
Olivia Colman foi a melhor atriz por A Favorita.
Ainda que seu eleitorado não seja necessariamente semelhante ao do Oscar, o BAFTA exerceu, na noite deste domingo (10), um papel muito interessante em termos de clarear os rumos para o prêmio concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Por também consagrar filmes de língua inglesa e por estar na ativa desde os anos 1940 (o que lhe dá grandes credenciais com a indústria, que sempre voa até o Reino Unido para prestigiar a cerimônia), o BAFTA pode, ao menos, ser observado como o reflexo do pensamento de um grupo específico que, de certa maneira, está alinhado aqui ou ali com outras premiações em casos mais abertos e pontuais. Especialmente na corrida deste ano, que, até então, parecia não ter favoritos (muito em função da baixa média de qualidades dos concorrentes), os britânicos parecem assinalar caminhos muito óbvios.
Tal constatação é possível porque Roma faturou a categoria principal mesmo com A Favorita levando sete troféus para casa, alguns deles estratégicos (roteiro original e filme britânico, por exemplo). A vitória surpreende porque o BAFTA é uma premiação conhecida por seu bairrismo, ainda mais em anos onde filmes britânicos como A Favorita ganham grande repercussão no circuito mundial. Por outro lado, não devemos pensar que o Oscar de melhor atriz para Glenn Close está perdido com a consagração de Olivia Colman, que de fato brilha em A Favorita, mas que foi favorecida pela histórica falta de entusiasmo do BAFTA com Glenn (antes de A Esposa ela só havia concorrido nos 1980 com Ligações Perigosas, sem ter vencido) e pelo fato ser uma grande queridinha entre os votantes (esta é quarta estatueta da atriz, considerando as vitórias por TV). De resto, nas categorias principais, saem consolidados da cerimônia o mexicano Alfonso Cuarón também na categoria de melhor direção e a dupla Rami Malek (Bohemian Rhapsody) e Mahershala Ali (Green Book: O Guia), aparentemente imbatíveis entre as interpretações masculinas.
Confira abaixo a lista completa de vencedores do BAFTA 2019
MELHOR FILME: Roma
MELHOR DIREÇÃO: Alfonso Cuarón (Roma)
MELHOR ATRIZ: Olivia Colman (A Favorita)
MELHOR ATOR: Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Rachel Weisz (A Favorita)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: A Favorita
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Infiltrado na Klan
MELHOR FOTOGRAFIA: Roma
MELHOR FIGURINO: A Favorita
MELHOR MONTAGEM: Vice
MELHOR FILME BRITÂNICO: A Favorita
MELHOR ANIMAÇÃO: Homem-Aranha no Aranhaverso
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Free Solo
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Roma
MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADOS: A Favorita
MELHOR TRILHA SONORA: Nasce Uma Estrela
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO: A Favorita
MELHOR SOM: Bohemian Rhapsody
MELHORES EFEITOS VISUAIS: Pantera Negra
MELHOR CURTA-METRAGEM BRITÂNICO: 73 Cows
MELHOR CURTA-METRAGEM BRITÂNICO (ANIMAÇÃO): Roughhouse
EE RISING STAR AWARD: Letitia Wright
O BAFTA tem esse histórico de ser um prêmio bem bairrista. Imaginava que “A Favorita” fosse prevalecer aqui. Prêmios merecidos!
Fiquei triste somente com a vitória de Rami Malek (Não consigo me conformar! Se ele vencer o Oscar, será uma das piores vitórias de todos os tempos) e surpresa com o triunfo de “Roma” na categoria principal. Isso dará um fôlego a mais para o filme de Cuarón neste final de corrida pelo Oscar.
Kamila, é cada vez mais cansativo acompanhar essas premiações que veneram qualquer tipo de imitação em cinebiografias. Não me conformo que teremos mais um ano assim! Eu até acho o Rami Malek bacana em “Bohemian Rhapsody”, mas ganhar prêmios??? Menos!
No mais, ainda desconfio desse favoritismo de “Roma”. Nos últimos anos, o Oscar nunca cedeu ao clamor dos outros prêmios: “Boyhood”, “O Regresso”, “La La Land” e “Três Anúncios Para Um Crime” foram alguns dos títulos que eram considerados favoritíssimos e acabaram sendo barrados de última hora pelo Oscar. Por outro lado, mesmo com “A Favorita” acumulando dez indicações, não vejo um adversário à altura para o filme do Cuarón!