As indicações ao Oscar de… Alexandre Desplat

Hoje, todo cinéfilo conhece o francês Alexandre Desplat. Entretanto, até cinco anos atrás, poucos sabiam de sua existência. Indicado para quatro Oscars, esse francês de 50 anos é o compositor que mais trabalha atualmente, além de ser extremamente eclético, fazendo trilha para blockbusters, dramas, animações e suspenses. O melhor de Desplat é que ele nunca perde o ritmo e, mesmo que, de vez em quando, apresente trabalhos reciclados, está sempre dando provas de originalidade. Confira, abaixo, breves análises das quatro vezes em que o compositor foi indicado ao Oscar:

2007 – Melhor Trilha Sonora

Javier Navarrete (O Labirinto do Fauno)

Philip Glass (Notas Sobre Um Escândalo)

Alexandre Desplat (A Rainha)

Gustavo Santaolalla (Babel)

Thomas Newman (O Segredo de Berlim)

Pouco interessa se Alexandre Desplat merecia estar nessa lista com A Rainha ou com O Despertar de Uma Paixão, filme que lhe rendeu um merecido Globo de Ouro. As duas trilhas são ótimas e foram perfeitas introduções do compositor para o público que até então não tinha muito conhecimento de sua obra (ela já incluía bons trabalhos como Reencarnação e Moça Com Brinco de Pérola). Desplat poderia sim ter vencido o prêmio logo de cara, uma vez que a segunda estatueta para o subestimado Gustavo Santaolalla foi apenas uma consolação para Babel, filme que era um dos favoritos daquela cerimônia e que não poderia sair da festa de mãos abanando. Além de um merecido reconhecimento para A Rainha, seria também um importante voto de confiança para esse compositor que não deixaria de dar constantes provas de talento a partir daí. Se não fosse Desplat, que pelo menos tivessem premiado a bela trilha de O Labirinto do Fauno, ou, então, a de Notas Sobre Um Escândalo, para corrigir as injustiças absurdas que já cometeram com o mestre Philip Glass, que, pasmem, não tem Oscar até hoje.

2009 – Melhor Trilha Sonora

Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button)

A.R. Rahman (Quem Quer Ser Um Milionário?)

Thomas Newman (WALL-E)

James Newton Howard (Um Ato de Liberdade)

Danny Elfman (Milk – A Voz da Igualdade)

Obra-prima de Alexandre Desplat, a trilha de O Curioso Caso de Benjamin Button não conseguiu rivalizar com a de Quem Quer Ser Um Milionário?, do indiano A.R. Rahman – um sujeito que, assim como Santaolalla, é bastante superestimado. O trabalho de Desplat era, claramente, o mais consistente entre todos, criando uma atmosfera impecável para o filme de David Fincher. Estranho ver a Academia se rendendo ao trabalho de Rahman, já que a trilha é basicamente composta por canções (três delas indicadas ao prêmio em sua respectiva categoria). 2009 também foi um ano de gigantes, onde ainda concorriam outros profissionais que até hoje não sentiram o gosto do que é vencer um Oscar, como Thomas Newman (inspirado em sua trilha para WALL-E, outro que merecia mais reconhecimento), James Newton Howard e Danny Elfman. Rahman, cujo prêmio foi mais pela empolgação exacerbada com o filme de Danny Boyle, realizou sim um trabalho muito interessante, mas que, hoje, já não fica tanto na memória quanto O Curioso Caso de Benjamin Button, de Alexandre Desplat.

2010 – Melhor Trilha Sonora

Michael Giacchino (Up – Altas Aventuras)

Alexandre Desplat (O Fantástico Sr. Raposo)

Hans Zimmer (Sherlock Holmes)

James Horner (Avatar)

Marco Beltrami & Buck Sanders (Guerra ao Terror)

No ano em que Marco Beltrami e Buck Sanders foram inexplicavelmente lembrados pela trilha de Guerra ao Terror (mais um caso de indicação só para bajular um filme) e que Abel Korzeniowski não foi citado por seu perfeito trabalho em Direito de Amar, poderíamos esperar qualquer loucura para o vencedor. Desplat, por O Fantástico Sr. Raposo, não tinha qualquer chance de vencer, pois Michael Giacchino era, merecidamente, o favorito por seu ótimo trabalho em Up – Altas Aventuras. Era mesmo o ano da Pixar nessa categoria, porque os já consagrados Hans Zimmer e James Horner dificilmente venceriam por seus respectivos trabalhos. Vale lembrar, claro, que Desplat, seguindo o seu padrão de alta quantidade de trilhas por ano, ainda tinha dois excelentes trabalhos elegíveis: Coco Antes de Chanel e Chéri. Trabalhos, inclusive, que eram mais merecedores do que o próprio indicado do francês.

