For the first time in my life I can’t see my future. Everyday goes by in a haze, but today I have decided will be different.
Direção: Tom Ford
Elenco: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Lee Pace, Matthew Goode, Ginnifer Goodwin, Aaron Sanders, Ryan Simpkins
A Single Man, EUA/Inglaterra, 2009, Drama, 101 minutos, 16 anos
Sinopse: George (Colin Firth) é um professor de inglês, que repentinamente perde seu companheiro de 16 anos. Sentindo-se perdido e sem conseguir levar adiante sua vida, ele resolve se matar. Para tanto passa a planejar cada passo do suicídio, mas neste processo alguns pequenos momentos lhe mostram que a vida ainda pode valer a pena.
Ainda lembro da primeira vez que assisti ao trailer de Direito de Amar. Tinha ficado impressionado com o resultado alcançado pela prévia e sempre tive a sensação de que ali estava um filme muito interessante. Não deu outra: fiquei encantado com o que vi no cinema. Para quem duvidava que a inexperiência do estilista Tom Ford fosse atrapalhar a condução da história, eis a boa notícia de que isso não acontece. Ford se mostra surpreendentemente seguro como diretor. Ele, que demonstrou extrema devoção ao projeto (além de ter escrito, produzido e dirigido, também investiu dinheiro próprio na produção), alcança não só um admirável êxito estético, mas também cinematográfico.
O visual é, sem sombra de dúvidas, um dos pontos altos de Direito de Amar. A produção se mostra impecável: os figurinos fazem jus ao trabalho estilista de Ford, a direção de arte é detalhista, a fotografia impressiona a cada quadro e ainda a trilha sonora é de arrepiar. São elementos estéticos que por si só já valeriam uma conferida gratificante ao filme. A visão artística é um elemento fundamental para a construção da trama. Tudo salta aos olhos (em uma cena ou outra, até demais) e Direito de Amar já começa acertando por aí, no fato de ser um produto muito sedutor aos olhos.
Mas se a abordagem visual de Tom Ford está fortemente presente no longa-metragem, também podemos encontrar aqueles intensos teores homoeróticos que o estilista costuma deixar também em seus ensaios fora das telas. Toda sedução homossexual do filme se apresenta com uma determinada sutileza misturada com uma intensidade que chega até a ser incômoda. Talvez, por ser muito verossímil. Podemos levar como exemplo o interesse de um aluno (Nicholas Hoult) pelo protagonista, que traz para a audiência cenas que beiram ao tenso de tão insinuantes – ainda que chegue a ser explícita em determinados momentos.
No entanto, a boa notícia é que esse lado mais sexual de Direito de Amar nunca se sobrepõe ao verdadeiro interesse narrativo do filme. A atração física é mero acessório de uma história triste. Baseado no livro Um Homem Só, de Christopher Isherwood, o roteiro é de uma melancolia única. O texto aposta naquele velho e bom tom de contar tudo de forma lenta com flashbacks e acerta inteiramente. Conhecemos o personagem a fundo, ficamos comovidos com a vida dele e também nos envolvemos com todos os acontecimentos do dia que é narrado pela história. Um roteiro certeiro, que transita entre os mais diversos assuntos – entre eles solidão, dor e inconformidade com o mundo.
Direito de Amar pode ter todos os aspectos maravilhosos do mundo (e, realmente, tem), mas nenhum se compara ao perfeito desempenho de Colin Firth. Normalmente, não gosto de usar a palavra “perfeito”, pois a considero definitiva demais. Mas não existe outra palavra para definir o ator. Ele é a alma do filme e desempenha um papel espetacular, onde não existe espaço para cenas fora de tom. Firth é impecável na composição e se justiça existisse nesse mundo, ele deveria levar todos os prêmios possíveis por sua atuação. Ele é a grande estrela, mas também podemos ressaltar as participações menores de alguns coadjuvantes como Julianne Moore (essa uma injustiçada) e do jovem Nicholas Hoult (que soube aplicar sedução e dramaticidade num bom tom para o personagem).
Não é um filme que seja acertado por completo, pois tem um defeito que vai incomodar muita gente: fica claro, em diversas partes, que a área artística parece predominar sobre a cinematográfica. A fotografia parece desviar a atenção da cena em si, por exemplo. É tudo muito lindo e perfeito, como se o mundo de Direito de Amar fosse uma verdadeira pintura sem defeitos. Incômodo esse pode deixar muitos resistentes com a produção. Mas, sinceramente, o conjunto geral é tão impressionante que quase não dá pra se fixar nesses detalhes. Temos aqui, portanto, um lindíssimo filme que não teve a recepção que merecia – tanto do público quanto da crítica. Dá pra saber bem o porquê. É um filme bem dirigido ao mundo homossexual e que não faz questão de ser algo para as grandes massas. É algo autêntico. E não estaria aí o grande triunfo de tudo?
