Depois de Meryl Streep, o Cinema e Argumento continua a sua série de TOP 10, agora com Julianne Moore. Ela que, pasmem, até hoje não tem Oscar ou sequer um Globo de Ouro, é uma atriz que, ao longo de sua diversificada carreira, sempre apresentou bons desempenhos. Mesmo quando cometia alguns deslizes – e eles não foram poucos (A Cor de Um Crime, Os Esquecidos) -, fazia questão de estar sempre muito à frente dos erros do filme em questão. Com 51 anos de idade, Moore é uma profissional versátil em suas escolhas: de telefilmes e séries até longas de ficção, do drama à comédia, merece atenção em tudo que faz. A seleção das interpretações que figurariam nesse TOP 10 foi feita rapidamente. O maior desafio, claro, foi ordená-las. Afinal, são tantas marcantes que fica difícil dizer que uma é melhor que outra. Mas já que o TOP 10 serve para isso, eis o meu ranking:
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1. AS HORAS (2002): Dá um embrulho no estômago só de pensar que Gwyneth Paltrow foi considerada para o papel da complexa Laura Brown em As Horas. Ora, só uma atriz do calibre de Julianne Moore seria ideal para um papel forte como esse. Não só a atriz fez uma escolha magnífica ao participar do impecável longa de Stephen Daldry como também trouxe a melhor interpretação de todo o elenco. Deve ser um dos maiores absurdos dos últimos tempos o total descaso das premiações com esse desempenho sublime e que apresenta todas as qualidades e competências de Julianne Moore. Facilmente, o grande momento de sua carreira.
2. LONGE DO PARAÍSO (2002): Tenho essa teoria de que, na outra encarnação, Julianne Moore foi uma dona-de-casa dos anos 1950. Se não bastasse seu magnífico desempenho em As Horas como, justamente, uma mulher com esse perfil, eis que ela repete a dose em Longe do Paraíso. E os resultados, em termos de qualidade, são extremamente parecidos – mas os personagens nunca repetidos em suas composições. No filme dirigido por Todd Haynes, ela executa com a devida sutileza os pequenos detalhes desse papel extremamente contido. Outro momento marcante e subestimado dela.
3. VIRADA NO JOGO (2012): Da fase mais recente da atriz, essa é a atuação que mais impressiona. A TV, inclusive, pode ser a responsável por Julianne Moore finalmente ganhar seus primeiros prêmios: pelo telefilme da HBO, ela recebeu elogios incontestáveis por todo o mundo, o que a coloca como principal favorita para as próximas edições do Emmy, SAG e Globo de Ouro. E não tem como discutir. Como a polêmica republicana Sarah Palin, Moore foi além do perfeito mimetismo: ela transmitiu todo o emocional da personagem com uma habilidade de dar inveja. Digna de muitos aplausos.
4. ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (2008): Pior que ser indicada a prêmios e não vencer é sequer constar nas listas. E esse completo disparate aconteceu com a interpretação de Julianne Moore para Ensaio Sobre a Cegueira. Tudo bem que o filme de Fernando Meirelles foi recebido, injustamente, com muita frieza, mas isso não era motivo para deixar de celebrar esse intenso retrato de uma mulher enfrentando uma situação extremamente caótica e impensável. Forte e vulnerável, a “mulher do médico” incorporada por Moore impressiona em uma história que por si só já consegue abalar o espectador.
5. FIM DE CASO (1999): Estranho filme que encena uma lacrimosa história de amor onde o que mais emociona é a figura representada por Moore. Por esse trabalho, ela recebeu uma merecida segunda indicação ao Oscar – mas não tinha como concorrer com Hilary Swank, por Meninos Não Choram. De qualquer forma, a atriz esteve, mais uma vez, sublime, agora fazendo par com Ralph Fiennes. Tal resultado veio do grande interesse de Moore em fazer o papel: inicialmente, Miranda Richardson e Kristin Scott Thomas eram consideradas para o papel. O diretor Neil Jordan, entretanto, mudou de ideia após receber uma carta de Moore declarando seu total interesse pela adaptação.
6. MAGNÓLIA (1999): Milhares de atores nesse filme de Paul Thomas Anderson… E todos eles em bons momentos. Só que Moore, claro, foi além: além de alcançar um nível excelente, também impressionava toda vez que aparecia. Dona de um papel meio polêmico (a complicada jovem esposa de um homem muito mais velho que está morrendo de câncer), tem vários momentos memoráveis, em especial aquele que descarrega sua raiva quando compra remédios em uma farmácia. Sua Linda Partridge é apenas uma de tantas pequenas coadjuvantes que Julianne Moore elevou para um outro nível de grandeza.
