Foi na Rua Coberta de Gramado que, por uma curiosa coincidência do destino, finalmente conheci o Elton, quando nos cruzamos por acaso. Já tínhamos algum contato prévio na internet, mas acho que foi a partir de lá mesmo que começamos a acompanhar melhor o trabalho um do outro. Tenho uma enorme simpatia por esse colega blogueiro e também me identifico demais com o estilo das críticas publicadas por ele no Pós-premiere. Por isso, claro, é uma honra tê-lo aqui aceitando participar do Três atores, três filmes. Desde já, acuso: pela primeira vez, não conferi nenhuma das interpretações elencadas. Correção já anotada para ser feita nos próximos dias. Assim como a Mariane Zendron, última participante aqui da seção, o Elton começa sua lista com uma breve introdução: “Acho uma tarefa desafiadora e ingrata escolher apenas três atuações, pois são tantas performances no cinema que marcam a gente em diferentes níveis e por diferentes motivos. Nesse momento, essas três pulam em minha memória. Daqui 15 minutos, não garanto que sejam as mesmas”.
Jo Van Fleet (Vidas Amargas)
Procedente dos palcos, a norte-americana Jo Van Fleet não precisa de muito tempo em cena para causar uma forte impressão como a mãe desertora que leva a vida como cafetina no clássico de Elia Kazan, Vidas Amargas. Beneficiada com uma personagem robusta, a atriz rouba a atenção sempre que surge na tela, a qual divide com ninguém menos que James Dean. Fico muito impressionado com o desempenho de Van Fleet pela forma incisiva com que ela mergulha no papel e, sobretudo, pelas cenas inesquecíveis mediadas pela frieza e (ausência de) maternidade. Seu discurso e postura sisuda causam o afastamento do público, mas, curiosamente, também aguça uma estranha admiração por essa mulher livre e desgarrada. Uma atuação sublime, merecidamente reconhecida com uma estatueta do Oscar.
Jack Lemmon (Se Meu Apartamento Falasse)
Todos os elogios são poucos para Jack Lemmon, um dos atores que mais nutro afeição. Poderia destacar qualquer uma de suas interpretações, mas a do solitário C.C. Baxter, de Se Meu Apartamento Falasse, me causa maior impacto. Muito dessa empatia, preciso ressaltar, provém do exímio roteiro escrito pelo gênio Billy Wilder, que desenha com extrema competência um personagem cravado na fronteira da inocência e da generosidade. Mas nada adiantaria um papel tão bem delineado com uma atuação que não estivesse à altura, e Lemmon simplesmente entrega uma das melhores performances cômicas do Cinema, mais uma para o seu hall de atuações hilárias. Ao lado de uma irresistível Shirley MacLaine, protagoniza um dos filmes mais doces e gentis já concebidos. Pura classe.
Gena Rowlands (Uma Mulher Sob Influência)
Dirigida pelo marido, o ator e cineasta John Cassavetes, Gena Rowlands detém o título da melhor atuação feminina da história, em minha opinião, no fabuloso Uma Mulher Sob Influência. Encarando uma personagem extremamente difícil e complicada, Rowlands tem uma atuação compenetrada e de absoluta entrega. Essa mulher é um fenômeno da natureza, um furacão imperdoável que por onde passa carrega tudo consigo.
Jorge, não conferi as performances citadas pelo Elton, mas tenho certeza que foram ótimas escolhas :)
Bruno, preciso conferir todos esses filmes =/
Alex, não lembro quando comecei a interagir com o Elton, mas hoje ele é uma das minhas referências na blogosfera!
Se não me falha a memória, comecei a interagir com o Elton durante o segundo semestre do ano passado através do Twitter. Temos seguidores em comum e um dia qualquer o vi mencionando meu nickname – provavelmente me xingou por algo que escrevi. Trocamos muitas mensagens durante esses três últimos meses e eu o conheci pessoalmente no mês passado durante a Mostra Internacional de Cinema e as impressões positivas foram confirmadas.
Das escolhas do Elton, somente desconheço o trabalho de Jo Van Fleet, pois não vi “Vidas Amargas”. Já escolher Jack Lemmon e Gena Rowlands respectivamente por “Se Meu Apartamento Falasse” e “Uma Mulher Sob Influência” só confirma o bom gosto do Elton. Gosto especialmente da interpretação de Rowlands no melhor filme de seu marido (talvez o meu trabalho favorito dela seja em “Unhook the Stars”, que é dirigido pelo seu filho, Nick Cassavetes). Fico impressionado com a sua incapacidade de se desligar da personagem. Há takes em que ela não está em foco e ainda assim permanece inquieta como a protagonista.
A atuação do Jack Lemmon em Se Meu Apartamento Falasse é ótima e como bem frisou o Elton, o roteiro do Billy Wilder é muito importante para ele se destacar.
Mas acho que o meu papel preferido do Jack Lemmon é em Quanto Mais Quente Melhor.
belas escolhas!