2011 – Melhor Trilha Sonora

Trent Reznor & Atticus Ross (A Rede Social)

Hans Zimmer (A Origem)

Alexandre Desplat (O Discurso do Rei)

John Powell (Como Treinar o Seu Dragão)

A.R. Rahman (127 Horas)

Desplat não seria Desplat se não se envolvesse com os projetos certos. Entre tantos trabalhos, eis que ele foi parar no grande vencedor do ano de 2011. E, se num primeiro momento, pode até parecer que o compositor foi indicado apenas pelo buzz de O Discurso do Rei, logo percebemos que não é bem assim: a trilha, simpática e com uma música-tema muito interessante, merecia mesmo estar ali. Mas não para vencer. Assim como o próprio filme de Tom Hooper, era o indicado “clássico” e sem ousadias de sua categoria. Se O Discurso do Rei conseguiu bater seus rivais na categoria principal, Desplat não alcançou tal feito, até mesmo porque os vencedores, Trent Reznor e Atticus Ross, mereceram a estueta pelo trabalho contemporâneo e diferente. Outro cotadíssimo desse ano era Hans Zimmer, que criou composições emblemáticas para o grandioso A Origem. Entre as ausências, Daft Punk, por Tron – O Legado. A dupla merecia figurar entre os cinco selecionados, fazendo par com A Rede Social. As duas trilhas têm muito em comum.

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No próximo post: George Clooney.

8 comentários em “As indicações ao Oscar de… Alexandre Desplat

  1. Victor, para mim, o Desplat deveria ter vencido em 2007 e 2009!

    Alan, “O Curioso Caso de Benjamin Button” é a obra-prima dele.

    Mateus, é difícil escolher apenas uma do Desplat por ano, principalmente quando ele veio com “Chéri”, “O Fantástico Sr. Raposo” e “Coco Antes de Chanel” no mesmo ano.

    Kamila, Desplat, na minha opinião, é, possivelmente, o melhor compositor da atualidade!

    Cleber, que inveja! haha

    Júlio, “Quem Quer Ser Um Milionário?” não merecia mesmo. Apesar de ser um bom trabalho, não creio que tenha marcado tanto quanto alguns dos outros indicados.

  2. A trilha sonora de A Rainha é excelente, assim como o filme; merecia o Oscar! Já por O Curioso Caso de Benjamin Button, eu não sei. Amo a trilha – ao contrário do filme -, mas Wall-E estaria no pário. Definitivamente, no entanto, Quem Quer Ser um Milionário não merecia. E, sim, a trilha de Up merecia o Oscar, mesmo gostando muito do seu desempenho no Sr. Raposo. Por fim, a música de A Rede Social é absolutamente genial. Vi nos bônus do blu-ray como foi a composição, fiquei pasmo. Merecia MUITO nesse ano, muito mais que a óbvia e rasteira, apesar de eficiente, de A Origem!

  3. Eu assisti o concerto dele em São Paulo, e fiquei maravilhado quando tocou a trilha de “A Raiha”, que alias, é a sua melhor composição.

  4. Sou fã absoluta do Alexandre Desplat, que considero ser uma das revelações mais felizes que o cinema nos apresentou na última década. Por mim, teria ganho todas as indicações que conquistou ao Oscar, porque merece demais, pelo enorme talento que tem. :)

  5. Também acho a trilha de BENJAMIN BUTTON seu trabalho mais notável, e era por ele que ele deveria vencer. Ano passado seria muito mais justo que Desplat entrasse por O ESCRITOR FANTASMA, que tinha composições muito mais criativas (mas infelizmente o filme não teve poder de chegar em qualquer categoria da premiação).

  6. Do Desplat, eu prefiro O Curioso Caso de Benjamin Button mesmo. É uma trilha memorável que fica na cabeça. Ainda não vi Sr. Raposo, mas quero ver agora, principalmente por ser do Desplat.

  7. De todos os anos, o Desplat só não merecia em 2007 e no ano passado — ainda que, em Raposo, não dê para saber onde termina a qualidade do trabalho dele e onde começa o gosto musical não-original do Anderson.

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