Children of Srikandi é o primeiro filme sobre lésbicas da Indonésia. E feito por elas. Entrelaçando histórias de oito garotas com o Srikandi, personagem do mahabharata indiano, foi realizado de forma coletiva, misturando documentário, ficção e características mais experimentais. O filme mostra como é ser homossexual em uma cultura completamente diferente, apresentando as mais diferentes situações para compor um painel bem específico sobre o assunto na Indonésia. Porém, os méritos de Children of Srikandi estão mais em sua temática mesmo, uma vez que, em termos documentais, o resultado não surpreende.
As participantes do filme se alternam no elenco, na direção e na equipe técnica, o que torna o resultado bem íntimo e, de fato, realista. A vida delas está ali, sem máscaras. Conhecemos a história de uma garota que desde as brincadeiras de criança já se vestia de príncipes. Ela sempre foi diferente e, durante toda a vida, sempre quis usar cabelo curto. E o interessante é que, logo depois, Children of Srikandi já nos mostra uma outra personagem em uma fase bem diferente: uma menina indonésia que cresceu, assumiu sua sexualidade para família e saiu de casa porque não foi aceita. Querendo ficar longe da família, que tinha “vergonha dela”, passou a viver nas ruas, onde acabou sento maltratada por grupos religiosos.
Enfim, são várias histórias de meninas com idades e vidas distintas, em um país que é bem retratado pelo filme. E, por mais que Children of Srikandi seja um pouco cansativo em função de sua estrutura um tanto episódica – o que é consequência, claro, de uma direção compartilhada -, a mensagem está bem evidente: não importa se você está no Brasil, na Rússia, na China ou na Indonésia. O preconceito existe em qualquer lugar. Mas se tem algo que podemos tirar de valioso do documentário é a ideia de que, por mais que a intolerância não escolha hora nem lugar, a esperança também segue a mesma lógica.
* Filme conferido na cobertura do CLOSE 2012
Kamila, muito legal mesmo! É uma bela iniciativa!
Mais um filme que eu não conhecia. Parece ser muito interessante. Legal a ideia por trás desse festival. Os filmes parecem ser bem diferentes mesmo.