Só uma atriz como Tilda Swinton poderia interpretar uma personagem tão complexa quanto a Eva Katchadourian de Precisamos Falar Sobre o Kevin. Com traços exóticos inconfundíveis, ela é uma das poucas que não hesita em abandonar vaidades para se entregar totalmente à crueza de um papel. É justamente isso o que acontece no filme de Lynne Ramsay: Tilda, totalmente submersa no inferno vivido por Eva, faz questão de evidenciar, em cada detalhe de sua interpretação, o transe vivido por uma mãe que teve sua vida destruída após um trágico evento escolar. É um trabalho avassalador que, apesar de não ter um momento mais apelativo, consegue ser ainda mais eficiente e claustrofóbico em função desse sofrimento silencioso. A atriz, que aqui alcança o melhor momento de sua carreira, entrega um desempenho surpreendente – e inexplicavelmente subestimado – que, sem qualquer forçação de barra, é um dos mais marcantes dos últimos anos.
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OUTRAS INDICADAS:
CHARLIZE THERON (Jovens Adultos)
Em Jovens Adultos, Charlize Theron tem um raro momento de sua carreira: a possibilidade de interpretar um papel que lhe dá várias chances e a chance de usar toda a sua beleza a favor dele. E a fórmula é infalível: mais bela do que nunca, Charlize não precisou ficar irreconhecível como em Monster – Desejo Assassino para mostrar mais uma vez seu talento. No filme de Jason Reitman, ela defende muito bem a difícil Mavis Gary e consegue fazer com que reconheçamos os méritos de sua interpretação, mesmo com uma personagem que não tem motivo algum para conquistar a torcida do público.
GLENN CLOSE (Albert Nobbs)
Faltou muito para o filme de Rodrigo García conseguir dar verdadeira chance de ouro para a sempre injustiçada Glenn Close, mas ela não desaponta como o mordomo Albert Nobbs. Talvez a circunstância não seja lá muito convincente (será mesmo que todos acreditariam que aquela mulher é mesmo um homem?), mas a atriz consegue sempre se esquivar de um roteiro que volta e meia tenta lhe sabotar. Se falta intensidade e complexidade no texto, Close deixa esses detalhes de lado e interpreta com elegância um papel que também representou seu grande momento como atriz no teatro.
MERYL STREEP (A Dama de Ferro)
A intenção de Phyllida Lloyd era mais do que nobre: colocar Meryl Streep frente a um papel histórico. E, como a britânica Margaret Thatcher, Meryl Streep realmente arrasou em A Dama de Ferro. O que ela não teve foi o pacote completo com um filme sofisticado e inteligente para, de fato, marcar época. De qualquer jeito, é um dos momentos mais interessantes da carreira de Meryl, onde a atriz, de novo, explora sua grande versatilidade ao transitar por todas as fases da primeira ministra com total naturalidade. Ninguém poderia fazer Thatcher, sobreviver ilesa a um filme ruim e ainda conquistar prêmios mundialmente como ela.
MICHELLE WILLIAMS (Sete Dias Com Marilyn)
Ela não tem qualquer semelhança com o mito Marilyn Monroe e sua caracterização para Sete Dias Com Marilyn é no máximo esforçada. Mas Michelle Williams é uma excelente atriz e, com muita habilidade, trabalha todos os interessantes dramas de uma protagonista que, além de já ter um brilho próprio, ganha uma luz extra nas mãos da atriz. Por essa simpática e eficiente cinebiografia, que ainda traz no elenco Judi Dench e o jovem Eddie Redmayne, recebeu uma merecida indicação ao Oscar.
EM ANOS ANTERIORES: 2011 – Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg (Melancolia) | 2010 – Carey Mulligan (Educação) | 2009 – Kate Winslet (Foi Apenas Um Sonho) | 2008 – Meryl Streep (Mamma Mia!) | 2007 – Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor)
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ESCOLHA DO PÚBLICO:
1. Tilda Swinton, por Precisamos Falar Sobre o Kevin (36.36%, 20 votos)
2. Charlize Theron, por Jovens Adultos (27.27%, 15 votos)
3. Meryl Streep, por A Dama de Ferro (18.18%, 10 votos)
4. Glenn Close, por Albert Nobbs (10.91%, 6 votos)
5. Michelle Williams, por Sete Dias Com Marilyn (7.27%, 4 votes)
Cleber, já eu acho que a Rooney Mara não impressiona além da caracterização…
Kamila, merecia mais reconhecimento mesmo! Inclusive, a considero melhor que a Meryl em “A Dama de Ferro”.
Clóvis, gosto muito da Naomi em “O Impossível”, mas, comparada com aos desempenhos que indiquei, acho que todos têm um protagonismo mais marcante que o dela nas histórias em questão.
Senti falta da Naomi Watts e Rooney Mara na sua seleção. Não assisti a Glenn Close e Charlize Theron, e tenho problemas com a atuação da Michelle Williams em “Sete Dias com Marilyn”. Ela sabe como retratar toda a vulnerabilidade da personagem, mas seus maneirismos me irritaram um pouco. Minha grande dúvida aqui é entre Meryl e Tilda, ambas sensacionais em seus respectivos filmes. Voto na Swinton.
Das suas indicadas, não assisti às atuações de Glenn Close e Charlize Theron. Das que eu assisti, fico dividida entre Meryl Streep e Tilda Swinton, mas meu voto foi o mesmo que o seu. A atuação da Tilda, em “Precisamos Falar sobre o Kevin” é algo de sensacional e que merecia um maior reconhecimento na temporada de premiações 2011-2012.
Eu não posso dizer que Rooney Mara fez falta aqui, né – acho a atuação da Michelle Williams banal? Rs*
Eu acho a atuação da Tilda estupenda, mas não consigo achar ninguém melhor que Meryl Streep, de qualquer forma…