Cinema e Argumento

Filmes em DVD

milliondollar

Menina de Ouro, de Clint Eastwood (revisto)

Com Clint Eastwood, Hilary Swank e Morgan Freeman

45

Não era o meu favorito dos indicados ao Oscar, mas não reclamo nem um pouco de sua vitória. Menina de Ouro é um filme singelo, mas que prima por ser extremamente verdadeiro em suas emoções e nas transições comportamentais que cada personagem sofre durante a história. É fácil entrar no clima e admirar a trágica jornada da corajosa boxeadora Maggie (Hilary Swank), que conseguiu conquistar a amizade do frio Frankie Dunn (Clint Eastwood, no seu típico papel rabugento mas também em um de seus melhores momentos como ator). Emocionante e conduzido com visível segurança, Menina de Ouro é uma experiência marcante e, no final, ao som da música-tema, fica fácil apontar o drama como um dos melhores da carreira de Clint.

FILME: 9.0

lapianiste

A Professora de Piano, de Michael Haneke

Com Isabelle Hupert, Benoît Magimel, Annie Girardot

4

A Professora de Piano tem tudo aquilo que fez o cinema francês alcançar notoriedade mundial. É um filme difícil, pesado, denso e que exala complexidade. Narrado de forma muito lenta, o diretor Haneke apóia a força da história no extraordinário desempenho de Isabelle Hupert – que, inclusive, ganhou a Palma de Ouro em Cannes por sua atuação. A atriz tem a árdua missão de fazer o retrato de uma mulher rígida e fria – cuja dificuldade temperamental é resultado de uma vida emocional perturbada, problemática e frustrada. A encenação da personagem não é menos que instigante – tanto pelo desempenho de Huppert quanto pelo roteiro de Haneke. Ainda assim, não é um filme recomendável, já que não são todos que vão entrar na complicada história psicológica.

FILME: 8.5

papillon

Papillon, de Franklin J. Schaffner

Com Steve McQueen, Dustin Hoffman e William Smithers

35

Não dava muita coisa por esse filme e o resultado foi melhor do que eu esperava. É uma interessante história sobre coragem e sobrevivência. Steve McQueen e Dustin Hoffman estão excelentes como dois condenados que fazem uma aliança para tentarem fugir da ilha em que estão confinados. Às vezes, a história enrola demais (principalmente nos seus momentos finais), mas o diretor Franklin J. Schaffner soube tirar bom proveito do que existe de melhor em Papillon e realizou uma obra satisfatória e que tem momentos interessantes.

FILME: 8.0

lordmade

Quase Deuses, de Joseph Sargent

Com Alan Rickman, Mos Def e Kyra Sedgwick

3

Parece mais um filme dirigido para quem estuda medicina do que para os cinéfilos. Quase Deuses, uma produção da HBO, tem pouquíssimos traços dramáticos e realiza uma história puramente clínica, onde acompanhamos durante quase toda a projeção os bastidores dos trabalhos de duas mentes dedicadas à medicina. Portanto, é um resultado não tão interessante como longa-metragem, já que é carente de maiores conflitos nos seus personagens. Mas, podemos extrair boas coisas da parte “técnica”, já que Quase Deuses é um retrato de superação e pesquisa dedicada no mundo dos médicos.

FILME: 6.5

princessbride

A Princesa Prometida, de Rob Reiner

Com Robin Wright Penn, Chris Sarandon e Cary Elwes

25

Sabe aqueles filmes de amores proibidos, principes malvados, bichos perigosos e muita aventura para que tudo tenha um final feliz? A Princesa Prometida é isso. E, às vezes, até demais. É a definição pura de filme da Sessão da Tarde. Se entrar nesse clima, o longa funciona – até porque é bem bobinho e passa a sensação de que foi produzido justamente por ter esse efeito. Eu não consegui gostar tanto do restulado, que me soou ultrapassado e desgastado – até porque o filme não tem nenhum atrativo mais diferenciado. Entretanto, como já dito, se entrar no clima, até dá pra se divertir.

