As formas do amor

Toda Forma de Amor está longe de ser um filme simplista. O sentimento que dá título ao filme de Mike Mills não é retratado de forma melodramática ou previsível. Ao invés de construir romances comuns, o longa-metragem está mais preocupado em mostrar como os relacionamentos podem mudar vidas – para o bem ou para o mal. Na realidade, Toda Forma de Amor procura explorar a dramaticidade do amor. Logo no início, conhecemos Oliver (Ewan McGregor), um sujeito que, como dizem no próprio filme, quer estar em um relacionamento, mas simplesmente não consegue fazer parte de um. Essa percepção torna Oliver solitário – até o dia em que conhece a irreverente Anna (Mélanie Laurent), uma moça que, talvez, possa mudar sua perspectiva sobre as relações.

A vida de Oliver, no entanto, também está marcada por memórias que ainda não foram superadas. E a maior delas é a de seu pai, Hal (Christopher Plummer), que faleceu recentemente em função de um câncer. Hal, quando descobriu a doença, resolveu assumir a sua homossexualidade, envolvendo-se com um homem muito mais novo. Ou seja, paralelo aos problemas de Oliver, ainda acompanhamos, através de flashbacks, como esse relaciomento gay ajudou (ou atrapalhou) Hal em seus últimos dias de vida.

Em sua primeira metade, Toda Forma de Amor não consegue conquistar o espectador. Demorando para mostrar as verdadeiras intenções dramáticas do filme, o roteiro só começa a funcionar de verdade na segunda parte, quando acompanhamos os personagens de McGregor e Plummer em momentos de maior intensidade emocional. Portanto, aquele filme que começou sem ritmo e narrado de forma quase estranha (os cortes abruptos podem afastar muita gente) termina de forma sensível. Ou seja, quando a história se encontra, Toda Forma de Amor envolve, especialmente em função da performance dos atores.

Ewan McGregor, que estava há anos sem um desempenho de destaque, apresenta aqui o seu melhor momento recente, conduzindo com competência um papel que não é tão fácil como aparenta. Quem rouba a cena, porém, é o veterano Christopher Plummer. A performance do ator é segura, especialmente por causa da curiosidade que sua caracterização desperta e da dedicação corajosa do ator ao papel – afinal, encontrar um ator com mais de 80 anos que aceitasse beijar outro homem em cena não deve ter sido tarefa simples. Quando aparece, Plummer é o destaque (e, por sinal, o filme poderia ter aproveitado mais isso, uma vez que os flashbacks envolvendo o personagem são breves e não tão aprofundados como poderiam ser).

FILME: 8.0


11 comentários em “As formas do amor

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  2. Enaldo, o McGregor já teve uma fase muito boa… Hoje, ele anda bem apagado!

    Nelson, pena que, nessa temporada de premiações, não exista espaço para o McGregor…

    Luís, o filme é ótimo!

    Stella, realmente, “Toda Forma de Amor” foi uma surpresa.

    Kamila, acho que o filme só traz consagrações para o Plummer mesmo…

    Cleber, até a metade, não estava gostando do resultado. Depois, o filme melhorou bastante e conseguiu me conquistar =)

    Júlio, de vez em quando, é legal dar uma olhada em filmes lançados diretamente em DVD. Tem coisa boa sim. Um dos que mais me impressionou foi “Lunar”, que passou completamente despercebido.

    Hugo, concordo!

    Lisete, sempre uma alegria ter comentários teus por aqui! O Plummer certamente também levará todos os prêmios em função dessa memória afetiva do capitão Von Trapp. E merecidamente!

  3. Então, Matheus .. seguindo a tua dica…este será o meu 1º filme do ano. Além de rever Christopher Plummer, do clássico Noviça Rebelde, o capitão Trapp, que faz um papel de ator normal, ao lado de Julie Andrews…vamos ver como se sai McGregor! Um abraço!!!!

  4. Juro que não tinha nem ideia da existência do longa antes de sua indicação ao Globo de Ouro e, principalmente, a atenção que tem vem recebido pelos críticos. Tenho uma idiotice que é a preguiça de assistir películas lançadas direto em DVD, e, como é o caso, devo conferir apenas se um dia esbarrar com a mesma por aí. Ou não, né. Seu texto desperta uma curiosidade grande (gosto do Ewan), e com outros que venho lendo também, posso acabar vendo Toda Forma de Amor!

  5. Eu realmente achei esse filme um porre, uma chatisse. Obviamente você gostou muito mais do que, e não consigo entender porque o Plummer conseguiu tudo isso, sendo que ele está tão normal.

  6. Ultimamente, tenho lidos comentários sobre o fato de o reconhecimento à atuação de Christopher Plummer, neste filme, poder carregar junto e trazer uma possível indicação ao Ewan McGregor. Confesso não achar que isso pode acontecer, mas, de qualquer maneira, seu texto foi suficiente pra me deixar bem curiosa em relação a esta obra.

  7. Estou ansioso para ver esse filme, uma vez que, como li em outros lugares e aqui, McGregor apresenta um bom resultado além de o filme ser bastante interessante, principalmente pela sua temática e desenvolvimento… anseio mesmo por vê-lo.

    Aliás, excelente texto.
    ;)

  8. Grande pequeno filme, um dos meus preferidos do ano, e uma pena que apenas Plummer esteja sendo lembrado nas premiações. McGregor está em um dos seus melhores momentos, e acho que Laurent também está sendo pouco reconhecida. Enfim, amei muito esse filme.

  9. Infelizmente, Ewan McGregor é um ator mal aproveitado. Já Christopher Plummer sempre foi conhecido por um ator meio limitado.

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