Três atores, três filmes… com Rubens Ewald Filho (primeira parte)

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Essa foto ao lado foi tirada em 2011, quando participei do 39º Festival de Cinema de Gramado. Era a primeira vez que eu encontrava pessoalmente o Rubens Ewald Filho, um cara que fez parte da minha formação cinéfila e que sempre foi uma das minhas grandes referências em cinema. Não sabia naquela época que, posteriormente, eu viria, de certa forma, a trabalhar junto com o Rubens, na organização do próprio Festival de Cinema de Gramado – onde ele, desde o ano passado, assumiu a curadoria dos longas-metragens em competição ao lado de José Wilker e Marcos Santuario. Agora, com esse contato mais próximo, resolvi convidá-lo para o Três atores, três filmes. Ele aceitou o convite prontamente, mas com uma condição: que essa sua participação fosse dividida em duas partes. O motivo? Rubens quis mais tempo para pensar nas interpretações e também para produzir as justificativas. De qualquer forma, temos, abaixo, as duas primeiras escolhas dele, cujas atuações vêm de um mesmo filme: Song for Marion, de 2012. As escolhas me surpreenderam não apenas porque vieram de um longa recente e praticamente desconhecido mas porque me entusiasmaram completamente a procurar tal obra. Alguém aí já conferiu o filme para assinar embaixo dos comentários?

Vanessa Redgrave e Terence Stamp (Song for Marion)

Na internet, descobri, por acaso, um filme que tinha ouvido falar apenas de passagem: Song for Marion (também conhecido como Unfinished Song na Inglaterra). E é coisa rara! Passei o filme todo fungando sem conseguir conter as lágrimas. Podemos creditar também o fato de que ficamos mais sentimentais quando envelhecemos… Ainda mais quando já perdemos os pais, a mãe em particular. Mas chorei, confesso, por admiração. Que atriz maravilhosa é a Vanessa Redgrave! Sou fã dela desde quando a vi muito tempo atrás, no começo da minha carreira, com Blow Up, de Antonioni, onde tinha um jeito de Greta Garbo. Mas era apenas uma impressão já que não podia supor que ela fosse um camaleão, capaz de se transformar e de virar mil e uma coisas, desde a lendária Isadora Duncan até a tenista Renée Richards, no telefilme Second Serve, de 1986 (o maior tour de force que já vi: ela começa como homem vestido de mulher, travesti, depois vira transexual e consegue ser convincente o tempo todo). Felizmente, conheço-a pessoalmente e descobri que é completamente louca. Só que no melhor sentido da palavra. Uma pessoa que faz um mergulho tão profundo dentro de sua própria alma e dos mistérios do ser humano não pode voltar ilesa!

Nos últimos anos, Vanessa voltou a se unir ao antigo namorado Franco Nero, que a ajudou a suportar a perda, em um curto período, da filha Natasha Richardson, da irmã Lynn e do irmão Corin. O sofrimento está estampado no seu rosto neste em Song for Marion, onde faz uma senhora que sofre de câncer mas enfrenta a doença para poder cantar no coral de idosos de seu bairro. É uma interpretação incrível… Toda sensibilidade e doçura está visível nos mínimos detalhes, sem nenhum pudor em se expor. Ela compartilha tudo com o hoje maduro e ainda melhor Terence Stamp, que interpreta o marido duro e caladão. Stamp, lendário astro de Teorema e Histórias Extraordinárias, de Fellini, é adepto de outra linha de interpretação que eu admiro: faz o menos possível, com tudo interiorizado em seus olhos. E consegue o máximo efeito, até mesmo revelando uma voz especial no final do filme. Acho muito interessante o carinho que a gente tem por aqueles com que a gente envelheceu junto. O casal era lindo e hoje são velhos. Mas não perderam nada de seu charme, carisma, talento e, por que não, beleza.

7 comentários em “Três atores, três filmes… com Rubens Ewald Filho (primeira parte)

  1. Mayara, já estou com o filme para ver por aqui. Logo comento sobre ele!

    Stella, me comovi também! Esse depoimento dele para “Song for Marion” foi ótimo!

    Hugo, fiquei particularmente curioso pelo desempenho da Vanessa Redgrave, que é uma atriz que adoro.

    Kamila, exatamente! O Rubens falou de uma maneira que deixa todos curiosíssimos pelo filme!

    Ricardo, de honra mesmo! E vamos atrás da dica =)

  2. Arrasou, hein, Matheus?? Também não conhecia esse filme, mas adorei a forma como o Rubens Ewald Filho dissertou sobre as suas duas primeiras escolhas de atores. Ansiosa pela segunda parte dessa série.

  3. Grande convidado.

    Não conhecia este filme, fiquei curioso pelo elenco e os detalhes da trama.

    Abraço

  4. Fiquei eu também comovida ao testemunhar o entusiasmo constante do Rubens Ewald Filho pelo mundo do cinema – e do cinema atual! E é tão verdadeira sua observação sobre o carinho que a gente sente pelos artistas que envelhecem conosco. Terence Stamp me encantou em “Longe Deste Insensato Mundo”, me chocou em “Teorema”, me surpreendeu em “Priscilla” e depois me intrigou, participando de uns filmes tão fraquinhos. O que logo perdoei, pensando que há mais bons atores do que excelentes produções. E os artistas não podem viver só de brisa e inspiração. Parabéns pelo blog, Matheus, você voltou com energia renovada!

  5. Mais do que surpresa pelo honrável convidado, é a escolha dele, que despertou a vontade de procurar pelo filme. Ansiosa pela segunda parte! ;)

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