FILME: 6.0

likeminds

Mentes Diabólicas, de Gregory J. Read

Com Toni Collette, Eddie Redmayne e Richard Roxburgh

2

Toni Collette está bem perdida nesse péssimo filme que tem sugestivas insinuações homossexuais mas que nunca chegam a lugar algum. É aquele velho conhecido tipo de filme que começa de certa forma satisfatória mas que aos poucos vai perdendo a força até ser finalizado em uma qualidade bem ruim. O jovem Eddie Redmayne (o filho de Julianne Moore em Pecados Inocentes) está bem esforçado, mas a história simplesmente não é trabalhada da maneira correta. Caso Mentes Diabólicas encenasse uma maior interação emocional entre os dois garotos protagonistas, talvez o resultado não tivesse sido tão insatisfatório como esse.

FILME: 5.0

Filmes em DVD

wizard

O Mágico de Oz, de Victor Fleming

Com Judy Garland, Ray Bolger e Jack Haley

4

Inocente e encantador durante toda a sua projeção, O Mágico de Oz é um dos clássicos infantis mais bem inspirados da história. Tal mérito se deve a um grande ponto positivo: o filme passa lições de moral e conta uma história infantil sem nunca soar enfadonho. Verossimilhança é a palavra-chave desse roteiro, que consegue passar toda a sua mensagem de forma sincera. Quem também merece aplausos é o elenco, em especial Judy Garland, iluminada como a protagonista Dorothy. Em alguns momentos perde o tom (a chegada na cidade de Oz é particularmente desconcertante de tão frenética), mas a sorte é que o diretor Fleming nunca se deixa levar por muito tempo com momentos assim.

FILME: 8.5

pyjamas

O Menino do Pijama Listrado, de Mark Herman

Com Vera Farmiga, David Thewlis e Asa Butterfield

4

Ainda que baseado em um livro de sucesso, O Menino do Pijama Listrado não fez muito sucesso nos cinemas – bem como o seu semelhante (tanto em bilheteria quanto em temática) O Caçador de Pipas. Mas se o longa de Marc Forster era sem graça e aquém do livro de Khaled Hosseini, O Menino do Pijama Listrado é muito bem sucedido como cinema. Caprichado em sua produção e na escolha de seus atores (o garoto protagonista é excepcional) – ainda que alguns deslizes como a presença David Thewlis – o filme de Mark Herman é um completo acerto. A história é bem desenvolvida, o final é emocionante e ainda temos uma grande trilha de James Horner. Não dá pra acreditar em algumas coisas (a mãe do garoto ficando meio maluca por que descobriu a verdade sobre Auschwitz?!), mas o longa é tão bem cuidado e satisfatório, que esses detalhes ficam pequenos perto do notável resultado obtido.

FILME: 8.5

lessergod

Filhos do Silêncio, de Randa Haines

Com William Hurt, Marlee Matlin e Piper Laurie

35

É raro achar um filme sobre deficiência sem que a história fique centrada demais no assunto ou que apele para os típicos dramas desse tema. Filhos do Silêncio é um dos melhores longas já realizados sobre o assunto, especialmente porque ele não é necessariamente sobre surdez e sim sobre a relação sincera que surge entre um professor (William Hurt, ótimo) e uma mulher que não consegue ouvir (Marlee Matlin, vencedora do Oscar de melhor atriz). Por mais que o roteiro não tenha maiores inspirações para tornar o filme original e seja meio formulaico, trabalha muito bem o que se propõe e alcança um excelente resultado, especialmente por causa das verossímeis interpretações que vemos na tela.

FILME: 8.0

gia

Gia – Fama e Destruição, de Michael Cristofer

Com Angelina Jolie, Elizabeth Mitchell e Faye Dunaway

3

Antes de ser premiada com um duvidoso Oscar de melhor atriz coadjuvante por Garota, Interrompida e de ser a mulher de Brad Pitt, Angelina Jolie já havia sido consagrada por esse filme feito para a televisão. Gia – Fama e Destruição rendeu para atriz o Globo de Ouro e o SAG de melhor atriz em filme feito para TV. Com todos os méritos. Temos aqui, possivelmente, o melhor trabalho da carreira da atriz, que se entrega de forma notável ao personagem. Despida (literalmente) de vaidades, Jolie tem uma personagem forte, que se entregou às drogas e mais tarde sofreu de AIDS, chegando em decadência ao fim de sua vida cheia de sucesso. O longa, no final das contas, dá mais ênfase ao declínio da modelo Gia do que ao seu sucesso e tem como maior mérito a presença corajosa de Jolie, uma vez que o resultado não difere de outras tantas biografias quadradas que vemos por aí sobre astros problemáticos.

