Rapidamente

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DEPOIS DE LÚCIA (Déspues de Lucía, de Michel Franco): Recebeu relativo reconhecimento no circuito alternativo, e a discussão que levanta justifica esse barulho. Abordando o cotidiano de uma garota que, após transar com um colega logo no primeiro encontro, passa a sofrer bullying na escola, Depois de Lúcia narra uma verdadeira viagem ao inferno: o simples cotidiano da protagonista pouco a pouco se torna cada vez mais insuportável. Assim como o próprio bullying, esse filme pode causar divergências: quais são as atitudes que precisam ser tomadas? Qual a punição mais justa? Como a vítima deve enfrentar essa situação? Mas o filme de Michel Franco não se preocupa em tomar partido quando abre tais questões. Ele apenas apresenta uma circunstância para que posteriormente o espectador tire suas próprias conclusões. Depois de Lúcia é incômodo, às vezes quase samba de uma nota só (e por isso mesmo retumbante), mas nunca indiferente – o que pode ser constatado no desfecho cru e impactante.

JORGE MAUTNER: O FILHO DO HOLOCAUSTO (idem, 2012, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt): Ganhou vários prêmios no 40º Festival de Cinema de Gramado (incluindo um Kikito absurdo para o roteiro escrito por Pedro Bial) e tal comoção com esse documentário pode ser considerada inexplicável. Para quem não é fã ou muito familiarizado com a obra do cantor-título, Jorge Mautner: O Filho do Holocausto tem pouco para encantar. A parte musical é boa, os entrevistados são de peso e Bial, em parceria com Heitor D’Alincourt na direção, realiza um longa bem mastigado. Só que o resultado não chega a ser necessariamente original ou empolgante para quem procura um documentário que vá além da obra de Mautner. Porém, mesmo quem se entusiasma com o filme há de reconhecer a preciosidade que é a cena em que o cantor conversa com a filha Amora Mautner em uma espécie de entrevista. A dinâmica dos dois é tão cheia de desenvoltura e a conversa é tão sincera que o momento se torna incontestavelmente o auge do longa.

PÉRFIDA (The Little Foxes, 1941, de William Wyler): Regina Giddens deve ser uma das malvadas mais clássicas da carreira de Bette Davis. O filme de Willyam Wyler pode até não dar total destaque a ela no filme como um todo (pelo menos na primeira parte, Pérfida é um filme de vários personagens), mas, quando recebe o devido destaque, a atriz simplesmente arrasa como a ambiciosa esposa que quer fazer o que bem entende com os negócios da família quando o marido fica doente. Indicado a nove categorias do Oscar (incluindo melhor filme e a sexta nomeação para Bette), Pérfida cresce quando se encaminha para o final. Não só porque Regina Giddens recebe mais atenção, mas porque o filme em si passa a trazer vários acontecimentos, descobertas e intrigas familiares que dão sentido e interesse a uma história que até então parecia um tanto simplista para a equipe envolvida. Essa foi, portanto, mais uma parceria de sucesso entre o diretor Willyam Wyler e Davis, que, anteriormente, realizaram JezebelA Carta juntos.

UPSIDE DOWN (idem, 2012, de Juan Solanas): O trailer dava a impressão de que seria um desses blockbusters esquecíveis mas divertidos e de bilheteria expressiva, mas Upside Down não fez sucesso e, até agora, não tem sequer previsão de ser lançado no Brasil. Já roda o mundo desde agosto de 2012, só que não conseguiu fazer barulho. Se, por um lado, é um tanto incompreensível esse silêncio (tecnicamente, o filme tem todos os elementos para encher as salas de cinema), por outro dá para assinar embaixo de seu esquecimento, já que a estética diferenciada instiga, mas a história é fraca e frequentemente cafona, com uma última cena particularmente enjoativa). O filme de Juan Solanas ainda tem contra si o fato de poder deixar os mais sensíveis completamente enjoados, poia o enredo é sobre dois mundos que convivem de ponta cabeça (você olha para o céu e lá existe outro universo). As brincadeiras com as questões da gravidade e o uso de efeitos são frequentes, o que tem tudo para confundir o espectador e dar essa sensação de mal estar. No mais, não há muito para se reclamar – ou para se esperar – uma vez que Upside Down nada mais é que uma ficção passageira que não oferece nada além de seu curioso universo.

4 comentários em “Rapidamente

  1. Elisa, obrigado por esse reconhecimento. São sempre animadores para mim =)

    Stella, é um filme bem incômodo. O final, então…

    Kamila, ainda prefiro os dois em “A Carta”, mas, como você bem disse, é mais uma grande parceria deles!

  2. Sabe que não consegui ver todo “Depois de Lucia”? Mas assisti o final… O assunto merece ser debatido, como você colocou. É importante alertar os jovens contra a exposição da imagem e tomar medidas rápidas quando um vídeo desses cai na rede.

  3. Que bom! Você voltou a postar!
    Gosto muito do Cinema e argumento, aqui sempre encontro ótimas críticas! Parabéns pelo trabalho!

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