Melhores de 2010 – Roteiro Original

Quando escrevi sobre A Origem, comentei que apoiava a ideia da crítica  de cinema Isabela Boscov que o longa de Christopher Nolan é apenas uma brincadeira. Permaneço um pouco com essa opinião. Ainda acredito que A Origem é ligeiramente mais genial pela sua montagem impecável do que propriamente pelo seu conteúdo. Longe de ser filosófico – já ouvi até comparações com o cinema de Bergman (!), por exemplo – o roteiro de Nolan, no entanto, tem a história mais interessante de 2010. Não entendo como Nolan foi capaz de criar uma história tão mirabolante e ainda assim deixá-la compreensível e muito instigante. Presente de um cara que ainda tem muito o que nos proporcionar. E, a julgar pelo que vimos no roteiro de A Origem, podemos esperar muitas outras histórias diferentes e cheias de inventividades na carreira do britânico.

LUNAR

Mais do que um maravilhoso trabalho de Sam Rockwell, Lunar é um filme completo até mesmo no roteiro. Instigante do início ao fim, o trabalho do novato Duncan Jones nunca deixa de despertar interesse no espectador. Bebendo muito da fonte de 2001 – Uma Odisséia no Espaço, o roteiro de Lunar, no entanto, consegue se desprender do clássico de Stanley Kubrick e criar algo novo e que nunca parece fake. Outro motivo para assistir essa produção que passou completamente despercebida.

TROPA DE ELITE 2 – O INIMIGO AGORA É OUTRO

É aquele velho blá blá blá de que toda continuação é roteiro adaptado porque é baseada em personagens que já existiam previamente. Não aqui. Para o Cinema e Argumento, o que conta é a história, não os personagens. Tropa de Elite 2, então, chega entre os meus finalistas de roteiro original. E, convenhamos, que grande evolução a história do Capitão Nascimento teve! Discutindo política, violência e também humanidade, o roteiro se mantem seguro durante todo o tempo, mostrando o quão maduro é o texto.

A FITA BRANCA

Amado e odiado, A Fita Branca foi um dos filmes mais controversos de 2010. Baseado quase que completamente em suposições e mensagens subjetivas, o roteiro de Michael Haneke desperta a admiração daqueles que são conquistados por esse tipo de história. Por sorte, consegui ficar nesse seleto grupo. Aliás, A Fita Branca foi uma surpresa para mim. Pensei que fosse aquele tipo de filme pedante metido a cult. Ainda bem que fiquei com uma percepção completamente diferente desse roteiro que, além de criar boas tramas, desenvolve muito bem os personagens.

MARY & MAX – UMA AMIZADE DIFERENTE

Não sei se existe uma animação tão adulta no que se refere a roteiro como Mary & Max – Uma Amizade Diferente. Ou seja, o roteiro que Adam Eliott escreveu poderia muito bem servir para um filme em live action. Melancólico, mas extremamente certeiro também em outras emoções, o roteiro faz uma maravilhosa construção psicológica de seus protagonistas, além de trazer inúmeras mensagens que deixam qualquer fã de cinema reflexivo – principalmente aqueles que têm ou já tiveram relacionamentos à distância.

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Escolha do público:

1. A Origem (23 votos, 67.65%)

2. A Fita Branca (6 votos, 17.65%)

3. Mary & Max – Uma Amizade Diferente (5 votos, 14.71%)

4. Lunar (0%, 0 votos)

5. Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (0%, 0 votos)

7 comentários em “Melhores de 2010 – Roteiro Original

  1. Mateus, acho que é uma questão de análise mesmo… Eu até enxergo essas profundidades em “A Origem”, mas acho que elas estão longe de serem destaque no roteiro. Quanto ao roteiro de “Tropa de Elite 2”, ele é adaptado por causa dos personagens mesmo, já que o livro foi lançado depois do filme! =)

    Alexsandro, o roteiro de “Tropa de Elite 2” segue o mesmo caso de “Toy Story 3”. Acho um absurdo ser considerado adaptado só porque é continuação. Pelo menos para mim o que conta em um roteiro é a história!

    Mayara, tocante e madura, né?

    Kamila, assista logo esses dois filmes, eles são ótimos!

    Kahlil, eu também considerei “Toy Story 3” original, mas não consegui colocá-lo na minha seleção final! Prefiro bem mais esses trabalhos que indiquei…

    Reinaldo, pelo menos concordamos =P

  2. No meu blog eu dei esse prêmio para ‘Toy Story 3’, que apesar de estar sendo colocado como ‘adaptado’ em diversos prêmios decidi colocá-lo como ‘original’ já que a única base que o roteiro tês são os personagens, toda a narrativa foi escrita do zero.

    http://filme-do-dia.blogspot.com/

  3. Não vi dois dos seus indicados (Lunar e Mary & Max), por isso meu voto foi para “A Origem’.

  4. A seleção sua que mais gostei até agora. Iclusive, são minhas cinco escolhas para a premiação pessoal que devo postar no blog esse mês, mas não conta pra ninguém. rsrs

    Também acho meio sem nexo incluir Tropa de Elite 2 em Roteiro Adaptado, apenas alguns personagens retornam e, em sua maioria, já não mais como antes. A Origem só comprova o brilhantismo do Nolan, que tanto dirige impecavelmente, quanto roteiriza.

  5. Eu fiquei decepcionado com a interpretação preguiçosa da Isabela Boscov na época, e seguir aquela linha é desperdiçar entender o quão profundo é o texto que Nolan concebeu. Tratando da mente, certamente o filme não iria apenas ser uma trama de ação em camadas de sonhos. É que o filme é tão extraordinário em visual e estrutura que muitos acabam nem percebendo seus detalhes mais interessantes. Que ele seja, na verdade, uma comovente história de redenção, é a linha mais superficial a se entender. Mas há muito mais para se examinar no sentido das projeções que cada um cria no seu subconsciente, por exemplo, ou os significados de se inserir uma ideia na mente de outra pessoa. Justamente por esconder de forma tão sublime seus “segredos e significados mais íntimos”, A ORIGEM acaba sendo tachado por muitos (detratores) como pretensioso e vazio — o que, certamente, é aproveitá-lo pela metade.

    Seus outros indicados são excelentes, mas TROPA DE ELITE 2 é adaptado não apenas pelo fato de os personagens já existirem, mas porque o filme é mesmo baseado num livro (“Elite da Tropa 2”, ou ele foi lançado depois?). LUNAR tem um texto arrebatador, e vejo não apenas referências de 2001, mas de SOLARIS também; filme excelente. MARY E MAX entende profundamente seus personagens e nos embriaga com tanta melancolia e simpatia. E sobre A FITA BRANCA, bom, quando Haneke fizer uma obra pseudo-cult…

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