FILME: 9.5
NA PREMIAÇÃO 2010 DO CINEMA E ARGUMENTO:
It takes time in the morning for me to become George, time to adjust to what is expected of George and how he is to behave. By the time I have dressed and put the final layer of polish on the now slightly stiff but quite perfect George I know fully what part I’m suppose to play.
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eu axei o filme muito bonito se ver e d sentir, as cenas, a mudança d cor devido a intensidade de cada cena, é tudo perfeito estéticamente….
Colin Firth está brilhante, Julianne Moore está simplesmente maravilhosa, e o Nick Hoult está encantador…. adorei o filme *-*
Olha, vou te contar que não gostei tanto desse filme como a maioria. Achei as cenas belíssimas, mas senti um certo apelo em alguns momentos, como no cara jogando na quadra. Adorei o Colin Firth, mas a Julianne Moore detonou com pouquíssimo tempo em cena. E falando em tempo, também achei que ofilme poderia ter sido mais longo. No mais, é um de meus favoritos do ano.
Airton, o Colin Firth está sensacional!
Kamila, a ideia de que a concepção visual predomina só aparece em alguns momentos. O Tom Ford soube muito bem utilizar visual/conteúdo. É só em alguns momentos que ele se deixa levar bem mais pelo visual…
Wally, uma pena! Acho que você vai amar esse filme.
Mark, a intensidade sensual não chegou a me incomodar… Aliás, acho ela muito bem vinda para a história. Mas, talvez, isso incomode algumas pessoas. Mais do que o lado sexual explícito de longas como “O Segredo de Brokeback Mountain” e “Má Educação”.
Mayara, a trilha é estupenda!
Felipe, muito obrigado =)
Cristiano, assista! Vale muito a pena.
Weiner, pois é. Eu até agora não entendo como a Academia não celebrou nem a parte técnica do filme que é impecável…
A beleza estética deste filme (que valoriza muito figurinos, fotografia e direção de arte) é tão idolatrada que só faz pensar o seguinte: se o Oscar achava ruim indicar um filme de estilista nas categorias centrais, como também ignorou a parte técnica? Outro detalhe: não te parece que o Oscar tem preconceito destes atores que vencem outros festivais? Repare no histórico e verá grandes atuações (campeãs em Cannes, Veneza, Berlim) serem solenemente descartadas. Colin Firth já foi apontado como melhor que Bridges por centenas de pessoas, e ainda assim prevaleceu o “suposto preconceito” e “a carreira consagrada de Bridges”. E o Nicholas Hoult surpreendeu, né? Como aquele garotinho mirrado de 2001 se transformou! Quero muito conferir o longa, minha expectativa é que seja algo bem acima da média. E, puxa! Vendo você dar 9,5 pro filme, só aumenta minha curiosidade!
preciso ver IMEDIATAMENTE!
Gostei muito do texto, vou acompanhar o blog. Ótima resenha, parabéns. Quero muito assistir o filme. Abraço
Doidinha para ver, e seu texto confirma isso. E a trilha é mesmo um primor, quero escrever logo sobre ela no blog. ;)
Matheus, eu adorei seu post. O filme é realmente um produto sedutor aos olhos, a cada cena eu ficava encantado. É injusto não ter sido reconhecido pela críticia, já o público não me surpreende. Não tenho mais nada o que falar, porque concordo com quase tudo o que disse a respeito do filme, exceto pela intensidade sensual que não chegou me encomodar, apenas o garoto que perseguia o professor, mas falando de um filme como esse, é bobagem lembrar desses pequenos erros.
Texto totalmente deprimente. Porque eu realmente não faço idéia de quando vou conseguir assistir esta provável obra-prima.
Então, pelo que percebo, este filme é mais uma concepção visual do que a tentativa de contar uma narrativa, correto? Mas, acho que isso é até natural, até porque o Tom Ford usa o visual como meio de vida. Ele vem de um meio em que o visual é o forte. Talvez, esta é a maneira pela qual ele sabe se expressar. De qualquer forma, teus comentários foram muito animadores, no sentido de me querer fazer assistir ao filme.
opaa
achei seu blog no cinefila por natureza…tenho um de cinema e publicidade tbm…
entao este filme ainda nao acompanhei…mas todos dizem que o ator esta muito bom
boa a sinopse tbm
passa la nu blog se der
http://publicandobr.blogspot.com/2010/03/os-premios-do-fim-de-semana.html