Filmes em DVD

O Homem Que Sabia Demais, de Alfred Hitchcock
Com James Stewart, Doris Day e Bernard Miles

Nunca pesquisei com muitos detalhes a filmografia de Alfred Hitchcock e a última vez que havia entrado em contato com os filmes do diretor foi há muito tempo atrás, com Psicose e Os Pássaros. Nessa minha retomada, comecei com o pé direito. O Homem Que Sabia Demais é um exemplo de simplicidade e suspense. A história não tem grande originalidade ou desdobramentos excepcionais, mas mesmo assim envolve de forma certeira. Nem dá para sentir as duas horas de duração, já que tudo passa com certa rapidez. Menções honrosas também merecem James Stewart e Doris Day, super competentes em seus papéis.
FILME: 8.5

A Rainha, de Stephen Frears (revisto)
Com Helen Mirren, Michael Sheen e James Cromwell

Da safra do Oscar daquele ano, A Rainha era o filme mais elegante de todos. Inclusive, também o categorizo como um dos mais subestimados. O longa-metragem de Stephen Frears é muito mais do que a ótima interpretação de Helen Mirren. Além da espetacular trilha de Alexandre Deslat (que é um elemento técnico muito marcante para a história), a direção de arte é perfeita e tanto os figurinos quanto a fotografia possuem momentos de destaque. No entanto, o que mais chama atenção em A Rainha é a forma como a história foi contada sem maniqueísmos ou apelações. Tudo na medida e com qualidade – características muito comuns do cinema britânico.
FILME: 8.5

Amor Sem Escalas, de Jason Reitman (revisto)
Com George Clooney, Vera Farmiga e Anna Kendrick

Minha visão de Amor Sem Escalas continua a mesma em DVD. Gosto muito da melancolia que existe em determinadas partes, das interpretações e dos diálogos inteligentes e reflexivos. Ainda que não seja uma produção que tenha me conquistado por inteiro, adquiriu a minha admiração. Jason Reitman merece aplausos por seu notável amadurecimento atrás das câmeras desde o apenas simpático Juno. Ele também tem méritos em Amor Sem Escalas. No entanto, o destaque é a forma verdadeira como tudo acontece. Presente de um ótimo elenco e de um texto muito especial, que não merecia ter perdido o Oscar para Preciosa – Uma História de Esperança.

The Rocky Horror Picture Show, de Jim Sharman
Com Susan Sarandon, Tim Curry e Barry Bostwick

De todos os musicais que já tive a oportunidade de assistir na minha vida de cinéfilo, esse é o mais inusitado e insano de todos. É exatamente por causa disso que The Rocky Horror Picture Show funciona tão bem. Fica claro que o filme não é para ser levado a sério. Quem conseguir entrar nesse clima e se divertir com a essência trash da história vai encontrar um ótimo entretenimento. Claro que o filme tem seus problemas (especialmente no que se refere a roteiro, ou melhor, na quase ausência do mesmo), mas nada que apague o clima de diversão proporcionado por ele. Destaque para uma Susan Sarandon bem novinha e para as boas canções.
FILME: 8.0

O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson
Com as vozes de George Clooney, Meryl Streep e Bill Murray

Se por um lado não dá para desmerecer o domínio da Pixar nas premiações, por outro dá para lamentar o fato de outras boas animações não terem espaço por causa da produtora. Se Up – Altas Aventuras não tivesse na disputa, certamente, O Fantástico Sr. Raposo seria o grande vencedor. Ainda prefiro a aventura de Carl na casa cheia de balões, mas também fui conquistado de surpresa por essa adorável animação que conta com uma das melhores dublagens do gênero nos últimos tempos. O Fantástico Sr. Raposo tem um charme perfeito, conquistando qualquer bom apreciador de desenhos animados. A animação não chega a ser espetacular, mas é certo que é uma das mais originais e divertidas das últimas que apareceram.
FILME: 8.0

