Em 127 Horas, assim como em Quem Quer Ser Um Milionário?, Danny Boyle volta a afirmar que o forte de seus filmes não é a história em si, mas sim como ela é contada. No longa estrelado por James Franco, Boyle volta a fazer parceria com um dinâmico montador. Agora, é a vez de Jon Harris dar agilidade para a história contada pelo diretor. E o resultado é de tirar o chapéu. Não devemos, entretanto, reduzir o trabalho de Harris ao simples fato de conseguir superar o desafio de dar continuidade a uma história passada quase que inteiramente em um único cenário. Ele vai além: em certos momentos, até nos esquecemos que estamos presos em um lugar estreito junto com o protagonista. Harris, junto com a bem planejada trilha de A.R. Rahman, consegue dar excelente ritmo para essa história que, se montada de maneira errada, poderia cair na monotonia. Não é o que acontece aqui. Pelo contrário: o resultado apresentado por Harris dá uma nova perspectiva para 127 Horas. Montagem objetiva e com o estilo certeiro para manter o espectador sempre atento.
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CONTÁGIO
Muito da sensação de surpresa deixada por esse novo filme de Steven Sodergbergh vem da ótima montagem de Stephen Mirrione. Se o diretor não consegue concluir muito bem a maioria das histórias que desenvolve, Mirrione consegue apresentá-las com uma notável habilidade. A montagem costura tudo bastante precisão, trazendo exatamente aquilo que Contágio precisa: harmonia. No final, não parece que vimos uma confusão de personagens e situações. A montagem, com muitos méritos, conseguiu organizar e, principalmente, dinamizar tudo.
MEDIANERAS – BUENOS AIRES NA ERA DO AMOR VIRTUAL
Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual conseguiu expressar sua contemporaneidade até mesmo na montagem. Pablo Mari e Rosario Suárez, responsáveis pelo setor, tratam tudo com um dom muito valioso: aquele de organizar duas histórias que acontecem em circunstâncias diferentes mas que são, essencialmente, sobre os mesmos dilemas. Martín (Javier Drolas) e Mariana (Pilar Lopez de Ayala) têm rotinas distintas – mas, no fundo, como a própria montagem aponta, vivem praticamente a mesma vida.
A PELE QUE HABITO
Uma boa trama cheia de segredos e revelações não vem apenas de um bom roteiro, mas também de um bom trabalho de montagem. Tal afirmação serve como uma luva para A Pele Que Habito, um dos longas mais surpreendentes de Pedro Almodóvar. Aqui, além do quebra-cabeça ser montado com a devida dose de curiosidade, as escolhas mais ousadas (como alguns segredos sendo revelados cedo demais) não estragam o filme: pelo contrário, o resultado fica ainda mais interessante.
CISNE NEGRO
As paranoias de Nina não teriam o mesmo efeito se não fosse o excelente trabalho de montagem. Ora, a dificuldade do espectador distinguir o que é realidade de sonho também é fruto desse trabalho. E Cisne Negro, ao conduzir com a devida dose de tensão dramática sua história, consegue saldo mais do que positivo com as escolhas da montagem. Outro pequeno grande detalhe desse que é um dos filmes mais marcantes de 2011.
EM ANOS ANTERIORES: 2010 – A Origem | 2009 – Quem Quer Ser Um Milionário? | 2008 – Onde os Fracos Não Têm Vez
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Escolha do público:
1. Cisne Negro (34,38%, 11 votos)
2. A Pele Que Habito (25%, 8 votos)
3. 127 Horas (21,88%, 7 votos)
4. Contágio (9,38%, 3 votos)
5. Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual (9,38%, 3 votos)
Reinaldo, gosto da montagem de “Cisne Negro”, mas prefiro muito mais a de “127 Horas” e até mesmo a de “Contágio”.
Brenno, os filmes do Danny Boyle são sempre imbatíveis nesse segmento, né?
Kamila, um trabalho muito competente mesmo!
Ghuyer, subestimado mesmo! Para mim, é o melhor trabalho do Soderbergh em anos.
Muito legal tu ter indicado Contágio, um filme que na minha opinião foi subestimado pela maioria dos cinéfilos e críticos. Dos teus indicados, não vi justamente o vencedor, 127 Horas. Entre os outros quatro, eu votaria em Contágio. Na minha premiação, dei a vitória para Scott Pilgrim.
Não assisti “Medianeras”, da sua lista de indicados, mas meu voto iria para “Contágio”, que tem um trabalho de montagem muito competente e que é fundamental para o roteiro, para o relato da história do longa dirigido por Steven Soderbergh.
Muito bom estar sendo dado o verdadeiro reconhecimento que “127 Horas merece”
E aqui o meu voto vai para Cisne negro. Acho que a seleção feita por ti é ótima. Mas a montagem de Cisne negro para mim, é um assombro de técnica e, mais do que em qualquer outro indicado, detém valorosa força narrativa
Abs