Na minha (curta) vida de cinéfilo, nunca tive uma tarde como a deste domingo. De profunda tristeza e… admiração. Perder dois gênios em um mesmo dia é triste. E de maneiras tão súbitas e surreais… Pior ainda. Principalmente quando eles construíram carreiras com tanta integridade e imaginação. Philip Seymour Hoffman, o melhor ator em atividade, e Eduardo Coutinho, o maior cineasta brasileiro vivo até então, ainda tinham muito o que oferecer.
Isso porque faziam de tudo um pouco – e eram excepcionais em cada uma de suas escolhas. Hoffman, recentemente responsável por me deixar boquiaberto em O Mestre, e Coutinho, que fisgou o meu coração com total sinceridade em seu último trabalho, As Canções, farão falta. Não porque tinham currículos fantásticos. Mas também porque ainda teriam muito para adicionar a eles.
O cinema está mais triste e menos especial. Pela internet, encontrei vários amigos e conhecidos citando um trecho do filme Sinédoque, Nova York, estrelado por Hoffman, e que, casualmente, tem muito a ver com o dia de hoje. Deixo tal trecho como uma reflexão/homenagem para essa triste tarde…
“Tudo é mais complicado do que você pensa. Você vê apenas um décimo do que é verdade. Há um milhão de pequenos textos anexados a cada escolha que você faz. Você pode destruir sua vida cada vez que fizer uma escolha. Mas talvez você não saberá isso por 20 anos e você, talvez, nunca, jamais localize a fonte. E você tem apenas uma chance para jogar isto fora. Basta tentar e descobrir seu próprio divórcio. E eles dizem que não existe destino, mas existe. Destino é o que você cria. E, mesmo que o mundo continue por eras e eras, você está aqui apenas por uma fração de uma fração de segundo. A maior parte do seu tempo é gasto sendo morto ou ainda não nascido. Mas, enquanto está vivo, você espera, em vão e desperdiçando anos, por um telefonema, uma carta ou um olhar de alguém ou alguma coisa para fazer tudo certo. E isso nunca vem. Ou parece vir, mas não vem realmente. Então você passa seu tempo em vago arrependimento… Ou com a vaga esperança de que alguma coisa boa virá adiante. Algo para fazer você se sentir conectado. Algo para fazer você se sentir inteiro. Algo para fazer você se sentir amado. E a verdade é que eu sinto tanta raiva! E a verdade é que eu sinto tanta porra de tristeza! E a verdade é: eu tenho me sentido tão magoado por tanto tempo… E por muito tempo eu venho fingindo que estou bem, apenas para seguir adiante, apenas para… Eu não sei por quê. Talvez porque ninguém queira ouvir sobre meu sofrimento, já que eles têm os seus próprios. Foda-se todo mundo.”
Descansem em paz, gênios <3
Trecho mais do que perfeito para esse momento tão triste. Eu ainda custo a acreditar no que aconteceu. Que eles possam descansar em paz e que seus legados para sempre perdurem em nossas vidas!
Sem dúvida, duas grandes perdas irreparáveis para o cinema e de forma tão violentas. Philip Seymour Hoffman, um ator de muita virtuose, de muitos papeis e atuações memoráveis e que ainda tinha tanto a contribuir. Eduardo Coutinho, um dos grandes do cinema brasileiro. O nosso maior – e melhor – documentarista. Retratista da vida de uma forma honesta e real. Que eles descansem em paz!
Certíssimo, Matheus, os dois farão muita falta, eram excelentes em suas profissões. Estamos mais pobres todos nós que amamos o cinema.
Não vi “Sinédoque, Nova York”, mas esse trecho é perfeito para a ocasião. A ficha vai demorar pra cair…
Descansem em paz, Philip e Eduardo. Obrigado por iluminar as telas de cinema com o talento de vocês! :'(