Maus Hábitos, de Pedro Almodóvar
Com Julieta Serrano, Marisa Paredes e Cecilia Roth

Maus Hábitos foi um dos primeiros filmes em que Almodóvar começou a apresentar as suas características tão conhecidas. Existe muita crítica e ironia no roteiro. Ao narrar o cotidiano de um convento cheio de freiras viciadas em heroínas e todas com um quê de corrupção, Almodóvar não só trouxe uma abordagem diferente nesse tipo de história como também conseguiu construir dramas simples e complexos. É fácil perceber que, em Maus Hábitos, o diretor ainda estava em fase de crescimento. Contudo, também nota-se que, desde já, ele sabia muito bem o que estava fazendo.
FILME: 8.0
Filmes em DVD

Vitória Amarga, de Edmund Goulding
Com Bette Davis, Humphrey Bogart e Geraldine Fitzgerald

Não foi só a maravilhosa interpretação de Bette Davis que teve reconhecimento em Vitória Amarga. O filme teve boa repercussão, sendo a maior bilheteria de Davis até então e também recebendo uma indicação ao Oscar na categoria principal e no segmento de trilha sonora. Não venceu nada, já que concorria contra o grandioso e inesquecível …E o Vento Levou. Mas, isso não diminui a ótima qualidade alcançada por Vitória Amarga. A história é bem simples: uma rica mulher (Davis, em sua primeira indicação ao prêmio da Academia depois de duas vitórias na cerimônia) descobre que tem poucos meses de vida em função de um problema no cérebro. O filme fala exclusivamente sobre isso, sem se aventurar por outros caminhos. O resultado, além de muito satisfatório, conquista não só por narrar com qualidade a simples história, mas também por fugir de caminhos óbvios de filmes desse estilo. Vitória Amarga em nenhum momento é melodramático ou sequer mais triste. Encontra um balanceamento perfeito nas emoções.
FILME: 8.5


Chéri, de Stephen Frears
Com Michelle Pfeiffer, Rupert Friend e Kathy Bates

Esse era um dos longas mais cotados para a temporada de premiações. E, assim como tantos outros casos, não teve repercussão alguma. Aqui no Brasil passou despercebido nos cinemas e agora chega discretamente em dvd. Realmente o filme não é nada demais, passando aquela sensação de neutralidade – onde praticamente nada chega a chamar muita atenção. Era de se esperar mais de um diretor tão talentoso como Stepehn Frears (que já realizou um marcante filme de época, Ligações Perigosas). O resultado é satisfatório e a produção tem seus aspectos interessantes, como a ótima trilha sonora de Alexandre Desplat (de novo!). Michelle Pfeiffer e Rupert Friend funcionam, mas o roteiro parece não trabalhar direito o romance dos dois. Chéri, também, era considerado o grande retorno de Pfeiffer. Pode até não ter sido, mas ao menos trouxe o melhor papel da atriz em anos de irregularidade.
FILME: 7.5

Nell, de Michael Apted
Com Jodie Foster, Liam Neeson e Natasha Richardson

Nell rendeu para Jodie Foster uma quarta indicação ao Oscar. Dos trabalhos que a atriz já realizou, esse é um dos mais diferentes: aqui ela interpreta uma mulher selvagem, que nunca teve contato com a civilização e nem fala uma língua conhecida. É missão, então, do personagem de Liam Neeson (em um bom momento, assim como Foster) de ajudar essa mulher que está sozinha no mundo agora que perdeu a mãe. Nell tem uma temática interessante, mas um desenvolvimento bem simples. Não é um filme de grandes momentos e muito menos de características especiais. Mas, só pelo bom trabalho de elenco, já vale uma conferida.
FILME: 7.5

O Destino Mudou Sua Vida, de Michael Apted
Com Sissy Spacek, Tommy Lee Jones e Beveryl D’Angelo

