Oscar 2011: Filme

Todo ano vai ser sempre assim: vários filmes indicados na categoria principal sequer mereciam receber o título de “indicado ao Oscar de melhor filme”. Com a expansão para dez indicados, o efeito foi justamente o inverso do que era pretendido. Se antes pensávamos que essa escolha poderia beneficiar aqueles esquecidos como WALL-E, Batman – O Cavaleiro das Trevas e até mesmo Dúvida, hoje vemos que a safra de filmes elegíveis para o prêmio está cada vez mais fraca. O resultado? Todo ano, a lista se torna cada vez mais desinteressante, contendo nomes inexplicáveis. Deveriam ter permanecido nos cinco. Era muito mais clássico e não banalizava os indicados na categoria principal.

A disputa esse ano é bem clara, não apenas no que se refere aos principais candidatos, mas também nos próprios estilos que se confrontam. De um lado, o jeito contemporâneo de fazer cinema, evidenciado em longas como Cisne Negro, A Rede Social e A Origem. Do outro, o estilo mais clássico ou “quadrado”, unicamente representado por O Discurso do Rei – filme esse que está sendo injustamente massacrado por causa do favoritismo. Ao que tudo indica, o longa-metragem de Tom Hooper deve ser coroado em várias categorias (incluindo a mais importante), enquanto o de David Fincher deve conseguir direção, roteiro adaptado e montagem. Mas minhas apostas finais ficam para amanhã…

Abaixo, minha ordem de preferência dos indicados:

1. A ORIGEM: De todos os indicados ao Oscar de melhor filme nesse ano, A Origem foi o que mais me impressionou. Grandioso e com jeito de clássico contemporâneo, o longa é uma verdadeira sequência de acertos, desde o elenco bem selecionado até ao trabalho extraordinário de Christopher Nolan atrás das câmeras. Uma história original contada de uma forma mais original ainda. É de se lamentar que o filme não será devidamente reconhecido. A culpa, na minha opinião, está na data de estreia do longa. Tenho certeza que, se tivesse sido lançado no final do ano, teria o favoritismo. Como estreiou na metade de 2010, deve se contentar apenas com lembranças técnicas.

2. CISNE NEGRO: O filme mais artístico da seleção. Misturando linguagem de cinema, dança e música, Darren Aronofsky (o diretor do ano) construiu um verdadeiro espetáculo. Natalie Portman em grande momento, bem como a ótima fotografia e os ótimos coadjuvantes só engrandecem essa história que merecia muito mais do que meras cinco indicações. Muito comentado aqui pelo Brasil, seria uma grata surpresa vê-lo como vencedor – e, meus caros, não duvidem que isso possa acontecer.

3. O DISCURSO DO REI: Reclamem o quanto quiser. Sim, sou quadrado e todo aquele bla bla bla. Gostei e defendo O Discurso do Rei. Injustamente massacrado por ser o favorito da noite, o filme de Tom Hooper tem sim muitos pontos positivos. Seja a extraordinária dupla Firth + Rush, a parte técnica ou, até mesmo, a direção. Para quem gosta do formato, é um prato cheio. E é por causa disso que O Discurso do Rei lidera corrida. Por mais que não seja o meu favorito, tem a minha compreensão.

4. 127 HORAS: Danny Boyle é mestre em disfarçar o pouco conteúdo com uma estrutura diferente. 127 Horas, assim como o premiado Quem Quer Ser Um Milionário? é ótimo justamente por causa disso. Quem assiste ao filme sabe que ele foi dirigido por Boyle. Ritmo ágil, montagem dinâmica, trilha diferenciada, fotografia bem utilizada. É o suficiente para justificar o reconhecimento da produção.

5. TOY STORY 3: Se tem pelo menos uma vaga para um filme independente, também tem vaga certa para uma animação. Alguns podem dizer que Toy Story 3 está só completando a lista, mas, sejamos sinceros, é impossível ficar indiferente com toda a emoção que o filme de Lee Unkrich passa. Toy Story 3 é nostálgico e funciona como qualquer outro filme da Pixar. Por isso, sua indicação é mais do que justa.