FILME: 7.5

rodanthe

Noites de Tormenta, de George C. Wolfe

Com Diane Lane, Richard Gere e Viola Davis

25

Sabe aqueles filmes românticos com o Richard Gere que você não vê a mímina graça mas a sua mãe adora porque morre de amores pelo ator? Noites de Tormenta é isso: mais um longa estrelado por Gere que não tem nada de novo e traz tudo aquilo que já vimos antes. A diferença é que, durante todo o filme, o roteiro aposta em um tom romântico e, no final, faz um desfecho triste – e meio que repentino, já que parece que não sabiam como finalizar a história. Entretanto, é positivo constatar que o filme não chega a ser irritante ou sequer meloso, tornando-se até verossímil por causa de uma boa Diane Lane e um aceitável Gere. O empecilho é que esse tipo de história já não causa mais o efeito que causava nos anos 90, por exemplo.

FILME: 6.0

airibreathe

Ligados Pelo Crime, de Jieho Lee

Com Forest Whitaker, Brendan Fraser e Kevin Bacon

2

Ligados Pelo Crime começa até de forma interessante, mas aos poucos vai decaindo. E, no final das contas, o filme deixa a impressão de que é muito mal resolvido. A história é fraca, a estrutura narrativa “unindo os personagens” não tem efeito algum e os atores não são o suficiente para conferir algum tipo de carisma ao conjunto. Enquanto algumas partes funcionam, outras são um completo desastre. Além disso tudo, também consegue o fato de ser monótono. O resultado, portanto, é um filme B com alguns atores conhecidos e que, por alguma razão desconhecida, foram parar nesse filme fraco e sem atrativos muito elogiáveis.

FILME: 4.5

Filmes em DVD

goodbadugly

Três Homens em Conflito, de Sergio Leone

Com Clint Eastwood, Eli Wallach e Lee Van Cleef

4

Confesso que não sou grande fã de filmes faroeste, mas esse conseguiu me conquistar. A princípio, pode ser dito que Três Homens em Conflito estica demais uma simples história. Isso é verdade, mas o diretor Sergio Leone conduz tão bem a trama que fica complicado resistir ao resultado final. O roteiro prende a atenção do início ao fim e ainda é embalado por uma marcante trilha do gênio Ennio Morricone. Não é uma obra de quinta grandeza como os votantes do IMDB apontam (é o quarto melhor filme da história, de acordo com eles), mas sem dúvida é respeitável e muito interessante.

FILME: 8.5

straightstory

História Real, de David Lynch

Com Richard Farnsworth, Sissy Spacek e Ed Grennan

4

Se eu assistisse História Real sem saber absolutamente nada sobre a produção e me perguntassem quem é o diretor, nunca ia passar pela minha cabeça o nome de David Lynch. Lynch, conhecido por obras densas e complexas, realiza aqui um dos seus filmes mais simples; um drama bem óbvio, por sinal. Mas tamanha é a sinceridade do roteiro e a ótima interpretação de Richard Farnsworth (merecidamente indicado ao Oscar de melhor ator), que o filme termina por ser uma experiência emotiva e muito prazerosa. É um road movie sem pretensões e que consegue, a cada minuto, passar para o espectador de forma muito verdadeira os sentimentos do protagonista.

FILME: 8.5

sicko

Sicko – S.O.S. Saúde, de Michael Moore

Documentário

3

Sempre acho os documentários de Michael Moore muito interessantes. Mas, também sempre chega em determinado ponto deles que eu começo a ficar cansado. Não foi diferente com Sicko – S.O.S. Saúde, outro filme do diretor que trata de uma temática instigante e com teor contra os Estados Unidos. Explorando bem os problemas do sistema de saúde americano (e, tornando-se ótimo quando mostra como outros países lidam com o bem-estar de suas populações de maneira diferente), o roteiro perde as suas forças quando coloca política no meio. Por mais que a política fosse inevitável no documentário, tirou um pouco do encantamento da discussão.