Foi por esse filme que a ótima Sissy Spacek venceu o Oscar de melhor atriz. Não quero desmerecer o prêmio, mas, das indicações que vi da atriz, essa foi a menos inspirada. Spacek estava bem mais interessante em outros longas como Carrie – A Estranha e Entre Quatro Paredes. Apesar disso, ela faz um bom trabalho em O Destino Mudou Sua Vida, mas é mais um daqueles papéis biográficos musicais que já tanto vimos por aí. O filme em si já não é grande coisa: demasiado longo e sem nenhuma ousadia. Spacek, portanto, é o que existe de melhor na história – mas nem isso quer dizer que seja algo necessariamente marcante. É uma produção mediana e com uma interpretação que apenas faz o que é necessário para um gênero desses. Ou seja, formulaico em praticamente tudo. E por isso mesmo foi reconhecido pelo Oscar, que o indicou, inclusive, na categoria principal.
FILME: 6.5

Coisas de Meninos e Meninas, de Nick Hurran
Com Kevin Zegers, Samaire Armstrong e Sherry Miller

O jovem Kevin Zegers estava ótimo como o filho de Felicity Huffman em Transamérica. Também tinha boa presença em O Clube de Leitura de Jane Austen. Zegers, que, ao meu ver, só realizava bons projetos, cometeu esse enorme tropeço chamado Coisas de Meninos e Meninas. Não é de se surpreender que todo e qualquer astro teen venha a realizar um desses romancezinhos colegiais que beiram a imbecilidade. No entanto, esse filme de Nick Hurran quase chega no desastre completo. Se a coitada da Samaire Amstrong (que participou do seriado The O.C.) sofre com cenas de pura vergonha alheia, Zegers ainda tenta fazer alguma graça com um jeito afeminado – afinal, é uma história de troca de corpos. Em vão. Os dois não conseguem trazer nada de muito útil para uma história pobre, clichê e mal realizada.
FILME: 4.5

9 Canções, de Michael Winterbottom
Com Kieran O’Brien e Margo Stilley

Fazia um bom tempo que eu não me indignava tanto com um roteiro gratuito. 9 Canções não tem história e é uma sucessão de cenas de sexo (explícito, diga-se de passagem) com outras de música (e nisso, inclui-se até uma participação de Franz Ferdinand cantando Jaqueline). Ao meu ver, tudo sem propósito e filmado sem beleza alguma. São 80 minutos de vazio e muito sexo. Se Michael Winterbottom sempre me pareceu um diretor bem questionável, agora ele confirma essa minha sensação com 9 Canções.
FILME: 2.0
Filmes em DVD

Perigosa, de Alfred E. Green
Com Bette Davis, Franchot Tone e Margaret Lindsay

Outra grande interpretação de Bette Davis – que recebeu, merecidamente, seu primeiro Oscar de melhor atriz com esse filme. Perigosa é enxuto e objetivo (não chega a ter nem 80 minutos de duração) e narra, com muita habilidade, a vida de uma estrela decadente e alcóolatra que encontra em uma nova paixão a possibilidade de se reerguer. Os diálogos são ótimos e tanto Davis quanto o seu par Franchot Tone colocam muita verossimilhança em cada palavra. Perigosa não chega a ser um daqueles clássicos estupendos que encantam em todos os aspectos – mas só pela maravilhosa interpretação de Davis e pelo excelente roteiro já temos um longa-metragem digno de maiores elogios.
FILME: 8.5

