You know who your mother is, right?
Direção: Scott McGehee e David Siegel
Roteiro: Nancy Doyne e Carroll Cartwright, baseado no romance “What Maisie Knew”, de Henry James
Elenco: Julianne Moore, Alexander Skarsgård, Steve Coogan, Joanna Vanderham, Onata Aprile, Sadie Rae, Jesse Stone Spadaccini, Diana García, Amelia Campbell, Maddie Corman, Paddy Croft, Trevor Long
What Maisie Knew, EUA, 2012, Drama, 99 minutos
Sinopse: Em meio ao conturbado divórcio dos pais, Maisie (Onata Aprile), uma garotinha de sete anos, tenta entender o que se passa. De um lado a mãe, Susanna (Julianne Moore), uma estrela do rock. Do outro o pai, Beale (Steve Coogan), um influente galerista. Unindo os dois, a menina, que logo descobre um novo significado para a palavra “família”. (Adoro Cinema)
Já está na hora de Maisie (Onata Aprile) dormir, mas, antes ela quer ouvir uma canção para pegar no sono. Sua mãe, Susanna (Julianne Moore), pergunta o que a pequena quer ouvir, e a menina logo responde que uma das canções da própria Susanna, que é uma estrela do rock. A mãe diz que suas músicas não são feitas para momentos como esse, mas Maisie insiste e Susanna, sem parecer muito contrariada, logo pega um violão e começa a cantar um de seus sucessos. Mais tarde, vamos descobrir que essa cena é uma bela metáfora para as relações familiares estabelecidas ao longo de Pelos Olhos de Maisie. Para Susanna e o marido, suas vidas e egos são mais importantes que a própria filha. Ela e Beale, na verdade, não nasceram para ter filhos. São pessoas que só sabem olhar para o próprio umbigo, nunca conseguindo colocar a pequena Maisie frente a suas próprias necessidades. “Você não merece a filha que tem”, diz uma personagem à Susanna, em determinado ponto do filme, reforçando bem essa importante temática de Pelos Olhos de Maisie: a da incapacidade de certos indivíduos de saber criar um filho e a de que, sim, adultos esquecem fácil, mas as crianças não. São marcas para a vida inteira.
Só que o filme da dupla Scott McGehee e David Siegel (do bom Até o Fim, que traz um dos melhores desempenhos de Tilda Swinton) se diferencia por não apresentar uma narrativa convencional focada no dia-a-dia dos dois pais ou em suas discussões e batalhas judiciais pela guarda da filha. A história tem foco, como o próprio título brasileiro indica, nas percepções da pequena Maisie sobre tudo o que está acontecendo em sua volta. E a jogada dos diretores e do roteiro escrito por Nancy Doyne e Carroll Cartwright, baseado no romance What Maisie Knew, de Henry James, é ótima. Uma discussão corriqueira entre os pais logo se torna mais impactante quando a câmera acompanha Maise chegando em casa da escola com, aos fundos, os pais se ofendendo aos berros. A câmera permanece com ela por mais alguns segundos, a menina se afasta daquilo tudo sem compreender muito do que está sendo dito e o som se abafa, fazendo com que ela volte para o seu mundo. É uma jogada muito interessante, pois traz um novo ângulo para essa história que poderia ser perfeitamente clichê caso contada apenas do ponto de vista dos pais.
Também existe ao favor de Pelos Olhos de Maisie o fato da menina Onata Aprile ter uma desenvoltura absurda. Adorável em cada segundo de projeção, ela ganha o coração do espectador que, no final das contas, não torce nem pelo pai nem pela mãe, mas sim pela felicidade da garota, independente de com quem ela fique. Além do divórcio dos pais, Maisie ainda precisa lidar com uma constante reposição de figuras na sua vida: a sua babá passa a ser a madrasta e a mãe logo se envolve com um sujeito muito mais novo. E a adaptação lida bem com essa troca de elenco na vida da garota, mesmo que de vez em quando banalize demais a ferramenta de colocar tudo pelos olhos da pequena (várias sequências são repetitivas, mostrando a garotinha na escola apenas brincando ou procurando algo para fazer). Pelos Olhos de Maisie também perde um pouco de sua força nos momentos finais, quando coloca a personagem de Julianne Moore de escanteio (ela faz uma grande falta) e resolve bagunçar um pouco demais a vida de Maisie com troca-trocas e desenvolvimentos excessivos das figuras adultas. Mas o que fica é que todos se saem bem (vale mencionar, claro, a sempre ótima Moore) nesse filme cuja mensagem atemporal é sublinhada com uma sensibilidade que disfarça suas pequenas falhas.
FILME: 8.0
Kamila, é um filme menor e sem muitas ambições, mas que tem um valor sentimental que me tocou bastante!
Adoro a Julianne Moore, uma das minhas atrizes favoritas, e vou ser bem sincera: não conhecia esse filme. Adorei seu texto e vou procurar essa obra para assistir.