FILME: 7.5

orfanato

O Orfanato, de Juan Antonio Bayona

Com Belén Rueda, Fernando Cayo e Geraldine Chaplin

3

Esperava mais desse suspense espanhol que fez relativo sucesso no circuito de arte  e foi o representante da Espanha para o Oscar do ano passado. Existe muito de Os Outros em sua estrutura – e, por vezes, é parecido até demais – mas é bem mais complexo do que o filme de Alejandro Amenábar. Mas nem por isso melhor. O Orfanato é um filme que mistura drama e suspense com muita habilidade e ainda conta uma excelente interpretação de Belén Rueda. O final, que demora a ser digerido, encerra o longa com estranhamento e questionamentos, mas também com uma linda cena final. Pena que eu não tenha achado, no geral, que a história é necessariamente envolvente ou original.

FILME: 7.5

revroad

Foi Apenas Um Sonho, de Sam Mendes (revisto)

Com Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e Kathy Bates

3

Resolvi dar uma segunda chance para esse longa-metragem, que não me conquistou na primeira vez – e que foi até uma decepção, inclusive. O fato é que o filme, realmente, não é nada demais mesmo. É uma mistura dos filmes de Todd Field, As Horas e Beleza Americana, só que em escala bem menor de qualidade. Aqui só podemos ressaltar a ótima Kate Winslet, Michael Shannon e a excelente produção técnica (os figurinos, a fotografia e a direção de arte são ótimos pontos técnicos). O problema é que o filme nunca empolga e em certos momentos fica até irritante por conta de suas discussões intermináveis e histéricas. Uma pena que o resultado não tenha sido o esperado, já que Foi Apenas Um Sonho tem interessantes reflexões.

FILME: 6.5

leatherheads

O Amor Não Tem Regras, de George Clooney

Com George Clooney, Renée Zellweger e John Krasinski

2

Lançado diretamente em DVD – dá pra entender bem o porquê – O Amor Não Tem Regras é um fracasso. George Clooney, um excelente diretor, realizou aqui um trabalho muito decepcionante. A culpa não é totalmente dele, uma vez que o roteiro também é fraco e com uma história pouco interessante. Por mais que os atores estejam à vontade em cena, não dá pra curtir o longa sem se sentir incomodado com a falta de carisma da produção. Tem boa ambientação e um visual legal, mas isso não é o suficiente para elevar o longa a um patamar significativo, ou sequer salvá-lo do monótono.

FILME: 5.5

Filmes em DVD

bluevelvet

Veludo Azul, de David Lynch

Com Kyle MacLachlan, Isabela Rossellini e Laura Dern

35

Mesmo que pesado, sombrio e difícil, Veludo Azul é um dos filmes mais “acessíveis” da carreira de David Lynch. Contando uma história de investigação, o longa tem uma linguagem estética muito forte, junto com as interpretações intensas em cena. Não é um filme de soluções fáceis e que deixa bem claro em seu conjunto que é dirigido para o público mais culto, disposto a interpretar o cinema de arte. O roteiro perde um pouco as rédeas quando começa  a solucionar seus mistérios, mais especificamente na segunda metade, mas mesmo assim consegue manter o interesse do espectador, justamente por causa da direção de Lynch – indicada ao Oscar.

FILME: 8.0

horsdeprix

Amar… Não Tem Preço, de Pierre Salvadori

Com Audrey Tautou, Gad Elmaleh e Marie-Christine Adam

3

A comédia não é um gênero muito presente ou muito bem sucedido na filmografia francesa. Amar… Não Tem Preço é um bom exemplar de comédia vindo do país, especialmente porque tem uma história divertida e que é encenada com muita naturalidade por seus atores, especialmente por Audrey Tautou – que está linda e radiante em cena. O diretor Pierre Salvadori procura não usar humor grotesco e molda uma simpática história de amor: fácil de acompanhar e com boas cenas durante a projeção. A narrativa pode se desgastar mais para o final e é difícil acreditar em algumas coisas, mas tudo é tão singelo que dá pra perdoar os erros facilmente.