À Deriva, de Heitor Dhalia
Com Débora Bloch, Vincent Cassel e Laura Neiva

Logo o filme já começa e já dá para perceber que À Deriva não é um produto qualquer. Só a linda trilha sonora e a fotografia diferente já nos trazem a sensação de que o novo longa-metragem de Heitor Dhalia se difere de tantos dramas corriqueiros no cinema brasileiro. E, na medida em que o roteiro se desenvolve, mais temos essa certeza. Não só tem claras referências derivadas de Desejo e Reparação – notem como a personagem de Laura Neiva lembra muito a Briony Tallis de Saoirse Ronan: ela é jovem, muito madura para a sua idade e, de um jeito ou de outro, passa a interagir com o mundo adulto em sua volta (assim, criando sua própria visão dos fatos). À Deriva narra um verão de uma família que está sucumbindo devido a dificuldades emocionais. Não sei se Heitor Dhalia alcançou um resultado excepcional, mas conseguiu, com muita facilidade, realizar o melhor filme nacional desde Jogo de Cena.
FILME: 8.5

A Vida de David Gale, de Alan Parker (revisto)
Com Kevin Spacey, Kate Winslet e Laura Linney

Tinha assistido esse filme muitos anos atrás e lembro de ter ficado extremamente surpreendido com o resultado. Numa revisão, não me pareceu tão maravilhoso quanto eu lembrava e algumas falhas e clichês ficaram mais evidentes. Mas, ainda assim, permanece como um filme exemplar. Começamos pelo ótimo elenco: o trio Spacey-Winslet-Linney está ótimo, todos honrando os seus respectivos nomes. Além deles, o roteiro é muito bem amarrado e tem cenas bem intensas – principalmente aquelas que envolvem o desfecho da personagem de Linney. A Vida de David Gale tem duas horas de duração e se sustenta muito bem até o final (tanto, que até a última tomada traz uma última revelação). É um suspense que não está livre de aspectos desnecessários, mas que tem um balanço final extremamente positivo.
FILME: 8.5

A Última Noite, de Robert Altman (revisto)
Com Meryl Streep, Kevin Kline e Lily Tomlin

Esse foi o último filme de Robert Altman e poucas pessoas deram importância. E, a grande maioria que viu, só se preocupou em dizer que o filme não estava à altura do diretor. A Última Noite, na minha opinião, serviu perfeitamente como um filme de despedida para o diretor. O enredo não poderia ser mais saudosista e o elenco entendeu completamente isso – todos os atores parecem extremamente sinceros e envolvidos por essa premissa. Quem pretende assistir, já tem que saber previamente que o filme quase não tem história e que narra, exclusivamente, o último dia de um programa de rádio. Por isso, A Última Noite é repleto de números musicais. Quem aprecia filmes assim, vai aprovar o resultado. Quem não se sente atraído, não deve tentar. Mas não custa dar uma chance, nem que seja para ver os atores em ótimos momentos (e dá para incluir até mesmo Lindsay Lohan) – em especial Meryl Streep e Lily Tomlin, iluminadas em uma excelente parceria.
FILME: 8.0

Se Beber, Não Case!, de Todd Phillips
Com Bradley Cooper, Ed Helms e Zach Galifianakis

De tanto que culturam esse filme, fui me afastando dele. Conferi por acaso e, realmente, não é essa preciosidade que tanto apontaram. Mas a verdade é que não dá para ignorar o guilty pleasure que esse sucesso é. Não existe nada de novo – é apenas uma reciclagem de vários fatores que tanto deram certo nesse tipo de história – e o filme não faz questão de esconder isso. Se Beber, Não Case!, no entanto, alcança ótimo resultado dentro de suas próprias limitações. O filme assumiu a sua identidade pastelão e abraçou a fórmula. Com isso, obtivemos um resultado bem divertido e satisfatório. Não é um filme que vá mudar a vida de alguém e muito menos merecer um Globo de Ouro, mas diverte bem mais que tantas comédias bestas que entram em cartaz.
FILME: 8.0

Os Fantasmas de Scrooge, de Robert Zemeckis
Com as vozes de Jim Carrey, Colin Firth e Gary Oldman

