A ordem para 2013 foi a mesma de 2012: tentar evitar qualquer filme que, para o meu gosto pessoal, parecesse uma bomba. Sofri menos no cinema durante o ano que passou, mas isso não quer dizer que me isentei de péssimas experiências. A lista que segue abaixo (dez filmes, em ordem alfabética) não tem, por exemplo, Até Que a Sorte nos Separe 2 ou Crô – O Filme (só um verdadeiro milagre para eu conferir e aprovar esses títulos, por exemplo) e sim produções que me decepcionaram profundamente e que poderiam ter sido muito, muito melhores – seja pela equipe envolvida ou pela proposta. No final do post, queremos a opinião de vocês na nossa enquete! Vamos, então, ao lado ruim de 2013…
Não é em função de A Pele Que Habito ter sido sensacional que OS AMANTES PASSAGEIROS decepciona. Independente de comparações, essa é uma comédia muito sem graça. Não sei o que Pedro Almodóvar quis com um longa excessivamente afetado e com pouco a dizer. É um desperdício de elenco e, principalmente, de uma ótima ideia. Não bastasse o constante histrionismo, Os Amantes Passageiros ainda descamba, em certo ponto, para um apelo sexual super desnecessário. Difícil acreditar que esse é um filme de um cineasta tão cuidadoso. Certamente, um dos piores longas do espanhol.
Tenho muita vontade de abraçar Susan Sarandon, Robert De Niro e Diane Keaton. Não só porque eles são ótimos atores mas porque, nos últimos anos, quase não tiveram papeis a sua altura. Só que isso não é desculpa para eles aceitarem vergonhas como O CASAMENTO DO ANO. De início, parece uma comédia bobinha e descompromissada, mas logo o filme de Justin Zackham aposta em vômitos, sexo, nudez e agressões físicas para fazer graça. Humor pobre, ausência de coerência narrativa e um elenco simplesmente perdido no meio da bagunça. Que lástima!
No cinema, Joseph Gordon-Levitt deixou de ser o jovem queridinho e simpático de filmes como (500) Dias Com Ela para virar um pegador com tanquinho que só se envolve com mulheres do tipo Scarlett Johansson. Não colou. Muito menos seu esse seu debut como diretor e roteirista de longas chamado COMO NÃO PERDER ESSA MULHER. O pior é que o filme não chega nem a ofender (e olha que seria muito fácil, já que é sobre um jovem viciado em pornografia), mas simplesmente o resultado não tem graça. A história vazia e sem qualquer inventividade tenta ser contemporânea e dialogar com certo público, mas o longa é frequentemente batido e muito limitado em seus conceitos (o protagonista é categórico: todos os homens se masturbam diariamente vendo pornografia).
Dirigido por José Wilker, GIOVANNI IMPROTTA foi o pontapé inicial para essa série de filmes protagonizados por personagens de novela da Globo que tem tudo para tomar conta dos cinemas nos próximos anos. Não vi Crô – O Filme – e nem pretendo -, já que Giovanni Improtta foi o suficiente para acabar com qualquer (mínima) esperança que eu tinha. Ora, o personagem vivido por Wilker em Senhora do Destino era divertido e um dos mais icônicos da carreira recente do ator, mas a versão cinematográfica não tem um fiapo de história. Uma experiência monótona, vazia e desnecessária.
Um dos blockbusters mais promissores do ano, O HOMEM DE AÇO também foi um dos mais decepcionantes. O trailer era impecável, vários fatores contribuíram para dar certo (Amy Adams! Hans Zimmer!) e tudo acusava que o herói finalmente teria um filme à altura. Nada disso. O diretor Zack Snyder trouxe o que existe de pior nos blockbusters contemporâneos: ou seja, efeitos visuais em demasia, interpretações caricatas (alô, Michael Shannon!) e muito, muito barulho… Desde Transformers não saía de uma sessão com tanta dor de cabeça.
Meu maior susto em relação a esse MAMA foi ver tantas pessoas elogiando e dizendo que saíram amedrontadas do cinema. Para ser bem sincero, eu ri bastante durante o filme. Não sei o que viram nesse terror super previsível que ainda comete o terrível erro de dar um rosto ao mistério: no caso, o tal bicho Mama do título, que parece um personagem saído de um jogo de videogame. Além de não saber que é sempre melhor insinuar o medo do que de fato explicitá-lo, o longa tem personagens caricatos e uma Jessica Chastain que não sabe o que fazer de tão deslocada que está.
Teria sido bem mais proveitoso se o diretor Lee Daniels tivesse feito um documentário sobre a trajetória dos negros no século XX do que esse O MORDOMO DA CASA BRANCA. Isso porque o novo longa do diretor começa contando a história de Cecil (Forest Whitaker) para depois se focar quase que exclusivamente na luta dos negros por um lugar digno na sociedade estadunidense. Mas a dramaturgia transborda obviedades e o desperdício de elenco chega a ser absurdo. Nem mesmo Whitaker e Oprah Winfey (que sabe-se lá porque já foi dada como favorita ao Oscar) apresentam algo de especial nesse longa bastante sonolento.
Se em O Mordomo da Casa Branca Lee Daniels pecou pelo excesso de didatismo e pela falta de inventividades, em OBSESSÃO ele se perdeu justamente ao soltar na tela todas as suas loucuras. Mais preocupado em contemplar o corpo descamisado de Zac Efron e em explorar seus fetiches, o diretor conta milhares de histórias e não consegue se aprofundar em nenhuma. Impossível explicar sobre o que é Obsessão de forma objetiva. De válido mesmo só o deslumbre de Nicole Kidman, que é o ponto alto de um longa disléxico, perdido e prejudicado pelos cacoetes de seu realizador.
Não quero acreditar que o humor de Kate Winslet, Naomi Watts e Hugh Jackman seja tão pavoroso assim para eles terem aprovado o roteiro de PARA MAIORES. Alguém chantageou cada um deles, só pode. Coletânea de curtas de extremo mau gosto, o filme traz um elenco repleto de estrelas em situações sexuais constrangedoras. Só o primeiro curta em que o personagem de Jackman tem testículos no pescoço já dá vontade de se contorcer na poltrona de tanta vergonha. Aguentar a sucessão de bobagens e piadas descabidas é para os fortes.
Em um ano tão forte para o cinema nacional, é uma pena que a biografia de um dos maiores ícones da musica de nosso país tenha sido tão superficial. Pois é, SOMOS TÃO JOVENS desaponta por ser incrivelmente raso e amador. A ideia de contar a vida de Renato Russo antes da fama foge do convencional, mas o filme é cheio de maneirismos e clichês, com personagens que beiram o irritante. Todos os conflitos de Somos Tão Jovens desaparecem rapidamente (o descaso com a homossexualidade de Renato é gritante) e as referências musicais e culturais surgem gratuitamente como mera panfletagem. O músico merecia mais.
Lucas, como eu disse no post, evitei muitas bombas em 2013, então, acabam entrando filmes que talvez nem sejam tão ruins assim, mas que, dentro dos que eu vi, certamente se destacam como os que menos me agradaram…
Discordo a respeito de Como não perder essa mulher ( título nacional horrível). Gostei do filme. Bem realizado, bons personagens e uma direção segura de Levitt (Com excelentes rima visuais). Mas gosto é gosto… ainda não vi Obsessão, tá na lista!