You are my sunshine, my only sunshine…
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Elenco: Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake, John Goodman, Chelcie Ross, Ed Lauter, Clifton Guterman, Raymond Anthony Thomas, Robert Patrick, Matthew Lillard, Scott Eastwood, Nathan Wright, Jack Gilpin
Trouble With the Curve, EUA, 2012, Drama, 111 minutos
Sinopse: Gus Lobel (Clint Eastwood) é um veterano olheiro de baseball, daqueles que se recusam a trabalhar usando o computador e apostam todas as fichas em seu feeling sobre os jogadores. Restando apenas três meses para o fim de seu contrato, ele começa a ter problemas de visão devido a um glaucoma. Escondendo a doença de todos, Gus é enviado para analisar Bo Gentry (Joe Massingill), um promissor rebatedor que pode ser a escolha de sua equipe no próximo draft. Entretanto, ao desconfiar que há algo errado com o velho amigo, Pete Klein (John Goodman) pede à filha dele, Mickey (Amy Adams), que o acompanhe na viagem. Mickey trabalha como advogada e está prestes a se tornar sócia na empresa em que trabalha, mas passa por cima dos compromissos profissionais para acompanhar o pai, apesar deles terem um relacionamento problemático. Juntos, eles avaliam o potencial de Gentry e encontram Johnny Flanagan (Justin Timberlake), um ex-jogador de baseball que é agora olheiro de outra equipe. (Adoro Cinema)
Frankie Dunn, o treinador mal humorado vivido por Clint Eastwood em Menina de Ouro, tinha problemas com uma filha distante que nunca aparecia em cena. Está certo que Clint já viveu mil vezes esse papel rabugento, mas, em Curvas da Vida, parece que, além de acompanharmos mais uma vez esse estereótipo, também vemos uma extensão do conflito secundário apresentado em Menina de Ouro. É uma espécie de spinoff que ainda traz um elemento importante para os estadunidenses: o beisebol (não à toa, o singelo resultado faturou mais de 30 milhões no seu país de origem). A diferença é que, aqui, o veterano diretor está apenas na frente das câmeras, contrariando a sua (falsa) promessa de que o superestimado Gran Torino seria seu último trabalho como ator. Porém, se Clint consegue repetir o tal papel com uma composição sempre despojada, o mesmo não se pode dizer de Curvas da Vida, filme excessivamente convencional e frequentemente monótono.
Talvez seja nobre o motivo de Clint Eastwood ter voltado atrás de sua promessa de se dedicar apenas à direção. Aqui, ele é comandado por um amigo de longa data: Robert Lorenz, seu assistente de direção/produtor desde o belíssimo As Pontes de Madison. Os dois teoricamente saem ganhando com a ideia de Curvas da Vida: Clint, que tem a oportunidade de fazer um trabalho de “férias”, e o próprio Lorenz, que ganhou a confiança do Dirty Harry logo no seu debut como diretor. O veterano não atuava em um filme de outro diretor desde 1993, quando fez Na Linha de Fogo, de Wolfang Petersen, e podemos dizer que a amizade deve ter falado mais alto do que seu real interesse por Curvas da Vida. O longa de Robert Lorenz, entre tantas previsibilidades, ainda consegue repetir, em maior dimensão, o principal erro de O Homem Que Mudou o Jogo: falar de beisebol como se ele fosse o esporte mais interessante do mundo. Basta a modalidade entrar em cena para que Curvas da Vida se torne tedioso, enrolado e repetitivo.
Já quando fala sobre a vida pessoal do protagonista, o cenário muda um pouco. E aí surge aquela que é a luz de Curvas da Vida: Amy Adams. Não dá para dizer que o roteiro de Randy Brown trata a complicada relação pai-filha com qualquer originalidade (pelo contrário: qualquer espectador fã desse tipo de história conseguiria escrever aqueles dilemas), mas os dois atores são tão naturais que conseguem fisgar o espectador. Clint não precisa de comentários, e Amy não se intimida diante de sua figura emblemática: apesar de continuar sem receber o papel forte e contundente que tanto merece, ela está muito bem como a mulher contemporânea obcecada pela carreira que deseja se conectar com o pai distante e difícil. É só Amy aparecer e contracenar com Clint para que Curvas da Vida se torne ligeiramente mais interessante. Méritos exclusivamente dos dois, já que o texto pouco ajuda na dramaticidade, a exemplo da figura simbólica do cavalo que parece ser uma dica para algo maior, mas logo se revela outra decepção do roteiro de Brown.
Claramente, muitos elementos de Curvas da Vida estão ali para dar algum tipo de gás para trama e aliviar a sensação de que o filme não é exclusivamente sobre beisebol (de novo, a parte mais desinteressante de todas). Entre eles, a participação de Justin Timberlake – só que o tiro sai pela culatra: o personagem é chato e qualquer investida dele, seja cômica ou romântica, é apenas enrolação. Os próprios jovens jogadores de beisebol que aparecem com cenas exclusivas também são excessos. Tudo isso deixa Curvas da Vida muito lento e sem ritmo, já que falta originalidade e até mesmo maior desenvoltura (ou seria personalidade?) do diretor para deixar o filme mais agradável. Lorenz deve ter aprendido mais com Clint, e é de se esperar que, nos seus próximos trabalhos, ele demonstre que tantos anos convivendo profissionalmente com o diretor não foram em vão. Porque, a julgar por Curvas da Vida, temos mais um diretor destinado a fazer trabalhos sustentados apenas por bons atores. Nesse caso, quem mais sai ganhando é Amy Adams.
FILME: 5.5
Kamila, foi a Amy Adams que me manteve atento durante o filme haha
Reinaldo, se não fosse Clint e Amy, “Curvas da Vida” seria ainda mais desinteressante!
Ainda que discorde pontualmente de uma ou outra avaliação sua referente a “Curvas da vida”, concordamos no geral. Um filme que se sustenta no seu par de protagonistas.
abs
Incrível como Amy Adams sempre se sobressai nos projetos que estrela. Em 2012, me parece que ela teve um ano extremamente feliz em sua carreira, com dois papeis coadjuvantes bastante elogiados. Primeiro, em “The Master”; e, segundo, nesse “Curvas da Vida”. Ainda não assisti a esse filme, mas gostei da sua crítica! E Clint Eastwood sempre interpreta esse tipo durão… É a marca registrada dele no cinema!