7. BOOGIE NIGHTS – PRAZER SEM LIMITES (1997): Falar de papeis coadjuvantes na carreira de Julianne Moore e não mencionar Boogie Nights – Prazer Sem Limites é uma verdadeira heresia. Por esse filme, ela recebeu sua primeira indicação ao Oscar (e já merecia ter vencido logo de cara) como uma bela e popular atriz pornô que, entre vários dramas, disputa a guarda nos filhos na justiça. Assim como em Magnólia (sua segunda parceria com o diretor Paul Thomas Anderson), ela precisa disputar a atenção do espectador com centenas de personagens, mas consegue o feito de ter sempre os holofotes para si quando surge em cena. E isso é para poucas.
8. DIREITO DE AMAR (2009): Essa lógica de brilhar nos poucos momentos em que aparece foi repetida por Julianne Moore recentemente na sua breve – mas emotiva – participação no belo Direito de Amar. Como Charley, a melhor amiga do melancólico professor de literatura George Falconer (Colin Firth), ela teve a oportunidade de esbanjar a invejável beleza que tem para alguém de sua idade (e o diretor Tom Ford não seria bobo de ignorar isso), apresentar um impecável sotaque britânico e ainda fazer parte de uma das melhores cenas do filme em questão. Mais um desempenho subestimado entre tantos de sua carreira.
9. MINHAS MÃES E MEU PAI (2010): Julianne Moore foi injustamente ofuscada por sua colega Annette Bening nas premiações por Minhas Mães e Meu Pai. Tão boa quanto ela – e até melhor, arrisco dizer -, Moore é o coração desse filme de Lisa Cholodenko que, basicamente, é todo dos atores. Ao mostrar a vulnerabilidade de uma mulher que comete vários erros que colocam o seu casamento em risco, Moore utilizou todas suas conhecidas habilidades para transitar entre cenas cômicas e outras de cortar o coração (as discussões entre ela e Bening são verdadeiros destaques). Um trabalho bem sincero da atriz, que merecia ter sido celebrado na mesma proporção que o de sua colega.
10. SHORT CUTS – CENAS DA VIDA (1993): Chega a assustar a quantidade de bons atores que Robert Altman conseguiu reunir em Short Cuts – Cenas da Vida. E, em uma característica que se tornaria uma constante posteriormente em longas como Magnólia e Boogie Nights, Moore conseguiu roubar a cena em um grupo cheio de bons atores. Inclusive, uma cena dela em Short Cuts é considerada clássica: aquela em que a atriz, sem medo de fazer nu frontal, discute com o marido. Um papel bem pequeno mas que, em seus poucos momentos, é suficientemente intenso para marcar.
José Henrique, obrigado pela correção! Já arrumei o texto =)
Luís, a Julianne Moore é dona de escolher filmes ruins e estar bem neles. Gosto dela, por exemplo, em “Os Esquecidos”!
Kamila, como eu disse no texto, foi fácil selecionar dez atuações, o problema foi ordená-las. São todas extraordinárias!
Ygormoretti, valeu!
Hugo, ainda não tinha pensado por esse lado: de ser uma orientação para leigos na carreira da atriz. Fico feliz, então, que a série TOP 10 esteja funcionando nesse aspecto também!
Muito legal essa idéia de fazer o TOP 10. É uma boa orientação para quem ainda não viu todos os trabalhos do artista. Parabéns!
Boogie Nights e Magnólias as melhores! Parabéns pelo top 10!!
Abraço!
Pense num top 10 difícil de fazer, porque a Julianne, como a grande atriz que é, tem tantas excelentes performances, mas teu top 10 tá certeiro. Impossível contestar qualquer dessas atuações. A minha favorita dela é a mesma sua.
Eu adoro o trabalho dela e mesmo em filmes mais zoadinhos, como “O Preço da Traição”, acho que Julianne sempre apresenta bons resultados. Particularmente, eu a adoro em “As Horas”, “Pecados Inocentes”, “Direito de Amar” – ela é mesmo maravilhosa.
Estou gostando muito da seção Top 10, parabéns!
Apenas uma ressalva: com Fim de Caso, Julianne Moore recebeu sua segunda, e não terceira, indicação ao Oscar.