FILME: 7.5

boleyn

A Outra, de Justin Chadwick

Com Natalie Portman, Scarlett Johansson e Eric Bana

3

A Outra tem um aspecto louvável: é um filme histórico que não fica trabalhando apenas aspectos históricos em sua narrativa, o longa prefere dramatizar a relação das irmãs Bolena com o rei da Inglaterra. Mas, depois da metade do filme, essa história começa a ficar saturada e o troca-troca entre as figuras em cena e se torna desinteressante – fazendo até com que as esforçadas Johansson e Portman fiquem chatas com suas personagens. Mas, a película de Justin Chadwick consegue manter o interesse e, ao menos, não é um daqueles intermináveis filmes históricos que são entediantes. Destaque também para a excelente trilha de Paul Cantelon.

FILME: 6.5

babymama

Uma Mãe Para Meu Bebê, de Michael McCullers

Com Tina Fey, Amy Poehler e Greg Kinnear

3

Quem pensa que só porque Tina Fey encabeça o elenco de Uma Mãe Para Meu Bebê o resultado vai ser digno das risadas provocadas por ela em 30 Rock, está enganado. O papel de Tina aqui é só emprestar todo seu charme e naturalidade para a protagonista, já que o filme é bem mediano e pouco original – e ela nem está envolvida no roteiro ou em qualquer outro departamento. Tina, portanto, é a principal razão para se assistir esse filme, que ainda tem uma boa Amy Poehler e participações de Greg Kinnear, Steve Martin e Sigourney Weaver. O resultado é digno de comédias de Sessão da Tarde, mas Tina muda os ares da produção toda vez que aparece em cena.

FILME: 6.5

personaleffects

Por Amor, de David Hollander

Com Ashton Kutcher, Michelle Pfeiffer e Kathy Bates

25

É complicado quando um ator conhecido por fazer comédias e por sua limitação resolve participar de uma história dramática. Ashton Kutcher não dá vexame, mas não tem calibr (ou seria talento?) o suficiente para o seu papel aqui. No seu lado, temos uma ineficiente Michelle Pfeiffer que tenta se esforçar no roteiro que não dá margens para maiores nuances. Por Amor é aquele típico filme sobre pessoas que precisam lidar com alguma perda causada por violência. É preciso um grande esforço para não cair em lugar comum com um material desses. O longa de David Hollander repete tudo o que existe nesse estilo de história e cria um resultado fraco, sem emoção ou inspiração. Não é uma desgraça ou mais defeituoso, mas é inexpressivo.

FILME: 6.0

sweetnovember

Doce Novembro, de Pat O’Connor

Com Keanu Reeves, Charlize Theron e Jason Isaacs

2

Filmes clichês podem funcionar. Lado a Lado, por exemplo. Mas se no filme de Chris Columbus tinhamos uma ótima Susan Sarandon e uma radiante Julia Roberts para salvar o dia, aqui em Doce Novembro não temos nada que compense o roteiro previsível. A história, que no início causa estranheza por causa da personagem sem sentido de Charlize Theron, aos poucos vai se tornando um romance não muito convincente. Para completar, coloque uma storyline de doença terminal e corações partidos e você terá o resultado ruim de Doce Novembro. Theron é boa atriz, mas simplesmente ela não combina com o inexpressivo Keanu Reeves e, no final das contas, isso também prejudica o filme. Ainda que não seja tão terrível como o nojento-de-tão-melodramático Outono em Nova York, o longa de Pat O’Connor soa clichê e vazio demais para o meu gosto.

FILME: 5.0

Filmes em DVD

thelmalouise

Thelma & Louise, de Ridley Scott (revisto)

Com Susan Sarandon, Geena Davis e Brad Pitt

4

É gratificante assistir Thelma & Louise, um filme que é muito bem balanceado. Podemos começar elogiando a ótima direção de Ridley Scott, que utiliza muito bem os dramas das protagonistas, as aventuras vividas por elas e as belas paisagens das estradas percorridas. Temos também duas atrizes excepcionais encabeçando o elenco: Susan Sarandon e Geen Davis – ambas indicadas ao Oscar – estão impecáveis. O roteiro é outro aspecto muito interessante, que nos brinda com um desfecho simplesmente memorável. Thelma & Louise pode até ser um pouco longo e ter alguns personagens que não se encaixam, mas o filme é tão envolvente que quase nem dá pra notar esses problemas.