Não sei o que o diretor Robert Zemeckis viu nessa tecnologia que ele aplica desde que realizou O Expresso Polar. Parece que ele se deslumbrou demais com esse tipo de animação e nunca mais entregou um projeto à altura de seu nome. Mas se O Expresso Polar e A Lenda de Bewoulf até tinham seus atrativos, esse Os Fantasmas de Scrooge já parte para o aborrecido. Primeiro, esses contos de Natal já encheram o saco. É sempre a mesma ladainha: sempre tem algum rabugento que odeia a data mas que, no final das contas, vai aprender a amar o dia do Papai Noel da maneira mais enfadonha possível. O problema, contudo, é que Os Fantasmas de Scrooge não serve para as crianças. É dark, barulhento e arrastado demais – ou seja, a criança que não começar a chorar de susto vai começar a ficar impaciente. Mas também afasta os adultos, que não vão se envolver com uma história tão batida e rasa. Fica o recado para o senhor Zemeckis: hora de partir para outra.
FILME: 6.0
Filmes em DVD

O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, de Robert Aldrich (revisto)
Com Bette Davis, Joan Crawford e Victor Buono

De todos os personagens maquiavélicos que a grande Bette Davis interpretou no cinema, o desse filme deve ser o mais marcante. Davis alcança mais um resultado maravilhoso como a cruel Baby Jane do título. É aquele tipo de personagem que, de tão bem interpretado, cativa o espectador. Mesmo que Baby Jane faça inúmeras maldades, é por ela que torcemos e não pela pobre Blanche – Joan Crawford, que faz o que está ao seu alcance com o papel ingrato e sem brilho. O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, na realidade, nem chega a ser um grande filme, mas tem uma interpretação tão poderosa de Davis, que podemos defini-lo dessa maneira. Sem falar, claro, que tem duas cenas memoráveis: a que Davis canta I’ve Written a Letter to Daddy e também aquela em que serve um rato morto de almoço para sua irmã.
FILME: 8.5

Kramer vs. Kramer, de Robert Benton (revisto)
Com Dustin Hoffman, Meryl Streep e Jane Alexander

Não sei se Kramer vs. Kramer chega a ser um grande filme, mas os atores, facilmente, deixam um pouco dessa sensação. Dustin Hoffman e Meryl Streep – ambos excepcionais e vencedores do Oscar por esse filme – são a grande força da história. Sem falar, claro, do garotinho que faz o filho deles. Kramer vs. Kramer é uma película sobre a importância de cuidar de um filho, sobre companheirismo e, acima de tudo, sobre amor (a última cena de Streep, contundente em suas emoções, é um exemplo disso). Aí que reside a força do texto.
FILME: 8.0

Adam, de Max Mayer
Com Hugh Dancy, Rose Byrne e Amy Irving

Histórias românticas de pessoas muito distintas são sempre interessantes de se ver. Adam, um adorável filme independente, trata sobre isso. Rose Byrne faz o papel de uma mulher comum que, aos poucos, se vê apaixonada pelo vizinho que tem síndrome de Asperger. O jovem tem problemas em se socializar, mas conquista a garota de imediato. O filme, então, vai narrar os sinceros momentos entre os dois – desde o momento que se apaixonam até os difíceis momentos dessa relação. Adam pode parecer simplista, mas é conduzido por uma ótima interpretação de Hugh Dancy e por uma Rose Byrne mais eficiente do que o normal.
FILME: 8.0

Por Uma Vida Melhor, de Sam Mendes
Com John Krasinski, Maya Rudolph e Maggie Gyllenhaal

Não sei se Sam Mendes continua sendo aquele grande diretor de Beleza Americana e Estrada Para Perdição, mas nos últimos tempos ele tem se mostrado um pouco aquém das expectativas. Foi assim com o mediano Foi Apenas Um Sonho e agora com esse apenas simpático Por Uma Vida Melhor. No entanto, esse último tem uma sinceridade maior que a do filme estrelado pelo casal de Titanic. Isso se deve ao fato de que alma independente da história torna tudo mais verdadeiro. É um road movie regular, com todas aquelas estruturas que estamos acostumados a ver nesse gênero, mas que consegue um resultado positivo – ainda que pouco pelo talento de Mendes. Destaque para a divertida participação de Maggie Gyllenhaal.
FILME: 7.0

