All the time traveling in the world can’t make someone love you.
Direção: Richard Curtis
Roteiro: Richard Curtis
Elenco: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Lydia Wilson, Lindsay Duncan, Richard Cordery, Joshua McGuire, Tom Hollander, Margot Robbie, Will Merrick, Vanessa Kirby
About Time, Inglaterra, 2013, Romance, 123 minutos
Sinopse: Ao completar 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia dada por seu pai (Bill Nighy) de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio, Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas. (Adoro Cinema)
É impossível falar de romances contemporâneos sem citar o nome do britânico Richard Curtis. Ele só dirigiu três filmes até agora, mas fez grande carreira ao roteirizar sucessos como Um Lugar Chamado Notting Hill, O Diário de Bridget Jones e Quatro Casamentos e Um Funeral. Como diretor, debutou com o ótimo Simplesmente Amor, e, na sequência, realizou uma divertida comédia que não tinha nada de romântica: Os Piratas do Rock. Afastado da cadeira de direção desde 2009 (mas sem perder a prática de roteiros), agora ele volta aos cinemas comandando mais uma história de amor. Dessa vez, menos marcante e distante de se tornar candidata a marcar época, mas que também traz toda a desenvoltura de Curtis com o gênero e cuja essência vem muito a calhar neste final de ano. Isso mesmo: Questão de Tempo pode ser sim esse filme afetivo que você procura para terminar seu ano cinematográfico de forma bastante espirituosa.
A premissa não é o que podemos chamar de original: jovem descobre que pode viajar no tempo e usa esse poder para conquistar uma garota e fazer com que cada minuto de sua relação com ela seja perfeito. Mas Richard Curtis não se preocupa tanto com as piadas que pode fazer com essa mágica e sim com o romance mesmo. Com isso, Questão de Tempo é quase uma fábula sobre um garoto estranho mas sonhador que encontra a garota da sua vida. Em tempos tão pessimistas e cada vez mais distantes de afetos, é bom acompanhar uma história que preze justamente pelos pequenos momentos com a pessoa amada e pelo verdadeiro encantamento que é a paixão. As mensagens, que poderiam ser enfadonhas nas mãos de outro diretor, mostram-se eficientes e o resultado chega até mesmo a emocionar nos momentos finais – só que com outra figura: a de Bill Nighy, um ator que esbanja naturalidade e que representa toda a força familiar do filme.
Por falar em elenco, Questão de Tempo tem certamente a seu favor um grupo de atores bem escolhido, começando pela figura do protagonista. Aqui, nada de Hugh Grant ou Colin Firth. O mocinho da vez é vivido por Domhnall Gleeson, um jovem ruivo e magricelo que já passou discretamente por filmes como Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, Não Me Abandone Jamais e o novo Bravura Indômita. O fato de ele ser estranho e desengonçado faz toda a diferença para o filme, que ganha um tom muito mais realista com essa escolha. Todos são pura simpatia em Questão de Tempo, até mesmo Rachel McAdams, normalmente especialista em papeis de mulheres enjoadas e desagradáveis, que aqui surge encantadora.
Só que Questão de Tempo tem um problema facilmente irritante para alguns: a falta de conflitos. Qualquer problemática apresentada pelo roteiro dura no máximo cinco minutos até o protagonista decidir voltar no tempo e remendar a situação. Isso faz com que o filme não tenha um grande obstáculo a ser vencido ou um questionamento contínuo. Cabe a cada um decidir até que ponto esse detalhe altera o resultado do filme, que particularmente me envolveu e me encantou. Richard Curtis, ainda que em menor escala de originalidade e contundência, continua com sensibilidade para contar histórias de amor. E, em uma trama guiada por viagens no tempo, o que na realidade fica é: não existe tempo melhor que o agora. E Curtis consegue passar essa mensagem de forma bastante afetuosa. Para senti-la, basta se desarmar.
FILME: 8.0
Oi, Ricardo! Esse filme foi uma grata surpresa de final de ano. Sensível e sentimental, com clássicos elementos que só o Richard Curtis sabe trabalhar. Grande abraço :)
Oi, Matheus! Assisti ao filme recentemente e gostei muito! A primeira vista ele me parecia apenas um romance, mas por conhecer o Curtis fui conferir e acabei me surpreendendo. Abraço!