FILME: 8.5

livesofothers

A Vida dos Outros, de Florian Henckel Von Donnersmarck

Com Ulrich Mühe, Martina Gedeck e Sebastian Koch

35

É algo que acontece com certa frequência: eu achar um filme muito respeitável e de qualidade mas não ser necessariamente envolvido por ele. É o caso de A Vida dos Outros, um dos longas mais densos e de qualidade que já vi da Alemanha. O filme em si já tem toda uma ambientação de seriedade, mas o maior mérito do filme de Florian Henckel Von Donnersmarck é falar sobre um assunto muito corriqueiro sobre a história alemã sem cair nos clichês do gênero. Na realidade, o roteiro aposta em uma história que foca mais nos dramas nos personagens, podendo até ser considerada intimista. Entretanto, como disse, não foi um resultado que me empolgou, talvez pela direção um pouco gélida. A Vida dos Outros fez muito sucesso no circuito de arte e nas premiações. Dá pra entender o porquê.

FILME: 8.0

getsmart

Agente 86, de Peter Segal

Com Steve Carell, Anne Hathaway e Alan Arkin

35

Agente 86 é um excelente exemplo de como se fazer um filme comum mas que também sabe divertir muito, sem ser apelativo ou usar humor grotesco. Peter Segal apostou na simplicidade e no carisma dos personagens para construir o humor de seu longa e o resultado alcançado foi bem satisfatório. Temos aqui a definição de entretenimento, representada de uma forma muito divertida. Agente 86 pode até não ser uma maraviha ou ter genialidades, mas funciona como aventura e comédia na medida exatada. Créditos também devem ser dados aos protagonistas. Steve Carell – no tom perfeito – e Anne Hathaway (linda e iluminada) seguram tranquilamente a história.

FILME: 8.0

goya

Sombras de Goya, de Milos Forman

Com Javier Bardem, Natalie Portman e Stellan Skarsgard

35

Até determinado ponto, Sombras de Goya é um notável filme histórico que discute a corrupção da igreja e os conflitos éticos das classes sociais na época da Revolução Francesa. Depois, cai nas típicas armadilhas de filmes desse gênero – se torna lento e pouco interessante, focando-se demais nos acontecimentos  históricos. Mas isso não chega a estragar o resultado do longa de Milos Forman, que conta com os excelentes Javier Bardem (já demonstrando talento para interpretar figuras do mal antes de Onde Os Fracos Não Têm Vez) e Stellan Skarsgard. Num conjunto geral, Sombras de Goya é interessante e merece ser conferido.

FILME: 8.0

ironweed

Ironweed, de Hector Babenco

Com Jack Nicholson, Meryl Streep e Carroll Baker

3

O conjunto prometia: Jack Nicholson e Meryl Streep – ambos indicados ao Oscar pelos trabalhos aqui – como um casal pobre que vive nas ruas. Sem falar dos problemas de bebida que afetam os dois. Pena que a direção e o roteiro tenham minimizado a história para um monótono relato que só é validado por causa dos dois atores. Mas que, mesmo assim, estão longe de estarem marcantes. O filme nunca chega a proporcionar maiores momentos e, no final das contas, Ironweed acaba ficando muito longe daquilo que prometia. Quem sabe um diretor mais competente não tivesse feito muito mais que o mediano resultado de Hector Babenco?

FILME: 6.5

hereyes

Sem Medo de Morrer, de Vadim Perelman

Com Uma Thurman, Evan Rachel Wood e Brett Cullen

25

O talento de Vadim Perelman como diretor é inquestionável: ele sabe utilizar ótimos enquadramentos, conduzir a estética visual e auditiva de forma instigante e criar um clima muito interessante. Mas não adianta ter uma notável direção se o roteiro não ajuda. Perelman teve a sorte de ter um grande texto em mãos no longa Casa de Areia e Névoa, mas em Sem Medo de Morrer ele deu azar. O filme quase não tem história, resolve dar uma de David Lynch e fica dando voltas em torno de um acontecimento envolvendo a protagonista durante todo o tempo. O que acaba levando o roteiro para um vai-e-vem no tempo que fica desinteressante. Se não fosse por Perelman e as talentosas Thurman e Rachel Wood, seria completamente descartável.

FILME: 6.0