de decadência humana na história contada, em especial Leonardo DiCaprio, em um de seus melhores momentos dos últimos anos. Incrivelmente natural e seguro, ele nunca se perde em cenas realmente desafiadoras para um intérprete.

Para acompanhar a vida frenética e descontrolada de Belfort, O Lobo de Wall Street adota um ritmo igualmente frenético – o que traz inúmeros prós e contras. Se a escolha casa totalmente com o que está sendo contado na tela, o filme perde pontos quando resolve diminuir a marcha. Claro que é uma mudança necessária (afinal, seria enlouquecedor acompanhar tudo naquele ritmo), mas, em momentos mais pausados e explicativos, a produção parece ter pouco a dizer, caindo constantemente em repetições. Sem essas quebras, O Lobo de Wall Street seria certamente um dos melhores e mais inspirados de Scorsese. Ainda assim, é bobagem deixar de curtir o filme por causa disso, especialmente quando o veterano volta a contar um tipo de história que só tem a devida personalidade em suas mãos. Nesse sentido, missão cumprida.

FILME: 8.0

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6 comentários em “O Lobo de Wall Street

  1. Kamila, concordamos em tudo! :)

    Ricardo, na minha opinião, esse é um legítimo Scorsese!

    Alexeap, isso aí :)

    Clóvis, só achava que, nos últimos anos, ele estava devendo um trabalho legitimamente dele… “O Lobo de Wall Street” corrigiu isso.

    Ygor, foi muito bom poder matar a saudade desse Scorsese!

  2. Muito bem dito… o diretor voltou a fazer um verdadeiro Scorcese, gostei bastante do filme e de rever as “manias” do diretor nas pausas da narrativa com o personagem se dirigindo ao espectador, os detalhes de que o filme começa com uma cena do final ou meio da história e principalmente a forma como o diretor mostra os “heróis” americanos em partes geniais e outras odiosas.

  3. Ainda não assisti este, mas tenho certeza de que vou reservar um bom momento para assistir, pois Scorsese é sempre uma aula. Gostei do termo “castrar a veia autoral”, hahahahahaha. Muito bom! Resume muitas palavras. :D

  4. Acho que chama a atenção no relato de Martin Scorsese a falta de julgamento dele sobre Jordan Belfort e a forma como ele retrata a amoralidade, o lado criminoso e todos os excessos que esse personagem possuía. De uma certa maneira, acho que o filme foi certeiro na forma como mostra o “sonho americano”, como visto e vivido por Jordan. A atuação de Leonardo DiCaprio é sensacional! E amei o trabalho de edição de Thelma Schoonmaker.

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