6. O VENCEDOR: Novelesco do início ao fim e com personagens que, às vezes, são propositalmente caricatos, O Vencedor tem seus momentos por ter justamente essas características. É um filme inofensivo, que teve atenção em função de seu ótimo elenco. Nunca que era digno de indicações para direção e montagem, mas, de resto, recebeu as nomeações que merecia. Agora, se merece conquistar qualquer estatueta é outra história…

7. A REDE SOCIAL: Elogiado mais do que merecia, A Rede Social é uma boa história, mas que é contada da pior maneira possível: fria e mecânica. Os diálogos robóticos não me agradaram muito, mas, pelo menos, é um longa que tem várias virtudes, como a dinâmica trilha sonora, a ágil montagem e o excelente desempenho de Andrew Garfield. Só faltou o roteirista Aaron Sorkin entender que não é porque um filme está falando de um tema frio que o resultado também precise ser necessariamente frio…

8. MINHAS MÃES E MEU PAI: Por mais que eu não concorde com toda essa festa para Minhas Mães e Meu Pai, dá pra entender o porquê dele estar aqui. Além de ocupar a vaga de filme independente do ano, é agradável e ainda traz um excelente elenco encabeçado por duas atrizes maravilhosas. Porque, de resto, Minhas Mães e Meu Pai é previsível do início ao fim. Sorte da diretora Lisa Cholodenko ter um elenco especial como esse…

9. BRAVURA INDÔMITA: Depois de Onde os Fracos Não Têm Vez já virou regra: qualquer coisa vinda dos irmãos Coen precisa ser celebrada. Se qualquer menção para o monótono Um Homem Sério já não me agradou, imagina, então, ver esse faroeste apenas satisfatório receber nada menos que dez indicações! Bravura Indômita é linear e pouco movimentado. Na minha seleção particular, não estaria entre os dez concorrentes.

10. INVERNO DA ALMA: Sempre existe a vaga do filme independente entre os dez indicados. Mas se Minhas Mães e Meu Pai já ocupou essa posição, qual a razão de Inverno da Alma também estar na seleção principal? O filme de Debra Granik é lento e arrastado, onde apenas a atuação de Jennifer Lawrence pode ser ressaltada como extraordinária. A indicação, então, é desnecessária. Poderia ter sido facilmente trocada por outra produção.

O ESQUECIDO

Se abriram duas vagas para filmes independentes, por que, então, não celebrar o melhor deles? Namorados Para Sempre (nem vou comentar esse título brasileiro cretino) é claramente superior a Inverno da Alma e Minhas Mães e Meu Pai. Além de ter ótimos desempenhos de Michelle Williams e Ryan Gosling, o filme constrói muito bem o retrato de um relacionamento despedaçado. Reflexivo e muito mais interessante que qualquer um dos dois filmes independentes citados anteriormente, Namorados Para Sempre poderia ter entrado com muita facilidade na seleção principal do Oscar.

3 comentários em “Oscar 2011: Filme

  1. Minha ordem fica:

    “Toy Story 3”> “Cisne Negro”> “A Origem”> “A Rede Social”> “127 Horas”> “Bravura Indômita”> “O Discurso do Rei”> “Inverno da Alma”> “O Vencedor”> “Minhas Mães e Meu Pai”.

    ;)

  2. Definitivamente a data de estréia de A Origem teve grande culpa no desempenho. Tenho medo de tentarem compensar o Nolan em roteiro, o que eu não acho que deveria acontecer.

    Eu adorei Cisne Negro, e é o melhor filme que eu assisti este ano, mas acho a vitória simplesmente impossível, já que não se beneficia com a audiência conservadora da Academia, e é polarizador demais em um sistema de votos com pesos.

    Sou fã de O Discurso do Rei, que tem minha torcida amanhã, e acho injusta a reação dos fãs de TSN contra ele. É possível sim admirar os dois. Só discordo da sua opinião do roteiro de A Rede Social, mas isso provavelmente se deve a minha admiração pelos diálogos verborrágicos do Sorkin desde The West Wing.

    Vai postar o listão de apostas amanhã?

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