Salve Geral, de Sérgio Rezende
Com Andrea Beltrão, Eucir de Souza e Kiko Mascarenhas

Não sei o que passa na cabeça de alguém para realizar um filme desses. Salve Geral é um longa que nos deixa com vergonha da nossa nacionalidade. Principalmente, quando nos lembramos que foi esse vergonho filme que o nosso país mandou para o Oscar. Nem mesmo a sempre ótima Andrea Beltrão consegue sequer disfarçar a vergonha que é a direção e o roteiro. Tudo é um exagero só – a trilha sonora, então, nem se fala – numa trama absurdamente mal conduzida. Se não fosse a protagonista, teríamos aqui um longa terrível por completo e que não se salvaria em nenhum aspecto.
FILME: 3.0
Lunar
We’re not programs, Gerty. We’re people.

Direção: Duncan Jones
Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey (voz), Dominique McElligott, Rosie Shaw, Adrienne Shaw, Matt Berry, Malcolm Stewart
Moon, Inglaterra, 2009, Drama/Ficção, 97 minutos
Sinopse: Sam Bell (Sam Rockwell) é um astronauta que cumpre uma missão de três anos na Lua, em uma base instalada pela Lunar Industries. Sua função é extrair do solo e enviar regularmente à Terra uma substância que ajuda a renovar a energia do planeta. Sam tem apenas a companhia do computador GERTY (Kevin Spacey) e está ansioso para completar o trabalho, o que ocorrerá dentro de duas semanas, quando um novo funcionário virá substituí-lo. Só que, repentinamente, Sam começa a delirar e sofre um acidente. A partir de então ele encontra um clone seu dentro da estação lunar.

Admiro demais atores que conseguem, com muito êxito, sustentar sozinhos uma peça de teatro ou um filme inteiro. Se eu me encantei com a vitalidade cômica de Juca de Oliveira num monólogo de 90 minutos na peça de teatro Happy Hour ou com total a entrega física de Tom Hanks ao seu solitário personagem de Náufrago, não era novidade alguma que eu iria admirar o empenho de Sam Rockwell nesse Lunar.
Chegando discretamente em dvd, essa indepedente ficção científica não fez sucesso no circuito comercial, mas acumula reconhecimento de quem o assiste. Indicado ao BAFTA de melhor filme britânico, Lunar é um dos longas mais intrigantes que tive a oportunidade de ver nos últimos tempos. Diferente em sua proposta – principalmente no que se refere ao estilo adotado pelas ficções contemporâneas – o filme tem inúmeros méritos.
Podemos citar o roteiro e a direção, que estão em plena sintonia. Esses dois fatores contribuem demais para o excelente funcionamento de Lunar. Com muita frequência é possível ficar tenso e, de uma hora para a outra, emocionado e intrigado. Isso poderia incomodar. Não é o caso. Uma montanha-russa de emoções é construída e isso tem o poder de deixar o espectador ainda mais ansioso pelo que está por vir.
A arrebatadora trilha sonora de Clint Mansell, a fotografia e a direção de arte são outros dos inúmeros acertos que formam a atmosfera magnética do filme – bem como o extraordinário desempenho de Sam Rockwell, sozinho e segurando com muita competência a história. Lunar, no final das contas, é um filme muito instigante.
Mas não dá para se dizer que chega a ser exepcional ou sequer recomendável. Explico. Não é um filme para todos. Existe muito apelo psicológico ali e os acontecimentos são lentos, mastigados com muita calma. É preciso estar de cabeça aberta para assistir Lunar, um filme que prima por ser diferente em todos os aspectos – e isso pode ser ruim ou bom. Depende do seu ponto de vista.
FILME: 8.5
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