O Casamento do Ano

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Direção: Justin Zackham

Roteiro: Justin Zackham, baseado no filme “Mon Frère se Marie”

Elenco: Diane Keaton, Robert De Niro, Susan Sarandon, Topher Grace, Katherine Heigl, Amanda Seyfried, Robin WIlliams, Ben Barnes, Christine Ebersole, David Rasche, Patricia Rae, Ana Ayora, Kyle Bornheimer

The Big Wedding, EUA, 2013, Comédia, 89 minutos

Sinopse: Missy (Amanda Seyfried) e Alejandro (Ben Barnes) se conhecem desde pequenos e estão prestes a se casar. Al, como é chamado pelos mais íntimos é adotado e fica feliz com a notícia de que sua mãe biológica irá ao seu casamento. Mas tem um problema… Ela é muito religiosa e não acredita no divórcio. Com isso, o jovem pede para seus pais adotivos, divorciados há anos (Robert De Niro e Diane Keaton), para fingirem que vivem juntos e felizes. (Adoro Cinema)

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O tempo tem sido cruel com os grandes atores. Nas décadas de 1980 ou 1990, um filme estrelado por Robert De Niro, Susan Sarandon e Diane Keaton seria, certamente, um dos mais aguardados do ano. Hoje, é quase sempre uma tragédia anunciada, tendo em vista que os três, nos últimos anos, só arruinaram suas respectivas carreiras com comédias de segunda ou dramas fraquíssimos que são lançados diretamente em home video. Claro que existem exceções (Diane Keaton com Alguém Tem Que Ceder, Susan Sarandon com Bernard e Doris), mas todos eles diluíram e desperdiçaram talentos em filmes que, décadas atrás, nunca fariam parte de suas carreiras. Como pode alguém não ter a ideia de escrever grandes papeis para eles? Como não existe uma mente esperta para os redirecioná-los para uma era de ouro? São exatamente esses pensamentos que já vêm à cabeça em menos de vinte minutos de O Casamento do Ano. Sim, os outros trabalhos anteriores e irregulares da carreira de Sarandon, Keaton e De Niro parecem até um alento frente a esse desastre comandado por Justin Zackham.

O diretor, que também assina o roteiro, traz tudo o que existe de pior nas comédias contemporâneas. Deixando de lado maiores adendos sobre o pretensioso título brasileiro, encontramos em O Casamento do Ano uma sucessão de erros, clichês e incoerências narrativas. Zackham, cujo trabalho mais relevante realizado anteriormente foi o roteiro de Antes de Partir, aposta em um dos esquemas mais batidos de todos os tempos: o de colocar uma grande família em uma casa durante um fim de semana que terá como ponto alto um aguardado casamento. Bom, aí recheie esses dias vividos pelos personagens com todas as confusões possíveis (de vômitos e sexo a nudez e lesbianismo), use a trilha sonora mais óbvia possível (sim, aquela que acentua momentos de comédia e outros que são supostamente reflexivos) e não esqueça ainda de planos que fazem toda questão de anunciar, minuto a minuto, o que vai acontecer no desfecho. Mas, também, sejamos francos: não é necessário ser nenhum perito para prever que personagens brigados se reconciliarão, farsas serão descobertas e cada um dos personagens encontrará algum tipo de realização antes dos créditos finais.

Contudo, antes a previsibilidade fosse o maior problema de O Casamento do Ano. Isso é até digerível se bem comandado. O agravante mesmo é a total falta de preocupação com uma narrativa minimamente focada e coesa. O roteiro de Zackham se apoia em certos personagens quando bem entende para depois deixá-los de escanteio, muitas storylines não têm continuidade, outras aparecem só para uma cena de 30 segundos com a missão de fazer graça (percebam que tudo que envolve sexo é avulso) e  algumas piadas simplesmente não fazem sentido – seja do ponto de visto de humor mesmo ou de construção lógica. Desfocado, arrastado e sem qualquer carisma, não consegue se sustentar, até porque o elenco de apoio é fraquíssimo, com Topher Grace e Amanda Seyfried inexpressivos e uma Katherine Heigl cada vez mais insuportável – e que nunca será essa estrela de comédias que todos insistem em vender.

Desde já um dos piores lançamentos de 2013, O Casamento do Ano, além disso, é, sem dúvida, uma das comédias mais descartáveis e mal contadas dos últimos anos. Certamente, se não tivesse três importantes atores no topo do elenco, seria imediatamente destinada às locadoras. Nesse sentido, voltamos, portanto, à questão do desperdício de elenco. Robert De Niro, Diane Keaton e Susan Sarandon nada podem fazer com o texto que têm em mãos. A própria dinâmica familiar e matrimonial entre eles não dá espaço para química – o que é extremamente lamentável, visto que seria um grande prazer acompanhar esses três grandes intérpretes dividindo a tela durante aproximadamente 90 minutos. Os três já assassinam suas carreiras constantemente, só que, agora, talvez, o mais triste de tudo seja constatar que eles tenham se identificado com o senso de humor de O Casamento do Ano. Só isso para acreditar que eles tenham topado participar dessa lamentável comédia. Não quero viver em um mundo assim.

FILME: 2.0

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4 comentários em “O Casamento do Ano

  1. Kamila, é de se lamentar que, hoje, os nomes de Keaton, Sarandon e De Niro já pré-anunciem filmes ruins. O que houve com eles?!

    Elton, até agora também não achei ninguém sequer pegando leve com o filme. Mas, infelizmente, ele merece =/

    Alex, verdade, me esqueci do Robin Williams. Outro que arruinou a carreira também…

  2. Uma pena mesmo que Susan Sarandon, Bob De Niro e Diane Keaton, que já foram um dos melhores intérpretes que o cinema já teve, tenham chegado à terceira idade fazendo obras esquecíveis. Não tenho problema algum com um ator que queira “tomar um refresco” em um ponto da carreira, mas os três exageraram nas doses – e olha que o senhor esqueceu de citar Robin Williams, que também já foi gigante.

  3. Não há um ser vivo que advoga a favor deste filme. Pelo jeito, parece mais uma daquelas bobagens que o Gerry Marshall nos vem bombardeando nos últimos anos. Triste ver De Niro, Sarandon e (cada vez mais decadente) Keaton envolvida em um projeto, cujo cheio dá pra sentir de longe. =/

  4. Bom, uma pena que esse filme seja tão ruim assim. Normalmente, gosto de comédias românticas e essa aí me chamou a atenção justamente por causa do bom elenco. Uma pena que a obra não faz jus a atores como Robert de Niro, Susan Sarandon e Diane Keaton, além de Robin Williams e dos jovens e talentosos Topher Grace, Katherine Heigl e Amanda Seyfried.

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